A automatização da agricultura brasileira está permitindo uma série de avanços no setor. Nesse contexto, os drones têm alcançado uma rápida evolução.

Cada vez mais elaborados e acessíveis, os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant’s), controlados remotamente, são bastante úteis na agricultura de precisão e em diversas outras atividades de monitoramento e gestão agrícola.

“Essa tecnologia (baseada em Inteligência Artificial) vai permitir cada vez mais a gestão da agricultura por metro quadrado, e não mais por hectare, trazendo eficiência, sustentabilidade e rentabilidade”, afirma Marcos Fava Neves, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e professor da USP/Ribeirão Preto.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem atualmente em seu cadastro 77.197 drones registrados, sendo 29.596 de uso não-recreativo. Desse total, 1.205 são classificados como veículos aeroagrícolas.

Além disso, é cada vez maior a utilização de drones na área de controle biológico, e muitas empresas já estão investindo nesse segmento.

Eficiência e segurança

Um dos grandes gargalos do controle biológico, segundo o empreendedor Gustavo Scarpari, é a tecnologia de aplicação de biodefensivos.

Segundo ele, os drones podem se tornar bastante funcionais em uma atividade que oferece riscos para os trabalhadores, que precisam fazer a correta aplicação dos defensivos em locais muitas vezes inacessíveis.

“Os drones são capazes de realizar este trabalho com segurança e eficiência. Na liberação a granel de agentes biológicos, por exemplo, há veículos capazes de cobrir 600 hectares em apenas um dia, com alta qualidade de aplicação”, destaca o engenheiro agrônomo e fundador da Sardrones.

O executivo afirma ainda que os Vant´s são muito eficientes na cobertura de áreas em declive e de cultivo de hortifrútis, chegando a lugares onde aviões ou tratores não alcançam. “É uma grande ferramenta que veio para ficar”, ressalta Scarpari.

“O controle biológico vai crescer muito no Brasil em função dos drones. Acredito que todo o controle no futuro será feito somente com esses veículos”. Para os produtores, acrescenta Scarpari, os drones representam uma possibilidade de utilizar o controle biológico em larga escala.

Cenário

Dos 79.246 milhões de hectares plantados no Brasil, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20 milhões de hectares, segundo a indústria de biológicos, são tratados com biodefensivos.

Segundo a Dunham Trimmer, principal empresa de pesquisa voltada para os mercados agrícolas biológicos globais, o segmento deve movimentar no mundo mais de US$ 5 bilhões em 2020, um salto de US$ 2 bilhões em relação ao ano anterior. Enquanto o setor cresce na ordem de 10% ao ano em outros países, no Brasil o ritmo é ainda mais acelerado, atingindo mais de 15%.

Em 2019, a CropLife Brasil estimou um mercado de R$ 675 milhões, representando um crescimento de 31% em relação a 2018.  “De maneira coordenada, as empresas de biodefensivos estão se aproximando do produtor para oferecer informações e assistência técnica. Isso faz com que o interesse por soluções biológicas aumente”, explica Amália Borsari, diretora executiva de biológicos da CropLife Brasil.



Imagens

Além de otimizar o controle biológico, os drones, entre várias funções, também são capazes de coletar imagens das plantações, para serem posteriormente processadas em terra.

“A análise das imagens coletadas, baseada em algoritmos sofisticados, permite identificar necessidades e oportunidades para melhorar o aproveitamento da terra, corrigir solos, ajustar níveis de irrigação etc.”, explica Jorge Ávila, diretor de Inovação da SNA.

“O objetivo é otimizar o gasto com adubos, irrigação, sementes e outros insumos e aumentar a produtividade. Identificadas as ações necessárias, equipamentos tradicionais executam as operações programadas”.

Evolução e futuro

Por sua vez, Scarpari observa que essa tecnologia continua em franca evolução, e cita como exemplo o projeto desenvolvido pela empresa Xmobots, que lançou um drone movido à gasolina, permitindo um tempo maior de voo (de até uma hora), ao contrário dos veículos movidos à bateria, que necessitam regularmente de recarga.

“No futuro, que já bate à porta, drones, sensores em terra e processadores irão gerar comandos para serem executados por equipamentos autônomos para a irrigação, correção de solos, dispersão de sementes e de defensivos agrícolas e para quaisquer outras ações promotoras da produtividade que se possa conceber”, complementa Jorge Ávila.

Segundo ele, “isso irá economizar o trabalho humano e reduzir de maneira considerável o consumo de água, energia e materiais que geram resíduos daninhos ao meio ambiente”.

O desafio, para o diretor da SNA, é conectar esses sistemas à internet. “A análise das informações coletadas localmente pode ser enriquecida e facilitada quando integrada a conhecimentos e informações geradas remotamente”.

Regulamentação

Em matéria de normas técnicas, Scarpari acredita que o trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura, ainda em fase de análises e discussões, deverá garantir aos drones uma regulamentação bem estruturada. A Anac e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) também estabelecem normas para o funcionamento dos veículos aéreos.

Fontes: Sardrones/Anac/ CropLife Brasil

Autor: Equipe SNA

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