O avanço do melhoramento genético e o emprego de biotecnologias têm viabilizado ferramentas como a tolerância genética a herbicidas, que contribuem significativamente para o controle pós-emergente de plantas daninhas em culturas como o milho. Uma dessas biotecnologias confere ao milho tolerância ao herbicida glufosinato de amônio, pertencente ao grupo dos inibidores da enzima glutamina sintetase.
Os herbicidas à base de glufosinato de amônio são de ação não seletiva e amplamente utilizados no manejo de áreas, na dessecação de culturas e em aplicações em jato dirigido. No entanto, com o advento da transgenia, esses herbicidas passaram a ser aplicados seletivamente em culturas geneticamente modificadas, como soja, algodão e milho, que apresentam tolerância e/ou resistência ao glufosinato de amônio (Rizzardi, 2019).
O glufosinato de amônio é um herbicida de contato com amplo espectro de controle, sendo eficaz contra plantas daninhas de folhas largas e estreitas, incluindo espécies de difícil controle, como buva e capim-amargoso. No entanto, para garantir sua máxima eficiência, é essencial que seja aplicado nos estádios iniciais de desenvolvimento dessas espécies. Nesse contexto, a possibilidade de aplicar glufosinato de amônio na pós-emergência do milho tolerante, representa uma estratégia valiosa para o manejo de plantas daninhas, especialmente em áreas infestadas por espécies resistentes ao glifosato (Rizzardi, 2019).
No cultivo de milho tolerante ao glufosinato de amônio, a tolerância é conferida pelo gene pat, que impede a inibição da enzima glutamina sintetase, tornando o herbicida seletivo para essas variedades (Limagrain, 2021). Contudo, mesmo em cultivos resistentes, é fundamental adotar boas práticas no uso do glufosinato de amônio, garantindo a eficácia no controle de plantas daninhas sem comprometer o desenvolvimento da cultura do milho.
Fatores de atenção ao utilizar o glufosinato de amônio em milho
- Certifique-se que a cultivar/híbrido apresenta tolerância ao glufosinato de amônio;
- A umidade relativa do ar abaixo de 40%, altas temperaturas, plantas de milho com baixo desenvolvimento (estresse hídrico, nutricional etc.), podem aumentar os efeitos de fitotoxicidade do glufosinato de amônio (Limagrain, 2021);
- Pulverizações em plantas de milho em estádio de desenvolvimento acima de V5 são mais propensas a apresentarem sintomas de fitotoxicidade (Limagrain, 2021);
- São necessários ao menos 5 horas sem chuva após a aplicação;
- Temperaturas amenas e alta umidade relativa do ar favorecem a aplicação. Realizar aplicações preferencialmente com temperaturas entre 20°C e 30°C, e umidade relativa do ar superior a 50%;
- Não aplicar sobre presença de orvalho, chuva e/ou neblina;
- Aplicações nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas daninhas conferem maior eficácia de controle. No geral, recomenda-se dar prioridade para o controle de dicotiledôneas de 2 a 4 folhas e monocotiledôneas de 2 folhas a 1 perfilho. Realizar no máximo 2 aplicações por ciclo da cultura com intervalo de 10 dias (CropChem, 2023);
- Para evitar efeitos indesejados, bem como fitotoxicidade, deve-se seguir as orientações presentes na bula do herbicida, atentando para dose e recomendações de manejo.
Vale destacar que o glufosinato de amônio exige alto nível de conhecimento técnico, abrangendo tecnologia de aplicação, monitoramento do desenvolvimento da lavoura e avaliação das condições ambientais no momento da aplicação, contudo, seu emprego corretamente pode ser uma valiosa ferramenta de manejo para o controle de plantas daninhas na pós-emergência do milho.
Veja mais: Posicionamento de herbicidas por mecanismo de ação em soja e milho
Referências:
CROPCHEM. SAPEK MAX. CropChem, 2023. Disponível em: < https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2023-08/sapekmax.pdf >, acesso em: 27/02/2025.
LIMAGRIN. APLICAÇÃO DE GLUFOSINATO DE AMÔNIO EM MILHO. Campo em Foco, ed. 4, 2021. Disponível em: < https://www.lgsementes.com.br/backend/midias/arquivos/Edi%C3%A7%C3%A3o_4_campo_em_foco%20Glufosinato(1).pdf >, acesso em: 27/02/2025.
RIZZARDI, M. A. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EM SOJA LIBERTYLINK. Up. Herb, 2019. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/manejo-de-plantas-daninhas-em-soja-libertylink >, acesso em: 27/02/2025.