A planta do arroz tem grande capacidade de adaptação morfológica e fisiológica de acordo com as mudanças no ambiente. A capacidade de adaptação a diferentes ambientes é chamada de plasticidade.
A produtividade de grãos é construída através os principais componentes da produtividade (ou componentes rendimento) de uma cultura de arroz, enfatizando a importância de cada um deles para determinar o potencial produtivo, além de indicar valores ótimos para cada componente de produtividade.
Para definir valores ótimos, os componentes de produtividade foram obtidos em experimentos na Argentina, Brasil e Uruguai, obtidos com mais de 10 anos de investigação.
Os componentes de produtividade são: número de panículas por área, número de espiguetas por panícula, número de grãos por panícula e peso do grão (expresso em peso de mil grãos). O número de panículas por área (panículas m-2) é o primeiro e componente mais importante da produtividade do arroz. Dele A construção começa imediatamente com a escolha da semente e sua definição ocorre ao longo do ciclo vegetativo e reprodutivo, de S0 a R4.
Assim, o uso de sementes certificadas, com germinação e vigor adequados, isento de sementes de ervas daninhas (como arroz com ervas daninhas ou arroz vermelho) e o tratamento de sementes contra insetos e doenças são práticas que maximizar a expressão deste componente.
Usando a metodologia da função limite e dados de mais de 850 lavouras de arroz comerciais no Rio Grande do Sul, a densidade ótima de semeadura é de 93 kg de sementes ha-1 (Figura 1A) e a densidade ideal de plantas em emergência (planta) é de 197 plantas m-2 (Figura 1B). Durante o ciclo de desenvolvimento, espera-se que cada planta de arroz gere 2 ou 3 perfilhos produtivos para atingir a densidade ideal de 550 panículas m-2 (Figura 2).
Figura 1. Relação entre rendimento de grãos (Mg ha-1) de arroz irrigado e A) densidade de semeadura e B) densidade de plantas emergidas. A linha preta indica a função limite. A linha vermelha pontilhada vertical em cada painel representa o número de plantas emergidas m-2 que maximiza o rendimento de grãos.

Figura 2. Relação entre rendimento de grãos (Mg ha-1) de arroz irrigado e densidade de panículas por m-2. A linha preta indica a função limite. A linha vermelha pontilhada vertical representa o número de panículas por m-2 que maximiza o rendimento de grãos.

A definição do número de grãos por panícula ocorre durante a fase reprodutiva do arroz (R0 a R4). O número de grãos por panícula depende, sobretudo, das condições climáticas, principalmente radiação solar e temperatura, que se forem extremos durante a microsporogênese, podem aumentar a esterilidade das espiguetas e reduzir o potencial de produção.
Em estudo com 238 lavouras de arroz no Rio Grande do Sul e Uruguai, foi encontrada a variação de 40 a 180 grãos por panícula, o número ideal para alcançar altos rendimentos de 100 grãos por panícula (Figura 3).
Figura 3. Relação entre rendimento de grãos (Mg ha-1) de arroz irrigado e número de grãos por panícula por m-2. A linha preta indica a função limite. A linha vermelha pontilhada vertical representa o número de grãos por panículas que maximiza o rendimento de grãos.

Após a floração, o número de grãos é definido por panícula (R4 a R6) e massa de grãos (de R4 a R8). Neste período, os fotoassimilados do caule e a fotossíntese são redirecionar para preencher as espiguetas. Assim, a disponibilidade de radiação solar durante este período está diretamente relacionada com o maior número de espiguetas completas (grãos) (Figura 4).
A temperatura determina a taxa de enchimento dos grãos, na qual as altas temperaturas aceleram o metabolismo da planta, a taxa de translocação de fotoassimilados e enchimento de grãos.
O impacto da taxa de enchimento de grãos na produtividade não é direto, porém a qualidade dos grãos pode ser percebida alterado pela má estrutura do amido no grão, aumentando a porcentagem de grãos quebrados e gessados (Ishimaru et al., 2009). Por outro lado, temperaturas amenas durante o enchimento dos grãos, eles reduzem a taxa de translocação do fotoassimilado e aumentar o número de dias necessários para maturação de grãos (Kobata & Uemuki, 2004; Yoshida, 1981).
Em estudo com 185 lavouras de arroz no Rio Grande do Sul e Uruguai, constatou-se que o peso ideal de 1000 grãos para atingir alto rendimento é de 24 gramas por 1000 grãos (Figura 5).
Figura 4. Número de grãos por panícula durante enchimento de grãos em baixos níveis de radiação solar incidente de 100%, 76%, 64% e 57% e a relação com rendimento de grãos em arroz irrigado. As colunas indicam o número total de grãos por panícula (preenchidas em preto para grãos cheios e sem preenchimento para grãos vazios) e estão relacionadas ao eixo Y esquerdo. A linha vermelha indica o rendimento de grãos e está relacionada ao eixo Y direito. A linha pontilhada indica a regressão linear entre o rendimento de grãos e os níveis de radiação solar, que diminui com menor incidência de radiação solar durante o enchimento dos grãos.

Figura 5. Relação entre rendimento de grãos (Mg ha-1) de arroz irrigado e peso de 1000 grãos. A linha preta indica a função limite. A linha vermelha pontilhada vertical representa o peso de 1000 grãos que maximiza o rendimento de grãos.

Maximizar o rendimento do arroz irrigado requer uma abordagem integrada que otimize cada um desses componentes, garantindo condições ideais de crescimento e manejo agrícola eficiente. Ao priorizar a nutrição adequada, o manejo sustentável da água e a proteção contra ameaças bióticas, os agricultores podem alcançar rendimentos mais elevados e consistentes, contribuindo para a segurança alimentar e econômica nas regiões produtoras de arroz.
Referências Bibliográficas
Ecofisiologia do arroz: visando altas produtividades/Lorenzo Dalcin Meus… (et al.). Santa Maria: (s.n.), 2020.