Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago subiram bem nesta semana, passando de US$ 6,62/bushel uma semana atrás, para US$ 6,71/bushel nesta quinta-feira (25), após o primeiro mês cotado ter atingido a US$ 6,80 na véspera.
Estas constantes altas de preço estão ligadas ao cenário futuro apertado de oferta interna nos EUA. Segundo o Fórum Outlook, ocorrido na semana passada, a produção total naquele país, para este ano, está prevista em 49,7 milhões de toneladas, ficando igual ao colhido no atual ano comercial. Mesmo com a área semeada aumentando, a produtividade média, diante dos problemas climáticos que têm ocorrido, deverá cair um pouco, ficando em 55,03 sacos/hectare. Com isso, os estoques finais de trigo, para o ano 2021/22, recuariam para 19 milhões de toneladas, contra 22,8 milhões no atual ano comercial. Já as exportações do cereal, por parte dos EUA, diminuiriam para 25,2 milhões de toneladas, contra 26,8 milhões nesta última safra. Enfim, o Fórum indicou que a relação estoques/uso do trigo ficaria em 33,3%, contra 39,1% um ano antes. O preço médio ao produtor estadunidense chegaria a US$ 5,50/bushel, contra a média esperada de US$ 5,00 para o atual ano comercial.
Quanto as exportações semanais estadunidenses, na semana encerrada em 11 de fevereiro o total alcançou 399.100 toneladas, com recuo de 18% sobre a média das quatro semanas anteriores. Já para o ano 2021/22 o total atingiu a 214.400 toneladas. Os dois anos somando 613.500 toneladas exportadas, ficando dentro das expectativas do mercado. Já na semana seguinte, a que encerrou em 18 de fevereiro, as exportações ficaram em apenas 167.700 toneladas, sendo 67% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Já para o ano 2021/22, tais vendas atingiram somente 14.800 toneladas. Somando os dois anos o volume atingiu tão somente 182.500 toneladas, ficando abaixo das expectativas do mercado.
No Brasil, os preços do trigo se mantêm firmes, com a média gaúcha fechando a última semana de fevereiro em R$ 76,70/saco, contra R$ 44,36 um ano antes. No Paraná, o preço do cereal teve uma variação maior nesta semana, oscilando entre R$ 76,00 e R$ 80,00/saco.
No Paraná, o produto local não foi exportado em janeiro, se direcionando especialmente para os moinhos do próprio Estado e para São Paulo. Mesmo assim, o Brasil exportou 408.700 toneladas em janeiro, especialmente de trigo gaúcho. Somando o que foi exportado em dezembro passado, o total nacional chega a 663.000 toneladas, ou seja, quase a totalidade que a Conab estima ser exportado até julho próximo (700.000 toneladas). Ora, se as exportações forem acima deste número, e diante de uma safra frustrada mais uma vez, a tendência será um aumento nos preços internos do trigo e de seus derivados ao consumidor final.
Este movimento dependerá, obviamente, do volume de importações que o país venha ainda a fazer. Entretanto, entre agosto/20 (início do atual ano comercial) e janeiro/21 as importações nacionais de trigo diminuíram, atingindo um total de 2,8 milhões de toneladas, contra 3,3 milhões no mesmo período do ano anterior. Ou seja, um recuo de 16%.
Enfim, em termos conjunturais as negociações de trigo no Brasil continuam em ritmo lento, com preços firmes. (cf. Cepea) Enquanto os vendedores esperam novas altas nos preços, na medida em que a entressafra avança, os moinhos igualmente estão pouco presentes na ponta compradora. Os mesmos tentam negociar o produto nacional a preços menores do que os atualmente registrados, porém, sem sucesso aparente.
No mercado de balcão existe pequeno volume disponível nas cooperativas, enquanto no mercado de lotes, a manutenção de um Real bem desvalorizado (acima de R$ 5,40 na semana), assim como a forte elevação das cotações externas, acabam dando suporte aos preços internos do trigo no Brasil.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ