O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do planeta, mas, em razão da exportação acentuada de grãos, terá que importar essa mesma matéria-prima (soja, milho e arroz) – pagando preços maiores – para manter setores essenciais do agronegócio, como o seu gigantesco parque agroindustrial.

“Parece um contrassenso”, mostra o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) Enori Barbieri. “Estamos exportando grãos e importando esses mesmos grãos por preços maiores para produzirmos carnes e outros alimentos”.

O ponto central dessa situação é que falta inteligência agrícola, pois o Brasil exporta comodities, beneficia os concorrentes no mercado mundial da proteína animal e ainda tem que comprar de outros países o que produz em abundância.

O caso mais emblemático é da soja. O Brasil é o maior produtor mundial, mas por questões de falta de planejamento e má administração, terá que importar esse grão para alimentar as cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura e o sistema agroindustrial.

Ao atingir, neste ano, 123 milhões de toneladas e ultrapassar a potência norte-americana, o País tornou-se também o maior exportador de soja. Foram comercializadas para o exterior 80 milhões de toneladas da safra 2019/2020, das quais 60 milhões já foram embarcadas. O mercado está tão aquecido que 60% da safra brasileira 2020/2021 já está vendida no mercado internacional.

A situação do milho é muito idêntica à da soja. O planeta produz 1,1 bilhão de toneladas, estando a liderança com Estados Unidos (370 milhões de toneladas), o segundo lugar com a China (250 milhões), a terceira posição com o Brasil (100 milhões) e a quarta com Argentina (50 milhões).

A produção nacional da safra e safrinha colhidas em 2020 foi de 100 milhões de toneladas, para um consumo interno de 70 milhões de toneladas e exportação de 30 milhões de toneladas de milho.

Mais curiosa é a situação do arroz, um dos cereais mais consumidos do mundo. O consumo mundial na safra 2018/2019 foi de 494 milhões de toneladas. O maior produtor é a China e o Brasil fica em 11º lugar.

Dessa vez o Brasil terá que importar, fato que ocorreu pouquíssimas vezes na história. No ano passado, o País colheu 12 milhões de toneladas, mas, os preços ruins dos anos anteriores e a seca deste ano levaram à redução da área plantada (houve migração para soja) e a safra baixou para 10,4 milhões de toneladas.

O vice-presidente da FAESC lamenta que a maior parcela dos ganhos não fique no campo. “Infelizmente, esses produtos agrícolas não estão mais na mão dos produtores rurais, portanto, quem está ficando com a maior parte desses ganhos são as tradings”, concluiu Enori Barbieri.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional, disponível no Portal do Sistema Fecoagro

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