É consenso que o gesso agrícola é um importante insumo para a agricultura, atuando principalmente como condicionador de solo. Embora seu uso dívida opiniões, diversos estudos comprovam as vantagens da utilização do gesso agrícola, em especial as contribuições para a produtividade da soja conforme observado por Ascari & Mendes (2017), desde que, as condições de acidez do solo tenham sido corrigidas anteriormente.
O gesso agrícola é fonte principalmente de Enxofre (15%) e Cálcio (18%) (Embrapa, 2010), sendo, portanto, também considerado um fertilizante. Entre outras características, o gesso agrícola reduz a saturação por alumínio e aumenta os teores de Ca e S no solo, podendo inclusive aumentar a produtividade da soja.
Erroneamente, o gesso agrícola é empregado como corretivo do solo, para alterar seu pH, principalmente nas camadas mais profundas do solo, em função de apresentar maior mobilidade em comparação ao calcário (corretivo recomendado para corrigir o pH do solo). Ao contrário do que se pensa, o gesso agrícola não possui a capacidade de alterar o pH do solo, muito menos elevá-lo a níveis recomendados para a maioria das culturas agrícolas em casos de solo ácido.
Ao se aplicar o gesso agrícola em solos com acidez corrigida na camada arável, após sua dissolução, o sulfato movimenta-se para as camadas inferiores, acompanhado por cátions, principalmente de Cálcio. Com essa movimentação, o teor de Ca e Magnésio aumenta e a toxidez de alumínio diminui, melhorando o ambiente do solo para as raízes se desenvolverem (Souza; Lobato; Rein, 2005), o que erroneamente se associa a alteração do pH do solo.
Ao contrário do que se pensa, quando o gesso agrícola é aplicado corretamente, seguindo os critérios recomendados para cada tipo de solo, não se tem a movimentação de potássio e nem magnésio no perfil do solo em níveis que possam desencadear deficiências desses nutrientes (Souza; Lobato; Rein, 2005).
Figura 1. Distribuição de sulfato (SO4=) e de mais magnésio (Ca + Mg) trocáveis em diferentes profundidades de um latossolo argiloso, sem aplicação e com aplicação de gesso agrícola, depois de um período de 39 meses.

Logo, pode-se dizer que, por atuar como um condicionador da estrutura do solo, além de reduzir a saturação por alumínio e aumentar os teores de Cálcio (Ca) e Enxofre (S), quando associado a boas práticas agronômicas e a um adequado manejo da cultura, a aplicação do gesso agrícola pode ser uma interessante ferramenta para o aumento da produtividade da soja. Entretanto, cabe destacar que como visto anteriormente, o gesso agrícola não possui a capacidade de neutralizar a acidez do solo, sendo necessário para isso, realizar a calagem.
Veja mais: Uso e qualidade do calcário
Referências:
ASCARI, J.; MENDES, I. R. N. DESENVOLVIMENTO AGRONÔMICO E PRODUTIVO DA SOJA SOB DIFERENTES DOSES DE GESSO AGRÍCOLA. Revista Agrogeoambiental – V. 9, N. 4, dez. 2017. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/322875791_Desenvolvimento_agronomico_e_produtivo_da_soja_sob_diferentes_doses_de_gesso_agricola >, acesso em: 09/06/2023.
EMBRAPA. PRODUTORES DEVEM FICAM ATENTOS AO USO DO GESSO AGRÍCOLA. EMBRAPA, NEWS, 2010. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/18119102/produtores-devem-ficar-atentos-ao-uso-do-gesso-agricola >, acesso em: 09/06/2023.
SOUZA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. USO DE GESSO AGRÍCOLA NOS SOLOS DO CERRADO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2005. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/568533/1/cirtec32.pdf >, acesso em: 09/06/2023.
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