Especialmente no Sul do Brasil, em períodos secos, com predomínio de estiagens, uma praga secundária pode assolar a soja, causando significativas perdas de produtividade. O tripes como é popularmente conhecido, é um inseto pequeno que apresenta aparelho bucal raspador-sugador e causa danos principalmente nas folhas de soja, pela raspagem delas e extravasamento do líquido celular.

Com capacidade de reduzir de 10% a 25% a produtividade da soja, as perdas de produtividade podem chegar a 10 sacos por hectare. As principais espécies de expressão econômica são a espécie Frankliniella occidentalis, a Frankliniella schultzei e a Caliothrips sp. (Zanattan; Nunes; Madaloz, 2023).

Figura 1. Principais espécies de tripes de ocorrência em soja.  Caliothrips phaseoli (A), Frankliniella schultzei (B) e Frankliniella occidentalis (C).
Fonte: Zanatta; Nunes; Madaloz (2023)

Visando o impacto do tripes em soja, intensificar o monitoramento da praga em períodos de estiagem (sob condições adequadas ao desenvolvimento da praga), assim como identificar as espécies a fim de posicionar inseticidas, é determinante para o sucesso do controle desses insetos.

Em um estudo conduzido por Warpechowski et al. (2023), os autores observaram que, as principais espécies de tripes encontradas em soja no Sul do Brasil durante a safra 2022/2023 foram F. schultzei e C. phaseoli. Avaliando a variação geográfica e suscetibilidade de espécies de tripes a diferentes inseticidas Warpechowski et al. (2023) observaram que, no geral, as populações de F. schultzei e C. phaseoli foram suscetíveis e apresentaram baixa variação na suscetibilidade a espinetoram, metomil, espinetoram + metoxifenozida e profenofos + cipermetrina.


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Com base nos resultados obtidos, os autores também constataram que, C. phaseoli foi mais suscetível a acefato, clorfenapir e abamectina do que F. schultzei. Em contraste, populações de ambas as espécies apresentaram reduzida suscetibilidade a abamectina, imidacloprido, lambda-cialotrina, lambda-cialotrina + sulfoxaflor e bifentrina + carbosulfano.

De acordo com o estudo conduzido por Warpechowski et al. (2023), pode-se dizer que as espécies de tripes F. schultzei e C. phaseoli, apresentam variação geográfica e interespecífica na suscetibilidade a inseticidas. Ambas as espécies foram suscetíveis a espinetoram, metomil, espinetoram + metoxifenozida e profenofos + cipermetrina.

Além disso, os autores concluem que, Caliothrips phaseoli tem maior suscetibilidade a acefato, clorfenapir e abamectina do que F. schultzei, enquanto bifentrina + carbosulfano tem maior letalidade para F. schultzei, bem como, Imidacloprido, lambda-cialotrina e lambda-cialotrina + sulfoxaflor tem baixa letalidade para F. schultzei e C. phaseoli.

Figura 2. Mortalidade conjunta de populações de F. schultzei e C. phaseoli expostas ao campo concentração de campo de inseticidas de modo de ação único. Barras (± SE) com as mesmas letras minúsculas letras minúsculas dentro de cada mistura e aquelas com as mesmas letras maiúsculas dentro de cada espécie não são significativamente diferentes.
Fonte: Warpechowski et al. (2023)
Figura 3. Mortalidade conjunta de populações de F. schultzei e C. phaseoli expostas ao campo concentração de campo de misturas de inseticidas pré-formuladas. Barras (± SE) com as mesmas letras minúsculas letras minúsculas dentro de cada mistura e aquelas com as mesmas letras maiúsculas dentro de cada espécie não são significativamente diferentes.
Fonte: Warpechowski et al. (2023)

Esses resultados nos auxiliam no posicionamento dos inseticidas no campo para o controle do tripes, reduzindo a interferência dessa praga na produtividade da soja. Contudo, vale destacar que, definir o inseticida e dose a ser utilizada, deve levar em consideração o conjunto de pragas presentes na lavoura, não somente o controle de uma praga em específico. Dito isto, monitorar as áreas de produção e identificar as espécies de praga presentes na lavoura é de suma importância para ajustar o posicionamento de defensivos na cultura da soja.

Confira o trabalho completo desenvolvido por Warpechowski et al. (2023) clicando aqui!

Referências:

WARPECHOWSKI, L. F. et al. WHY DOES IDENTIFICATION MATTER? THRIPS SPECIES (Thysanoptera: Thripidae) FOUND IN SOYBEAN IN SOUTHERN BRAZIL SHOW HIGH LEVELS OF GEOGRAPHICAL AND INTERSPECIFIC VARIATION IN SUSCEPTIBILITY TO INSECTICIDES. UFSM, Dissertação de Mestrado, 2023. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/handle/1/31045 >, acesso em: 08/01/2025.

ZANATTA, F.; NUNES, M.; MADALOZ, J. OCORRENCIA DE TRIPES NAS CULTURAS DE SOJA E MILHO. PIONNER AGRONOMIA, CROP FOCUS, 2023. Disponível em: < https://www.pioneer.com/content/dam/dpagco/pioneer/la/br/pt/files/Crop_focus_ocorrncia_de_tripes_em_soja_e_milho.pdf >, acesso em: 24/10/2025.

 

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