O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma das mais complexas plantas daninhas que infestam a cultura da soja. A espécie apresenta características como rápido crescimento e desenvolvimento, elevada habilidade competitiva e formação de touceiras, o que aliado a resistência conhecida de algumas populações a herbicidas, em especial ao glifosato, dificulta ainda mais o controle dessa planta daninha.
A matocompetição do capim-amargoso com a soja pode reduzir significativamente a produtividade da cultura, sendo diretamente proporcional a densidade populacional da planta daninha. O período anterior a interferência (PAI) é curto, o que dificulta o estabelecimento da soja, tornando necessário adotar medidas de manejo para reduzir a matocompetição, tais como o estabelecimento da lavoura no limpo.
O controle químico com o uso de herbicida pós-emergentes é o método mais empregado para o controle do capim-amargoso em lavouras comerciais, entretanto, plantas perenizadas podem exigir medidas alternativas de manejo ou aplicações sequenciais de herbicidas. Uma dessas alternativas é o emprego de herbicidas pré-emergentes. Os herbicidas pré-emergentes são produtos utilizados para realizar o controle de plantas daninhas antes que elas emerjam do solo (Pereira, 1987), atuando diretamente no banco de sementes do solo (sementeira).
Entretanto, para um adequado controle de plantas daninhas utilizado herbicidas pré-emergentes é necessário atentar para o posicionamento de produtos, levando em consideração características e particularidades dos produtos, assim como a eficiência deles. A eficiência de diferentes herbicidas pré-emergentes no controle do capim-amargoso na cultura da soja foi avaliada em ensaios realizados pela Fundação MS, e resultados apresentados por Grigolli & Grigolli (2019).
Conforme resultados obtidos, dentre os herbicidas avaliados, os herbicidas Trifluralina Gold e IHI1413 + Flumyzin foram os mais eficientes no controle de capim-amargoso em pré-emergência da planta daninha. Além desses, os herbicidas Flumyzin (150 g ha-1), Zethamaxx (500 ml ha-1), Dual Gold (1500 e 2000 ml ha-1), Sencor (2000 ml ha-1), Stone (1200 ml ha-1) e IHI1413 (200 ml ha-1) apresentaram valores iguais ou acima de 80% (Grigolli & Grigolli, 2019).
Tabela 1. Eficiência (%) de controle de plantas de capim-amargoso com diferentes herbicidas pré-emergentes aos 14, 21, 28 e 35 dias após a aplicação dos tratamentos em solo de textura mista.
Tabela 1 – Continuação: Eficiência (%) de controle de plantas de capim-amargoso com diferentes herbicidas pré-emergentes aos 14, 21, 28 e 35 dias após a aplicação dos tratamentos em solo de textura mista.
Além de possibilitar o controle de plantas daninhas ainda no banco de sementes do solo, os herbicidas pré-emergentes possibilitam a redução dos fluxos de emergência das plantas daninhas e a maior uniformidade das plantas emergidas, contribuindo para a melhor assertividade do momento de controle utilizando herbicidas pós-emergentes. Contudo, cabe destacar que o uso de herbicidas pré-emergentes demanda maior cautela, sendo necessário atentar para características de produto, solo e ambiente.
Veja mais: Quais os critérios para a utilização dos pré-emergentes
Referências:
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2018/2019, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/341/341/5e397acd682e852c55bdafaa3136aa5e7f8aa452d6e23_04.-manejo-e-controle-de-plantas-daninhas-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 23/03/2022.
PEREIRA, E. TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES EM REFLORESTAMENTO. Série Técnica IPEF, Piracicaba, v.4, n.12, p.61 – 68, 1987. Disponível em: < https://www.ipef.br/publicacoes/stecnica/nr12/cap05.pdf >, acesso em: 23/03/2022.
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