Algumas espécies de plantas daninhas se destacam pela sua elevada produção de sementes, combinada com casos de resistência a herbicidas, o que as tornam particularmente um desafio no controle. Entre essas invasoras, temos o caruru e o leiteiro, a presença dessas plantas daninhas na cultura da soja impõe uma competição significativa, resultando na redução da produtividade devido à disputa por recursos essenciais, tais como água, luz e nutrientes.
O leiteiro (Euphorbia heterophylla L.), também conhecido como amendoim-bravo, leiteira, café-do-diabo, diabo do leiteiro, entre outros nomes populares, é uma planta daninha anual, que se reproduz por meio de sementes. Essa espécie encontra-se amplamente distribuída nas principais regiões agrícolas do País, principalmente nos sistemas de produção de grãos, como a cultura da soja (Adegas et al., 2020).
No Brasil, foram registrados casos de resistência do leiteiro (Euphorbia heterophylla L.) aos inibidores da ALS, aos inibidores da EPSP’s e, ainda, resistência múltipla aos inibidores da ALS e aos inibidores da PROTOX (Heap, 2024). Conforme destaca Rizzardi, o controle da espécie é difícil, especialmente após a formação da quarta folha, momento em que aumenta significativamente a probabilidade de rebrote. Além dos casos de resistência, as plântulas dessa espécie apresentam uma notável capacidade de sobrevivência por meio do rebrotamento a partir das gemas adventícias, as quais podem se desenvolver no hipocótilo quando cortadas acima ou abaixo do nó cotiledonar.
Figura 1. Leiteiro (Euphorbia heterophylla).

De acordo com Penckowski et al. (2020), o gênero Amaranthus, ao qual pertence as espécies de caruru, abrange cerca de 60 espécies em todo o mundo, sendo que a semelhança entre essas espécies dificulta sua identificação no campo. Essa planta daninha é considerada agressiva, apresentando ciclo fotossintético C4 que lhe proporciona grande capacidade competitiva. No caso do Amaranthus hybridus, destaca-se pela capacidade de produzir de 200 a 600 mil sementes por planta.
Devido à elevada produção de sementes, as sementes de caruru presentes no banco de sementes apresentam um grande fluxo de emergência. Nesse sentido, a utilização de herbicidas pré-emergentes desempenha um papel importante ao retardar esse fluxo, proporcionando um controle mais efetivo em pós-emergência de plantas que emergem de maneira mais uniforme (Nunes, 2021).
Figura 2. – Amaranthus hybridus em diferentes estádios de desenvolvimento.

O pesquisador Mario Bianchi (2024), destaca a importância de estratégias como a semeadura no limpo e o controle tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência no manejo de espécies como o caruru e o leiteiro. Tais medidas adotadas em conjunto, proporcionam o controle mais eficiente, garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento da cultura.
A utilização de herbicidas pré-emergentes em conjunto com estratégias de aplicação pós-emergência demonstra melhor eficiência no controle de plantas daninhas, contribuindo para a redução da população de plantas que se estabelecem durante o desenvolvimento da soja. Essa estratégia permite que o controle pós-emergência seja conduzido em condições mais favoráveis, tanto em relação ao tamanho das plantas daninhas quanto à sua população. Além disso, é importante lembrar a importância da utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação para evitar a seleção de biotipos resistentes.
A seguir, confira o vídeo completo onde o pesquisador Mario Bianchi fala sobre a importância do uso de herbicidas pré-emergentes no controle eficaz de plantas daninhas.
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Veja mais: Complexidade no manejo do Caruru (Amaranthus spp.)
Referências:
ADEGAS, F. S. et al. Euphorbia heterophylla: UM NOVO CASO DE RESISTÊNCIA AO GLIFOSATO NO BRASIL. Embrapa, comunicado técnico, 98. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1121045/1/ComTec98.pdf >, acesso em: 22/01/2024.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. On-line, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 22/01/2024.
NUNES, A. FLUXO DE EMERGÊNCIA E O USO DE PRÉ-EMERGENTES. Mais Soja, Missão caruru, 2021. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=zZqZbKn45Do >, acesso em: 22/01/2024.
PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRECE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL. Revista Fundação ABC, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 22/01/2024.
RIZZARDI, M. A. PLANTAS DANINHAS: LEITEIRA. Up Herbologia, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://upherb.com.br/int/leiteira >, acesso em: 22/01/2024.
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