Para obter uma compreensão precisa da produtividade de grãos no milho, é essencial entender que ela se desenvolve ao longo do ciclo de crescimento e está relacionada aos componentes de produtividade (Monteiro, 2009). Os componentes de produtividade podem ser fragmentados em componentes primários, os quais afeitam de forma direta a produtividade ao ser influenciados pelo manejo do produtor, o ambiente e a genética, e componentes secundários, que prejudicam de forma indireta, ou seja, não necessariamente estão relacionados com a produtividade.
O número de plantas por área, é o primeiro componente de produtividade, e é aquele que apresenta maior correlação com o rendimento. A densidade ideal varia segundo o ambiente de produção e será aquela que não multe pela competição intraespecífica e ao mesmo tempo não subutilize a área com uma baixa densidade de plantas, utilizando genótipos adaptados a altas densidades e semeadas durante o período preferencial, a densidade que maximizou a produtividade de grãos foi de 91mil plantas por hectare (Figura 1).
Figura 1. Relação entre a produtividade de grãos de milho e a densidade de plantas.

O segundo componente primário é o número de grãos por espiga, o qual depende ao mesmo tempo do número de fileiras por espiga (determinado no estágio V6) e está relacionado diretamente com a genética (Abendroth et al.,2021), observe-se na figura 2 que para atingir altas produtividades o valor ótimo de fileiras é 16.
Figura 2. Relação entre a produtividade de grãos de milho e o número de fileiras por espiga.

O número de grãos por espiga é influenciado por fatores de manejo e ambiente (Nielsen, 2007; Monteiro, 2009), este componente apresenta uma grande variação em comparação com os demais, com um dado de 233 lavouras de produtores, se determinou que o valor que permite altas produtividades é 592 grãos por espiga (Figura 3).
Figura 3. Relação entre a produtividade de grãos de milho e o número de grãos por espiga.

A massa de mil grãos é o último componente primário a ser definido, é por isso que durante a fase de enchimento de grãos é imprescindível que as plantas não sofram estresses como déficit hídrico ou baixa incidência de radiação solar, já que essas adversidades resultarão em grãos leves ou o aborto dos grãos, reduzindo a produtividade da cultura, na figura 4, apresenta-se a massa de mil grãos ideal visando altas produtividades (360 gramas).
Figura 4. Relação entre a produtividade de grãos de milho e a massa de mil grãos (g).

A partir desses valores “ideais” pode-se concluir que uma lavoura com 9,1 plantas/m^2 com 592 grãos por espiga e massa de mil grãos de 360 gramas, contém potencial para produzir 19,40 t/ha o que equivale a 323 sacos por hectare.
Referências Bibliográficas
Abendroth, L. J. et al. CORN GROWTH AND DEVELOPMENT. Ames Iowa: Iowa State University Extension, 2011. 49 p.
Monteiro, J. E. AGROMETEOROLOGIA DOS CULTIVOS: O FATOR METEOROLÓGICO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. Brasília, DF: INMET. 2009. 530p
Nielsen, R. L. EAR SIZE DETERMINATION IN CORN. Corny News Network Articles, Purdue University, 2007.
Pilecco, I. B. et. al. ECOFISIOLOGIA DO MILHO VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2024.