ANÁLISE CLIMÁTICA DE JANEIRO: Em janeiro de 2023, assim como no mês anterior, os maiores acumulados de chuva, com volumes que ultrapassaram 300 mm, foram registrados principalmente nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, causados especialmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que contribuiu para a manutenção dos níveis de água no solo e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra na maior parte do país. No Rio  Grande do Sul, Roraima e na costa leste da Região Nordeste, os volumes de chuva foram inferiores a 120 mm, ainda menores que 40 mm em áreas entre Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Essa condição impactou negativamente o armazenamento de água no solo e causou restrição hídrica às lavouras no  Rio Grande do Sul.

Na Região Norte, foram observados grandes acumulados de chuva, superiores a 200 mm, ultrapassando 300 mm em áreas do oeste do Acre, sudeste do Amazonas e divisa com o Pará, mantendo os níveis de água no solo elevados.

Em Roraima, os volumes variaram entre 50 mm e 150 mm, causando uma ligeira redução do armazenamento de água no solo em algumas áreas.

Na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva continuaram a ocorrer em áreas do Matopiba, sul da Bahia e norte do Ceará, com acumulados variando entre 150 mm e 300 mm, mantendo bons níveis de água no solo e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. Já na costa leste da região, foram registrados volumes entre 20 mm e 90 mm, causando redução do armazenamento de água no solo.

Na Região Centro-Oeste, foram registrados acumulados de chuva maiores que 150 mm, chegando a valores superiores a 300 mm em áreas centrais de Mato Grosso e Goiás, mantendo o armazenamento de água no solo em grande parte das áreas produtivas e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. No entanto, o excesso de água e chuvas intensas causaram danos pontuais às lavouras de soja, milho e feijão.

Na Região Sudeste, assim como no Centro-Oeste, foram observados grandes volumes de chuva, acima de 200 mm, em praticamente toda a região, ultrapassando 400 mm em áreas do centro-sul de Minas Gerais. Essas condições foram responsáveis pela manutenção dos níveis de água no solo, favorecendo o desenvolvimento, a floração e o enchimento de grãos dos cultivos de primeira safra nas áreas produtoras. Porém, assim como o CentroOeste, o excesso de chuvas intensas provocou perdas pontuais às lavouras.

Na Região Sul, por sua vez, os volumes de chuva em áreas do oeste do Paraná e de Santa Catarina foram maiores em relação ao mês anterior, com valores acima de 150 mm em ambos estados, importantes para a manutenção dos níveis de água no solo. Já no Rio Grande do Sul, os volumes de chuva inferiores a 90 mm, associados às altas temperaturas e aos eventos de ondas de calor, agravaram o deficit hídrico no solo e impactaram negativamente os níveis dos reservatórios e os cultivos de arroz, feijão, milho e soja.

Assim como em dezembro, os grandes volumes de chuva, registrados durante janeiro, associados à alta nebulosidade, fizeram que as temperaturas ficassem dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. No Rio Grande do Sul, as chuvas irregulares e dias mais ensolarados ocasionaram aumento da temperatura em praticamente todo o estado, além de serem observados eventos de ondas de calor e valores de temperatura máxima superiores a 39 °C.

CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 1º e 28 de janeiro de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias negativas, chegando a valores de até -1,5 °C, indicando ainda a persistência de temperaturas mais frias nessa região. Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante janeiro também permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca à moderada e valores de anomalia próximos a -1 °C. Entretanto, nos últimos dias do mês houve uma ligeira tendência de aumento das temperaturas, chegando a uma anomalia de -0,90 °C.

A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de La Niña devem enfraquecer a partir de fevereiro, com possível transição para condições de neutralidade durante o trimestre fevereiro, março e abril, com probabilidade de 80%.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASI L – PERÍODO FEVEREIRO, MARÇO E
ABRIL DE 2023

Segundo o modelo do Inmet, as previsões climáticas para os próximos três meses são mostradas na figura abaixo. Em grande parte das Regiões Norte e Nordeste, há previsão de chuva dentro ou acima da média climatológica, incluindo as áreas do Matopiba, o que pode auxiliar na manutenção da umidade no solo e beneficiar as culturas na região, como a soja, milho primeira safra e algodão, principalmente em março. Na região do Sealba são previstas chuvas dentro da média.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o estabelecimento da estação chuvosa foi importante para a manutenção e o bom desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. No Centro-Oeste, com exceção de áreas do sul de Mato Grosso do Sul e extremo- norte de Mato Grosso, o modelo indica chuvas dentro ou acima da média climatológica, principalmente em março, o que poderá favorecer a manutenção dos níveis de água no solo e beneficiar
o desenvolvimento e as fases finais dos cultivos de primeira safra, como soja, milho e algodão, e o desenvolvimento do milho segunda safra. Já no Sudeste, com exceção de áreas do Triângulo Mineiro e norte do Espírito Santo, há previsão de chuvas dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente em fevereiro e em abril. Entretanto, os grandes volumes de chuva observados nos últimos meses devem contribuir para a amenização do impacto nas culturas agrícolas, pela disponibilidade de água no solo.

Na Região Sul, por sua vez, a redução das chuvas, justificada principalmente pela persistência do fenômeno La Niña, em especial no Rio Grande do Sul, causou restrição hídrica nos cultivos de primeira safra. Além disso, há previsão de chuvas abaixo da média e que podem reduzir ainda mais os níveis de água no solo, principalmente em áreas da divisa dos três estados da região. Isso pode impactar negativamente as culturas agrícolas que se
encontrarem em estádios fenológicos mais sensíveis, como a soja e milho primeira safra, além da cultura do arroz irrigado, em virtude da redução dos níveis dos reservatórios nas áreas produtoras.

Em relação à temperatura média do ar, o modelo indica temperaturas dentro ou acima da média climatológica em grande parte do Centro-Sul do país, principalmente em áreas de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e nordeste de Mato Grosso. Na Bahia, as temperaturas também podem ficar dentro ou ligeiramente acima da média. Já na Região Norte e na faixa norte da Região Nordeste, as temperaturas podem ficar dentro ou ligeiramente abaixo da média devido à alta nebulosidade e aos acumulados de chuva acima da média previstos no trimestre.

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet, https://portal.inmet.gov.br.

Fonte: CONAB

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