A demanda hídrica da soja varia de acordo com o estádio de desenvolvimento da cultura, sendo maior no período reprodutivo e estádios de enchimento de grãos. Quando cultivada em condições de sequeiro, baixas precipitações ou a má distribuição das precipitações, resultando em períodos de déficit hídrico no período reprodutivo da soja podem acarretar perdas significativas da produtividade da cultura.
Figura 1. Evapotranspiração da soja (ET) em mm.dia-1, nos diferentes estádios do desenvolvimento da cultura.

Quando em períodos de déficit hídrico, práticas de manejo como a aplicação de fungicidas podem vir a ser desconsideradas por parte dos agricultores em virtude da baixa umidade relativa do ar, a baixa pressão de doenças fungicas e receio de elevar os custos de produção em condições desfavoráveis a obtenção de altas produtividades de soja.
Entretanto, em vídeo, Marcelo Madalosso explica que o uso de fungicidas mesmo em períodos de déficit hídrico não deve ser desprezado, visto que quando comparadas plantas que receberam a aplicação de fungicidas, sejam triazois, estrobilurinas ou carboxamidas, a plantas que não receberam a aplicação de fungicidas nos períodos de déficit hídrico, plantas tratadas com fungicidas apresentam menores perdas de produtividade em consequência do déficit hídrico.
Madalosso comenta que embora o a hipótese do não uso de fungicidas em períodos de déficit hídrico não estivesse equivocada anteriormente, com a chegada de novos fungicidas, principalmente estrobilurinas e carboxamidas, efeitos visuais até então observados a nível experimental, tem sido observados á campo com o emprego dos fungicidas durante períodos de déficit. Esses efeitos demonstram menor interferência do déficit hídrico com a aplicação de fungicidas em soja. “O fungicida reduz o estresse vegetal, a queda de produtividade passa a não ser tão drástica.”
Madalosso demonstra resultados de pesquisa obtidos na safra 2019/2020, onde o uso de fungicidas reduziu o estresse vegetal, resultando em maiores produtividades de soja. Com base nos resultados apresentados por Madalosso, plantas de soja as quais não receberam aplicação de fungicidas obtiveram produtividades médias de 29,3 sc.ha-1, enquanto que plantas que receberam três aplicações de fungicidas, (carboxamida + estrobilurina > carboxamida + estrobilurina > + triazol + estrobilurina), obtiverem produtividades médias de 41,1 sc. ha-1. Um aumento de produtividade média de 11.8 sc. ha-1, destacando o importante papel dos fungicidas na produtividade da soja, mesmo em condições de déficit hídrico, conforme observado na última safra, principalmente nas regiões Sul do Brasil.
Figura 2. Produtividades médias de soja em função da aplicação de diferentes fungicidas em períodos de déficit hídrico.

Adaptado: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas.
Já quando não utilizada carboxamida na aplicação de fungicidas (triazol + estrobilurina > triazol + estrobilurina > triazol + estrobilurina), uma menor produtividade foi observada, sendo essa de 36,8 sc.ha-1, entretanto, ainda superior a testemunha a qual não recebeu nenhuma aplicação de fungicidas.
Veja também: Novas carboxamidas em soja
Assim, é possível afirmar que o uso de fungicidas pode atuar com agente atenuando déficit hídrico, reduzindo o estresse vegetal e auxiliando na manutenção da produtividade da cultura.
Confira o vídeo abaixo com as dicas de Marcelo Madalosso.