Desde 2017, por recomendação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os intervalos entre aplicações de fungicidas para controle de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) em soja (Glycine max) passaram de 21 para 14 dias. Isto se deve, principalmente, à redução na sensibilidade do fungo aos principais grupos químicos de fungicidas utilizados para controle de ferrugem. Intervalos mais curtos entre aplicações oferecem maior segurança no manejo de doenças, especialmente em anos de maior pressão e com condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

Objetivo 

O principal objetivo deste estudo foi avaliar distintos intervalos de aplicação de fungicidas para o controle de ferrugem asiática na cultura da soja.

Metodologia 

O trabalho foi conduzido na safra 2018/2019, na área experimental da CCGL em Cruz Alta, RS. Foram avaliados diferentes intervalos de aplicação de fungicidas, bem como diferentes momentos de início das aplicações. Os tratamentos avaliados e os produtos utilizados em cada tratamento são listados na Tabela 1. Sempre que recomendado pela empresa fabricante fez-se uso de adjuvantes. O volume de calda utilizado foi de 150 l/ha.

A cultivar utilizada no experimento foi Brasmax Lança IPRO, semeada em 21/11/2018 e colhida em 08/04/2019. Foram realizadas avaliações de produtividade (sacos/ha) e eficiência de controle de ferrugem (%), baseadas na área abaixo da curva de progresso da doença (ASCPD) de cada tratamento, comparando-se com a testemunha. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Skott Knott a 5% de probabilidade de erro.

Resultados 

As maiores produtividades foram observadas nos tratamentos em que foram reduzidos os intervalos entre as aplicações, especialmente após a terceira aplicação de fungicidas: tratamento 3 (94 sacos/ha), tratamento 4 (93 sacos/ha) e tratamento 5 (95 sacos/ha) (Figura 1). O tratamento 5 contou com uma aplicação a mais de fungicida do que os tratamentos 3 e 4. Embora a aplicação extra tenha resultado em controle superior de ferrugem (Figura 1), nas condições deste ensaio, não se refletiu em incremento de produtividade.

Os tratamentos 2 e 6 apresentaram produtividades similares, 89 sacos/ha e 88 sacos/ha, respectivamente. No entanto, o controle de ferrugem foi superior no tratamento 2, com início no estádio vegetativo (Figura 1). Esse resultado reforça o fato de que aplicações iniciadas no estádio vegetativo da soja, antes do fechamento de linhas, conferem maior segurança ao manejo de doenças.

Figura 1. Produtividade de soja em sacos ha (representada pelas barras azuis) e eficiência de controle de ferrugem (%) (representada pelas barras cinzas), obtidas nos distintos tratamentos realizados na cultivar de soja Brasmax Lança IPRO. Cruz Alta, RS, 2019. Médias de produtividade seguidas pela mesma letra maiúscula e médias de controle de ferrugem seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade de erro.

Conclusão 

Foi possível diferenciar os tratamentos testados em relação à produtividade e ao controle de ferrugem da soja. O início das aplicações de fungicida no estádio vegetativo, antes do fechamento de linhas e a redução nos intervalos das últimas aplicações, momento em que a pressão de ferrugem é maior, mostraram-se práticas eficientes no controle da doença, com reflexos significativos na produtividade de grãos.

À medida que o ciclo avança, as plantas tornam-se mais suscetíveis e a absorção de fungicidas é dificultada. Em anos chuvosos, essa prática tende a apresentar respostas ainda mais significativas, já que o residual das aplicações e a meia vida dos ativos na planta podem ser menores.

Autor: Caroline Wesp Guterres – Doutora em fitotecnia com ênfase em fitopatologia e
Pesquisadora da CCGL

Fonte: CCGL – Pesquisa e Tecnologia

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