Hoje, vamos continuar entendendo sobre os mecanismos de ação dos herbicidas.

Já vimos sobre os Inibidores da ACCase, Glutamina sintetase, FSI, FSII, CarotenóidesCrescimento Inicial, PROTOX e ALS.

No texto de hoje vamos compreender o mecanismo de ação dos herbicidas Mimetizadores de Auxinas, também conhecidos como Auxinas Sintéticas.

Este grupo é representado pelos herbicidas: 2,4-D, fluroxypyr, MCPA, picloram, quinclorac, triclopyr e dicamba.

Os herbicidas deste mecanismo de ação são divididos em 4 grupos químicos:

  • ácido benzóico: dicamba;
  • ácido piridinecarboxílicos: fluroxypyr, triclopyr e picloram;
  • ácido fenoxicarboxílicos: 2,4-D e MCPA;
  • ácido quinolinocarboxílico: quinclorac.

Fonte: weedscience.

Vamos ver agora as principais características dos herbicidas Mimetizadores de Auxinas.

Principais características

  • são herbicidas muito utilizados em milho, arroz, trigo, cana-de-açúcar e pastagens;
  • são translocados via xilema e floema, portanto podem controlar plantas perenes;
  • não persistem no solo por mais de uma safra, com exceção do picloram;
  • são usados para o controle de folhas largas;
  • seletivos para gramíneas;
  • são herbicidas muito utilizados em pastagens, para dessecação e controle de arbustos;
  • tomate, uva, algodão, cucurbitáceas e soja são muito sensíveis a este produtos;
  • deve-se tomar cuidado com deriva destes produtos, além da limpeza dos pulverizadores, pois pequenas quantidades já são suficientes para causar injúrias e danos em culturas sensíveis.

Como ocorre o controle das plantas daninhas?

Os herbicidas Mimetizadores de Auxinas afetam o crescimento das plantas como as auxinas naturais (AIA);

Induzem mudanças metabólicas e bioquímicas; sugere-se que estes herbicidas afetam o metabolismo de ácidos nucléicos e a plasticidade da parede celular;

Ocorre a indução de intensa proliferação celular, o que causa epinastia das folhas e caule, interrupção do floema, o que impede o transporte de fotoassimilados das folhas para a raiz;

Agora que vimos como as Auxinas Sintéticas atuam nas plantas, vamos ver quais os sintomas que podemos identificar após a aplicação destes herbicidas. 

Sintomas após a aplicação de herbicidas Mimetizadores de Auxinas

O principal sintomas observado é a epinastia de folhas e retorcimento do caule, além de engrossamento das gemas terminais;

Outros sintomas que podem ser observados são:

  • deformações nas nervuras e no limbo foliar;
  • paralisação do crescimento;
  • engrossamento de raízes;
  • tumores no caule devido a interrupção do floema;
  • a morte da planta é lenta, podendo demorar de 3 a 5 semanas.

Sintomas do herbicida dicamba em soja. Fonte: Herbicide Symptoms.

Sintomas do herbicida 2,4-D em soja.

Sintomas do herbicida 2,4-D em Cyperus rotundus (tiririca).

Casos de resistência no Brasil e no mundo!

No mundo estão registrados 41 casos de resistência a este mecanismo de ação, com 3 ocorrendo no Brasil.

Casos de resistência aos herbicidas Mimetizadores de Auxinas. Fonte: weed science.

No Brasil, existem 3 relatos de resistência a este mecanismo de ação, relacionados à 3 espécies de plantas daninhas.

As espécies de plantas daninhas nas quais foram relatados casos de resistência aos Mimetizadores de Auxinas no Brasil são:

  • Conyza sumatrensis;
  • Echinochloa crus-galli var. crus-galli;
  • Echinochloa crus-pavonis.
Espécie Ano Cultura Local Herbicida Foto
Echinochloa crus-pavonis 1999 arroz Brasil quinclorac
Echinochloa crus-galli var. crus-galli 1999 arroz Brasil quinclorac
Conyza sumatrensis 2017 soja Assis Chateaubriand (PR) Resistência múltipla: 2,4-D (Mimetizador de Auxinas), diuron (FSII), glyphosate (EPSPs), paraquat (FSI) e saflufenacil (PROTOX)

Fonte: weed science.

Vamos ver agora as culturas em que são registrados este mecanismo de ação.

A tabela abaixo foi feita com base no Guia de Herbicidas (2018), nela constam as culturas em que podem ser utilizados os herbicidas deste grupo.

Consulte o guia e a bula de cada produto para verificar o modo de aplicação para que você não tenha problemas com a seletividade dos herbicidas.

Herbicida Culturas
2,4-D arroz/arroz de sequeiro, aveia, café, cana-de-açúcar, manejo em plantio direto, milho, pastagens, soja, sorgo, trigo
fluroxypyr pastagens
MCPA aveia, cana-de-açúcar, cevada, milho, trigo
picloram pastagens
quinclorac arroz irrigado
triclopyr aceiros, áreas não agrícolas, arroz irrigado, eucalipto, ferrovias, linhas de transmissão, oleodutos, pastagens, rodovias
fluroxypyr + triclopyr eucalipto, pastagens
2,4-D + picloram eucalipto (erradicação), pastagens, arroz/arroz de sequeiro, cana-de-açúcar
aminopiralide + fluroxypyr ferrovias, linhas de transmissão, oleodutos, pastagens, rodovias, aceiros, áreas não agrícolas
2,4-D + aminopiralide pastagens
fluroxypyr + picloram pastagens
picloram + triclopyr pastagens
dicamba soja

Curiosidade

O herbicida quinclorac atua como Mimetizador de Auxinas quando aplicado sobre folhas largas, mas em gramíneas seu mecanismo de ação corresponde aos Inibidores da síntese de parede celular, mesmo grupo do herbicida indaziflam.

Conclusão

No texto de hoje entendemos mais sobre o mecanismo de ação do herbicidas Mimetizadores de Auxinas.

Vimos as principais características deste grupo, os casos de resistência, sintomas após a aplicação, como atuam dentro das plantas e em quais culturas podem ser utilizados. 

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre os herbicidas Inibidores da ACCase? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli é Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente está cursando MBA em Agronegócios.

Referências utilizadas neste artigo:

Aspectos de resistência de plantas daninhas a herbicidas. Christoffoleti, P.J.; Nicolai, M. 4ed. Piracicaba: ESALQ, 2016.

Aspectos da biologia e manejo das plantas daninhas / organizado por Patrícia Andrea Monquero – São Carlos: RiMa Editora, 2014.

Biologia e manejo de plantas daninhas / editores: Rubem Silvério de Oliveira Jr., Jamil Constantin e Miriam Hiroko Inoue – Curitiba, PR: Omnipax, 2011.

Proteção de Plantas – Manejo de Plantas Daninhas. Silva, A.A.; Ferreira, E.A.; Pires, F.R.; Ferreira, F.A.; Santos, J.B.; Silva, J. Ferreira.; Silva, J. Francisco.; Vargas, L; Ferreira, L.R.; Vivian, R.; Júnior, R.S.O.; Procópio, S, 2010.

3 COMENTÁRIOS

  1. Bom dia
    Tudo bem.
    Gostaria de saber as vantagens de si usar um produto com dois ou mais principio ativos diferentes mas que agem no mesmo sitio.
    Desde de ja obrigado e parabens pelo trabalho e dedicaçao.

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