Na produção agrícola, é interessante enxergar a lavoura como um sistema de produção que demanda de inúmeras práticas agrícolas que interligadas podem trazer ou não benefícios ao sistema, dependendo do manejo adotado. No Brasil em especial nas regiões aptas ao cultivo do trigo, a rotação com a cultura é muito discutida. Isso por que o elevado custo de produção e preço pago pelo grão desestimulam de certa forma os agricultores em apostar no cultivo.

Contudo, Segundo o Pesquisador da Embrapa José Salvador S. Foloni, o cultivo do trigo deve ser inserido no sistema não como a principal fonte de renda, mas sim pelas características da cultura em trazer benefícios indiretos ao sistema de produção. Dentre os benefícios o Pesquisador destaca:

  • Amortização do custo fixo com inserção do trigo no sistema de produção;
  • Redução dos custos variáveis da soja devido ao trigo antecessor;
  • Ganhos agronômicos do trigo sobre o manejo fitossanitário da soja e
  • Ganhos agronômico do trigo sobre o manejo do solo da soja.


No vídeo, o pesquisador traz dados recentes a nível de propriedade que demonstram uma diminuição dos custos de produção. Conforme abordado por Foloni, uma “economia do custo total de produção da soja de cerca de 20 sc.ha-1” foi observada na fazenda de origem dos dados quando o trigo integrou o sistema de rotação de culturas.

Além disso, a adoção do trigo no sistema de rotação de culturas permite trabalhar com a adubação de sistema, melhorando a distribuição dos fertilizantes por apresentar menor espaçamento das entre linhas de cultivo. Foloni ainda destaca que a soja é muito exigente em potássio, segundo CASTRO et al. (2011), para cada tonelada de grãos produzida certa de 20 kg de K2O são necessária. Conforma mencionado por Foloni, o Potássio se encontra “na forma iônica na planta”, isso facilita a rápida liberação do nutriente nos resíduos culturas do trigo para a cultura da soja, com isso em vista, a adubação de sistema beneficia ambos os cultivos.

Confira as exigências nutricionais da soja clicando aqui!

O trigo também integra outros benefícios ao sistema, segundo DOS SANTOS & TOMM (1999), a adoção da rotação de culturas em sistemas de cultivo plantio direto traz melhorias nas condições físicas, biológicas e químicas do solo, proporcionando melhores condições para o desenvolvimento das culturas sucessoras.

Mas qual é o ganho agronômico quando insiro o trigo no meu sistema de produção?

Agora tratando exclusivamente de características agronômicas, o trigo entrega uma série de benefícios ao sistema de produção. Sendo uma fundamental fonte de palhada, apresentando como características uma relação Carbono/Nitrogênio que permite a palhada persistir por mais tempo na superfície do solo e atuar na proteção contra erosões superficiais e na diminuição da perda de umidade do solo.

Figura 1. Palhada residual de trigo.

Segundo o Eng. Agrônomo Engº Agrº Amélio Dall’Agnol, Pesquisador da Embrapa Soja, por mais que a palha de trigo apresente menores quantidades de massa em relação ao milho safrinha, ela apresenta maior cobertura do solo, auxiliando no controle de plantas daninhas como a buva e o capim-amargoso por exemplo.

Veja também: Trigo como supressor de infestação de capim-amargoso

Outro fato interessante, é que conforme GONÇALVES et al. (2010), em condições de plantio direto, a palhada do trigo apresenta considerável tempo de permanência no solo, sendo necessários cerca de 90 dias para que 30% da massa seca seja degradada (figura 2).

Figura 2. Degradação da palhada de trigo em relação ao tempo (em dias) em condições de plantio direto.

Adaptado: GONÇALVES et al. (2010).

Além disso, Fonoli ainda enfatiza a importante contribuição da palhada do trigo manejo de doenças da soja, principalmente no manejo do mofo branco.

Veja o vídeo abaixo e confira as contribuições que o Pesquisador José Salvador S. Foloni traz para adoção do trigo no sistema de produção.


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Referências:

CASTRO, C. DE. et al. ADUBAÇÃO DA SOJA: O OCASO DO POTÁSSIO. Resumos da XXXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, São Pedro, SP, ago. 2011.

DOS SANTOS, H. P; TOMM, G. O. ROTAÇÃO DE CULTURAS PARA TRIGO, APÓS QUATRO ANOS: EFEITOS NA FERTILIDADE DO SOLO EM PLANTIO DIRETO. Ciência Rural, v. 29, n. 2, 1999.

GONÇALVES, S. L. DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE AVEIA E TRIGO EM FUNÇÃO DO TEMPO E DO MANEJO DO SOLO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n.4, Londrina, 2010.

MAIS SOJA. O MANEJO DO PLANTIO DIRETO PRECISA DE AJUSTES. Disponível em: < https://maissoja.com.br/o-manejo-do-plantio-direto-precisa-de-ajustes/>, acesso em: 29/04/2020.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos –  Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.

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