A área cultivada de soja no Estado é de 6.513.891 hectares. A insuficiência de chuvas durante os meses de verão provocou redução de cerca de 30% no potencial produtivo, e a produtividade atual é estimada em 2.175 kg/ha.
No período entre 20 e 26/03, a ocorrência de chuvas de intensidade variável, mas com uma abrangência maior no território do Estado, auxiliou na maturação mais uniforme das lavouras e na queda das folhas secas que se encontravam retidas nas plantas. No entanto, os produtores continuaram a aplicação de herbicidas na dessecação pré-colheita para uniformizar o processo e favorecer a colheita. As lavouras em maturação totalizam 42%, e a colheita alcançou 8%.
Há grande variabilidade de produtividade entre as lavouras colhidas. Além da má distribuição das chuvas, outros fatores influenciaram a diferença de produção, como: a compactação do solo, o baixo acúmulo de palhada de cobertura dos solos e a falta de rotação de culturas. Contudo, as lavouras em coxilhas de solos profundos e estruturados com adequada cobertura de palha – que conservaram umidade por mais tempo – e nas localizadas em áreas de topografia mais plana, em várzeas, obtiveram os melhores resultados.
Além da redução na produção, há problemas na qualidade dos grãos colhidos, muitos apresentam maturação forçada, sem o correto desenvolvimento. Parte dos grãos estão malformados, pequenos e com menor peso, o que reduz a rentabilidade e o resultado comercial das lavouras.
Em termos de comercialização, a forte queda na cotação da soja causou inquietude aos produtores, trazendo dúvidas sobre o melhor momento de negociar a safra.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a produtividade estimada é de 1.663 kg/ha, sendo 34,68% inferior à projetada inicialmente. A perspectiva de perdas ultrapassa a 50% em alguns municípios da região. Nos municípios de Bagé, Candiota, Itacurubi e Rosário do Sul, estão sendo colhidas lavouras de cultivares precoces, mas os rendimentos estão entre 1.000 e 1.200 kg/ha, o que é considerado baixo. Há expectativa de que as lavouras mais tardias elevem a produtividade, principalmente em áreas baixas e várzea. Onde o déficit hídrico foi mais grave, houve morte de plantas, queda de flores e reduzido número de grãos nas vagens.
Na de Caxias do Sul, a produtividade estimada é de 3.399 kg/ha, ou seja, uma redução de 3,85% na projetada inicialmente. Iniciou-se a colheita; que já alcança cerca de 10% da área cultivada. O rendimento médio estimado é de 3.350 kg/ha, um pouco inferior à estimativa atual. As chuvas da última semana foram benéficas e suficientes para a conclusão do enchimento de grãos nas lavouras mais tardias.
Na de Erechim, a expectativa é de produzir 2.983 kg/ha, representando redução de 16,56% na estimativa inicial. Cerca de 10% das lavouras foram colhidas, e 85% estão em enchimento de grãos e em maturação. A produtividade obtida, até o momento, é de 2.900 kg/ha, mas os grãos apresentam tamanho e peso inferiores ao esperado. Os produtores estão preocupados com o balanço da safra, pois enfrentaram custos elevados de insumos na implantação e queda de preço do produto no período de colheita.
Na de Frederico Westphalen, a produtividade estimada é de 2.429 kg/ha, significando redução de 30,02% na estimativa inicial. A área colhida é de 7%, e a produtividade obtida momentaneamente é de 2.405 kg/ha. Entretanto, há grande heterogeneidade nos volumes colhidos decorrente principalmente da época de semeadura e das cultivares utilizadas.
Na de Ijuí, a estimativa de produtividade é de 2.324 kg/ha, representando perdas de 34,42% na projetada. A cultura evoluiu rapidamente para o estádio de maturação, que supera 65% da área, conferindo predomínio da tonalidade amarelada nas lavouras da região. No entanto, apenas 7% foram colhidos, mas as lavouras em finalização de ciclo indicam que haverá uma intensificação na operação nos próximos dias. O produto colhido apresenta grande volume de grãos chochos, malformados e esverdeados. As anomalias fisiológicas provocadas pela falta de umidade no solo não se constituem impurezas no momento da classificação da qualidade do produto nos postos de recebimento, mas diminuem consideravelmente o peso final dos grãos e consequentemente a produtividade das lavouras.
Na de Passo Fundo, 40% das lavouras estão em enchimento de grãos; 30% estão em maturação fisiológica; 15%, em maturação; e 15% foram colhidas. A produtividade está estimada em 2.836 kg/ha, sendo 21,11% menor do que a projetada.
Na de Pelotas, a produtividade estimada é de 2.128 kg/ha, significando 19,18% de redução da estimativa inicial. No período, ampliou-se a área em colheita, que alcançou 5%. As maiores proporções ocorrem em Morro Redondo e em Pelotas, que já atingem 15% de suas lavouras colhidas. A produtividade, até o momento, está próxima a 2.200 kg/ha, expressando os efeitos da estiagem. As precipitações mais generalizadas, ocorridas durante o período, em toda a região, foram consideradas muito positivas para as lavouras em enchimento de grãos, que superam 70% da área.
Na de Porto Alegre, a produtividade atual é de 2.946 kg/ha, o que representa um acréscimo de 2,79% na projeção inicial. Na região, 70% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos. Aproximadamente 20% estão em maturação, e 10% foram colhidos. Mesmo com a expectativa de produtividade dentro da normalidade, há casos pontuais de perdas decorrentes da má distribuição pluviométrica. No período, ocorreram várias solicitações de Proagro, especialmente na região de São Jerônimo, em função da perda de qualidade dos grãos.
Na de Santa Maria, houve avanço na colheita, que se aproximou de 10% da área de cultivo. Cerca de 30% estão em fase de maturação. A produtividade é estimada em 1.906 kg/ha, constituindo uma redução de 36,64% da projetada inicialmente.
Na de Santa Rosa, a produtividade está estimada em 1.525 kg/ha. Apenas 2% das lavouras ainda se encontram em estágio de desenvolvimento vegetativo; 7% estão em florescimento; 42% em fase de enchimento de grãos; em maturação são 41%; e a área colhida, 8%. As lavouras colhidas apresentam produtividade variada – entre 300 e 1.200 kg/ha. No período, foram realizadas reuniões nos municípios entre organizações do setor agropecuário para a avaliação da produtividade, e há possibilidade do agravamento de perdas para além dos 52% estimados atualmente. Na região das Missões, poderá alcançar 67%. Mesmo com a grande frustração, há lavouras, localizadas na Fronteira Noroeste, que apresentam potencial de produtividade superior a 2.000 kg/ha.
Na de Soledade, a produtividade estimada é de 2.175 kg/ha, consistindo em redução de 30,53% em relação à avaliação inicial. A maior parte da área cultivada está finalizando a maturação fisiológica, com produção definida, totalizando 58%. Em fase de enchimento de grãos, são 35% das lavouras, beneficiadas pelas chuvas que aumentaram a massa dos grãos. Na maior parte das lavouras, os manejos fitossanitários foram finalizados, mas ainda ocorrem em lavouras com semeadura mais tardia. Foram colhidas somente 4% das lavouras.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 145,98/sc., representando uma queda de -8,30% em relação à cotação da semana anterior de R$ 159,19.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1756- Emater/RS