Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo em Chicago recuaram nesta semana, atingindo a US$ 6,48/bushel no dia 26/05. Posteriormente, com o ajuste altista no dia 27/05 (quinta-feira) o valor, para o primeiro mês cotado, chegou a US$ 6,76/bushel, contra US$ 6,75 uma semana atrás.

As lavouras de trigo de inverno nos EUA viram suas condições piorarem um pouco, sendo que até o dia 23/05 havia 47% das mesmas entre boas a excelentes, outras 35% regulares e 18% entre ruins a muito ruins. Já o plantio do trigo de primavera, na mesma data, atingia a 94% da área esperada, contra 85% na média histórica. Do total semeado, 66% já havia germinado, contra 56% na média histórica para esta data.

Por outro lado, as exportações de trigo, na safra 2020/21 dos EUA, registraram 121.000 toneladas na semana encerrada em 13/05, sendo 21% acima da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2021/22 o volume vendido atingiu a 317.700 toneladas. Assim, somando os dois anos, o volume total exportado ficou em 438.700 toneladas, com o volume ficando dentro do esperado pelo mercado.

No mercado mundial circulou rumores de que teria havido vários carregamentos de trigo da safra nova da União Europeia em direção ao Vietnã. Na Argentina, carregamentos de junho a julho foram oferecidos ao preço de US$ 275,00/tonelada, para agosto a US$ 278,00 e para dezembro a US$ 258,00. Enfim, as inspeções de exportação estadunidenses de trigo registraram, na semana até 20/05, um total de 24,9 milhões de toneladas desde o início do atual ano comercial 2020/21, com aumento de 2% sobre o ano anterior.

Ainda na Argentina, até a última semana, a nova semeadura do trigo atingia a 226.000 hectares, representando 3,5% da área total esperada.

E no Brasil, os preços do cereal estagnaram e mesmo recuaram um pouco nesta semana. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 83,81/saco, enquanto no Paraná os preços médios caíram para R$ 82/saco.

 

As chuvas e temperaturas mais baixas nestes últimos dias, com o advento de geadas no Rio Grande do Sul, beneficiaram as lavouras de trigo. Esperava-se uma aceleração do plantio no sul do país nesta semana, já que o mesmo está atrasado. Esta melhoria climática levou a uma redução nos preços do trigo local. Além disso, a manutenção de um Real mais valorizado ajuda na importação.

No Rio Grande do Sul, segundo projeção da Fecoagro, a nova área de trigo deverá aumentar em 10,5% neste ano. Alguns analistas chegam a avançar um crescimento de 15% nesta área, puxada pelos bons preços e pela capitalização dos produtores com a safra de verão passada. Espera-se que a produção final gaúcha alcance a 2,6 milhões de toneladas neste ano, o que seria 22,1% superior ao colhido no ano passado. Já no Paraná, o oeste daquele Estado registrou, nesta semana, 72% da área semeada, auxiliada pelo retorno das chuvas. A partir de agora o receio é a chegada de geadas que possam atingir as lavouras plantadas mais no cedo. Em termos gerais, o plantio do trigo no Paraná ultrapassava os 50% da área esperada no final desta semana. (cf. Deral)

Enfim, uma boa notícia para o setor do trigo vem do mercado interno brasileiro. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), em 2020 houve alta de 8,1 pontos porcentuais, no consumo de pães industrializados, com 89,4% das famílias brasileiras adquirindo o produto. O levantamento apontou ainda que 99,7% das famílias brasileiras consumiram biscoitos e 99,6% consumiram massas alimentícias industrializadas, como macarrão e lasanha. O resultado representa crescimento de 0,1 ponto porcentual e 0,3 ponto porcentual na comparação com 2019, respectivamente. Segundo a pesquisa bancada pela Associação, um dos principais fatores, que estimulou a maior penetração destes alimentos nas residências do País, foi o auxílio emergencial, pago pelo governo federal para ajudar as famílias que perderam renda com a pandemia de covid-19. De acordo com a pesquisa, dois reais a cada três do benefício foram destinados para a compra de alimentos. “Ao todo, 66% de quem recebe auxílio emergencial direciona esse dinheiro para alimentos e bebidas”.

Outro motivo relacionado à pandemia, que contribuiu para estimular o consumo de derivados de trigo nos lares, é o isolamento social, que levou as famílias a fazerem mais refeições em casa. Neste sentido, a categoria “pães” foi a que mais cresceu nos primeiros meses da pandemia, atingindo a 30% a mais de volume comercializado e 35% de crescimento no valor negociado. Dentre os pães industrializados, observou-se maior demanda por aqueles que tem algum tipo de apelo voltado à saúde, como fibras ou redução calórica, como os de centeio e integrais ou os pães derivados de sementes com alguma adição ou farinha integral. Em relação às massas, em 2020, pela primeira vez a quantidade média por brasileiro ultrapassou o patamar de 5 quilos consumidos por ano, atingindo exatos 5,063 quilos por pessoa. Para 2021, os fabricantes esperam que a tendência altista de consumo continue. A expectativa é que o faturamento das indústrias do setor, que foi de R$ 40,5 bilhões em 2020, cresça de 3% a 5% no corrente ano. Já no volume vendido, que foi de 3,5 milhões de toneladas de produtos, espera-se um crescimento de 2% neste ano.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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