O manejo e controle de lagartas em culturas agrícolas é fundamental para evitar perdas produtivas em função da incidência dessas pragas. Com o aumento da frequência de indivíduos resistentes, nem mesmo biotecnologias como o Bt têm apresentado boa eficácia no controle de algumas espécies de lagarta.

Considerando que o Bt assume um papel crucial no manejo de lagartas em culturas como soja, milho e algodão, adotar estratégias que permitam reduzir a pressão de seleção de indivíduos resistentes é de suma importância para a manutenção da funcionalidade da biotecnologia.

Conforme destacado por Bernardi et al. (2016), existem basicamente duas principais estratégias de manejo da resistência de insetos a tecnologia Bt, sendo elas, a estratégia de alta dose e refúgio, e a estratégia da pirâmide de genes. Infelizmente, no Brasil, a utilização de pirâmide de genes tem sido pouco efetiva em evitar ou retardar a evolução da resistência, especialmente para S. frugiperda (Bernardi et al., 2016).

Sendo assim, adotar áreas de refúgio tem sido de suma importância para a manutenção da funcionalidade da tecnologia Bt. As áreas de refúgio, consistem em áreas cultivadas sem a tecnologia Bt, que permitem a multiplicação de pragas entre áreas (Bt e não Bt), resultando em indivíduos suscetíveis a tecnológica e facilmente controlados por ela.

Figura 1. Representação esquemática da estratégia de alta dose e refúgio.
Fonte: Bernardi et al. (2016)

No entanto, para uma efetiva participação no manejo da resistência de pragas a tecnologia Bt, as áreas de refúgio devem seguir algumas orientações, a respeito da área cultivada, orientação, posicionamento de cultivares e manejo de pragas.

Recomendações

Conforme orientações do Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC-BR), para a semeadura e manejo da área de refúgio deve-se respeitar as recomendações:

  • O tamanho da área refúgio depende do total cultivado com a cultura Bt, sendo indicado, a adoção de 20% da área de refúgio para a cultura do algodão ou soja e 10% para o milho;
  • As áreas de refúgio devem ser semeadas com híbridos ou variedades não Bt;
  • O ciclo da variedade ou híbrido semeado na área refúgio deve ser similar ou mais próximo possível a cultura Bt, e deve ser semeado ao mesmo tempo das áreas Bt;
  • O refúgio deve ser formado por um bloco de plantas não Bt, que se encontra a menos de 800 metros da área de cultivo Bt, sendo 800 metros a distância máxima entre qualquer planta Bt e uma planta da área de refúgio (figura 2);

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Figura 2. Configuração em Bloco – Distância máxima da área de refúgio e da lavoura com plantas Bt.
Foto: Forseed.
  • Para aumentar a eficácia do refúgio, pode-se cultivar faixas de refúgio dentro do campo com cultivo Bt;
  • O refúgio deve ser cultivado na mesma propriedade da cultura Bt e ser manejado pelo mesmo agricultor, garantindo a produção de indivíduos suscetíveis;
  • Não se deve misturar sementes Bt e não Bt;
  • Para a pulverização foliar do refúgio, deve-se seguir as orientações dos fornecedores das sementes com relação aos limites de pulverização, considerando que: Em milho, não exceder 2 pulverizações com inseticidas as quais devem ocorrer até V6; e em algodão e soja, seguir as recomendações de nível de ação para o controle das pragas (IRAC-BR, 2018).
Figura 3. Opções de configurações de áreas de refúgio.
Fonte: Bernardi et al. (2016)

Vale destacar que, para um manejo eficiente da resistência de pragas à tecnologia Bt, todo o programa de manejo deve ser inicialização preferencialmente de forma preventiva a ocorrência de organismos resistências, especialmente a adoção de áreas de refúgio.


Veja mais: Culturas Bt e as principais pragas controladas



Referências:

BERNARDI, O. et al. MANEJO DA RESISTÊNCIA DE INSETOS A PLANTAS Bt. PROMIP: Manejo Integrado de Pragas, 2016. Disponível em: < http://www.aenda.org.br/wp-content/uploads/2020/04/anexo-cir1274-manual_promip_manejo-da-resistencia-de-insetos-a-plantas.pdf >, acesso em: 07/05/2024.

COMITÊ DE AÇÃO À RESISTÊNCIA A INSETICIDAS: BRASIL. MANEJO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS E PLANTAS Bt. IRAC-BR, 2018. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/2bed6c_029627fdae5a499ca06c3eb4cb2fba0a.pdf?index=true >, acesso em: 07/05/2024.

FORSEED. ÁREAS DE REFÚGIO. Disponível em: < https://www.forseedsementes.com.br/boas-praticas-agronomicas/areas-de-refugio/ >, acesso em: 07/05/2024.

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