A giberela, também conhecida como fusariose, é uma doença causada principalmente pelo fungo Fusarium graminearum, que afeta o desenvolvimento das espigas e grãos de trigo. No Brasil, especialmente nas regiões tritícolas do Sul, a doença tem grande impacto econômico, sendo considerada a principal ameaça à produtividade do trigo.
O surgimento da giberela está diretamente relacionado a condições climáticas específicas, como temperaturas entre 20ºC e 25ºC, alta umidade e chuvas contínuas por pelo menos 48 horas.
Os primeiros sintomas aparecem nas aristas das espigas, que se desviam da direção das espiguetas saudáveis, tornando-as “arrepiadas”. À medida que a infecção avança, as aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou de palha. Esses sintomas resultam na formação de grãos leves, que muitas vezes são eliminados na colheita junto com a palha, prejudicando a qualidade e a produtividade. Além disso, os grãos podem conter micotoxinas produzidas pelo fungo, como o deoxinivalenol (DON), comprometendo também os produtos derivados do trigo.
Figura 1: A imagem da esquerda apresenta a arista “arrepiada”. A imagem da direita apresenta a infecção no grão, com uma coloração mais alaranjada.
A infecção pela giberela ocorre predominantemente durante a fase de floração, com as anteras atuando como a principal porta de entrada para o fungo. Em condições climáticas favoráveis, o fungo se dissemina rapidamente pelas espiguetas, podendo infectar toda a espiga. Como consequência, ocorrem danos significativos, como o aborto floral e a má formação dos grãos, o que afeta diretamente a produtividade. Estudos mostram que as perdas médias podem alcançar 18%, com registros de prejuízos superiores a 60% em algumas regiões do Brasil.
O controle da giberela depende crucialmente de um manejo integrado, sendo a aplicação de fungicidas no início do período reprodutivo um dos fatores mais importantes para o sucesso do controle. O uso de fungicidas deve ser feito de forma antecipada, especialmente quando as anteras estão expostas, pois essa é a fase mais vulnerável à infecção. Existem atualmente 52 fungicidas registrados para o controle da giberela no Brasil, sendo os triazóis e misturas de estrobilurina + triazol ou estrobilurina + metconazol os mais eficazes. A aplicação desses fungicidas no início da infestação é essencial para evitar a disseminação do fungo, garantindo uma maior eficiência no controle da doença.
Portanto, para minimizar os danos causados pela giberela, é indispensável que a aplicação de fungicidas ocorra de forma planejada e no momento certo, particularmente durante o início da fase reprodutiva, quando a infecção é mais suscetível ao controle. Somada a outras práticas de manejo, como o uso de cultivares menos suscetíveis e rotação de culturas, essa estratégia é fundamental para proteger a produção de trigo e manter sua qualidade.
Referências bibliográficas
EMBRAPA. Informações gerais sobre giberela em trigo e em cevada. 2004. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do40_2.htm>. Acesso em: 05/09/2024.
REVISTA CULTIVAR. Controle de giberela em trigo. 2022. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/controle-de-giberela-em-trigo>. Acesso em: 05/09/2024.