Um dos principais nematoides fitopatogênicos que acometem a cultura da soja é o Pratylenchus brachyurus, popularmente conhecido como nematoide das lesões radiculares. Normalmente, a presença dessa praga está associada ao cultivo de gramíneas, sendo essas a exemplo da aveia, trigo, cevada, sorgo, arroz, centeio, e milho, boas hospedeiras da praga.

Conforme destacado por Grigolli (2015), os danos em decorrência do nematoide das lesões radiculares pode variar de acordo com a características de solo e ambiente, entretanto, sob condições normais de cultivo, os danos não costumam ser muito expressivos. Já se tratando de altas populações em solos arenosos, compactados ou em plantas sob efeito de déficit hídrico, a praga pode causar danos significativos.

De modo geral, os sintomas ocorrem em reboleiras, onde é possível observar plantas com pequeno porte e crescimento limitado. Como principal características, é possível destacar o aspecto visualmente escurecido das raízes da planta infectada, em decorrência do ataque da praga, que injeta toxinas ao atacar o parênquima cortical.



Figura 1. Raízes de soja sem (a) e com (b) o ataque do nematoide das lesões radiculares.

Fonte: Dias et al. (2010), Apud. Grigolli (2015)

Embora o controle da praga possa ser realizado quimicamente com o uso de nematicidas, a dificuldade em acertar o alvo confere baixa eficiência de controle para a maioria das aplicações químicas. Sendo assim, de forme complementar ao controle químico, práticas de manejo alternativas como o controle cultural, devem ser introduzidas em áreas com altas infestações da praga, para reduzir os níveis populacionais do nematoide.

Uma das alternativas, é a rotação de culturas com o uso de plantas não hospedeiras do nematoide, especialmente substituindo o milho safrinha, o qual é considerado bom hospedeiro para a praga. Conforme observado por Gitti e colaboradores, a rotação de culturas, introduzindo culturas alternativas ao milho safrinha contribui significativamente para a redução das populações de nematoides no solo, principalmente quando cultivadas plantas como a crotalaria, braquiária e guandu.

Tabela 1. Número de nematoides no solo e raízes de soja da espécie Pratylenchus brachyurus em função do cultivo de diferentes coberturas vegetais no período de outono/inverno. Fundação MS, Maracaju, MS, 2021.

Fonte: Gitti et al. (2021)

Corroborando a afirmativa, Inomoto & Asmus (2009) destacam que espécies de crotalaria a exemplo da C. spectabilis e C. breviflora não são consideradas hospedeiras do nematoide das lesões radiculares e seu cultivo contribui para a redução populacional da praga. Além disso, tendo em vista que grande parte das culturas agrícolas são consideradas hospedeiras da praga (tabela 2), pode-se dizer que a rotação de culturas em complemento ao controle químico e biológico é essencial para reduzir as populações de nematoides em áreas agrícolas.

Tabela 2. Culturas de verão para rotação de cultura e seu efeito sobre os fitonematoides.

Fonte: Inomoto & Asmus (2009)

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Referências:

GITTI, D. C. et al. COBERTURAS VEGETAIS PARA CULTIVO NO OUTONO-INVERNO COMO OPÇÕES AO MILHO SAFRINHA TARDIO. Fundação MS para Pesquisa e Difusão de Tecnologias Agropecuárias, 2021. Disponível em: < http://www.fundacaoms.org.br:8080/publicacoes/tecnologia-e-producao-safra/coberturas-vegetais-para-cultivo-no-outono-inverno-como-opcoes-ao-milho-safrinha-tardio >, acesso em: 04/04/2022.

GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO DE NEMATÓIDES NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/215/215/newarchive-215.pdf >, acesso em: 04/04/2022.

INOMOTO, M. M.; ASMUS, G. L. CULTURAS DE COBERTURA E DE ROTAÇÃO DEVEM SER PLANTAS NÃO HOSPEDEIRAS DE NEMATOIDES. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Protecao04.pdf >, acesso em: 04/04/2022.

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