Também conhecida como podridão-radicular-de-fitóftora, a doença fúngica causada pelo patógeno Phytophthora sojae, pode acometer a soja em qualquer período do seu ciclo, sendo mais comum durante a fase vegetativa do desenvolvimento da cultura. A doença é mais preocupante no Sul do Brasil, onde as condições climáticas e ambientais favorecem o desenvolvimento do fungo.
Segundo Henning et al. (2014), a doença tem seu desenvolvimento favorecido por temperaturas médias de 25°C, elevada umidade do solo e solos compactados. Além disso, o patógeno desenvolve estruturas de resistência (oósporos), que permanecem viáveis em restos culturais e no solo por um longo período de tempo, dificultando ainda mais o controle e manejo da doença.
O sintoma observado nas plantas é o escurecimento ascendente, a partir da base da haste, subindo homogeneamente na planta até as ramificações da haste principal. O interior das hastes torna-se escuro e as raízes apresentam apodrecimento. As plantas infectadas tendem a morrer, observando-se grupos de plantas mortas na mesma linha de semeadura (figura 1), o que provoca redução do estande de plantas da lavoura (Roese; Goulart; Soares, 2018).
Figura 1. Sintomas de soja com podridão-radicular-de-fitóftora.

Figura 2. Sintomas de soja com podridão-radicular-de-fitóftora em planta adulta da soja.

Figura 3. Redução do estande de plantas de soja em função da ocorrência de podridão-radicular-de-fitóftora em soja.

Normalmente áreas de beiras de lavoura, com solos compactados e mal drenadas, sofrem mais com a ocorrência da podridão-radicular-de-fitóftora. Em casos mais severos, perdas de produtividade de até 40% podem ser observadas na cultura (Costamilan; Bertagnolli; Moraes, 2007).
As medidas de controle restringem-se à resistência genética das cultivares e ao manejo físico do solo, realizando descompactação e boa drenagem. Atualmente, já são conhecidos genes maiores em soja conferindo resistência completa a Phytophthora sojae. No Brasil, os genes Rps1a, 1b, 1c, 1k, 3a e 8 conferem resistência à maioria das populações de P. sojae, embora altamente eficaz, a resistência completa é específica à população de P. sojae presente no solo (Costamilan et al., 2022).
Contudo, analisando os tratamentos químicos e biológicos de sementes de soja para o controle de Phytophthora sojae, Werner (2020) observou que diferentes isolados de Trichoderma spp, empregados nos tratamentos de sementes de soja, apresentam efeito inibitório sobre o crescimento dos isolados de Phytophthora sojae, Ps 2.4 e Ps 34.1, in vitro, demonstrando ser uma ferramenta promissora para o manejo da doença em soja.
Tabela 1. Classificação segundo a Escala de Bell, Porcentagem de Inibição de Crescimento Micelial (PICM) e Diâmetro Final de Colônia (DFC) de dois isolados de P. sojae submetidos ao confronto direto com diferentes isolados de Trichoderma spp.

Embora maiores estudos necessitem ser realizados para a melhor aplicabilidade do Trichoderma spp a nível de campo para o manejo podridão-radicular-de-fitóftora, a grande capacidade de isolados do Trichoderma em atuar como antagonista do fungo Phytophthora sojae inibindo seu crescimento micelial, demonstra a importante contribuição desse bioagente no manejo da doença. Entretanto, cabe destacar que o emprego do Trichoderma spp no tratamento de sementes da soja não substitui as boas práticas agronômicas para o manejo da podridão-radicular-de-fitóftora, sendo fundamental fazer uso de cultivares resistentes e realizar um adequado manejo do solo.
Referências:
COSTAMILAN, L. M.; BERTAGNOLLI, P. F.; MORAES, R. M. A. PODRIDÃO RADICULAR DE FITÓFTORA EM SOJA. Embrapa, Documentos, n. 79, 2007. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do79.pdf >, acesso em: 29/07/2022.
HENNING. A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 29/07/2022.
ROESE, A. D.; GOULART, A. C. P.; SOARES, R. M. PODRIDÃO-DE-FITÓFTORA EM SOJA AVANÇA NO CENTRO-OESTE. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 235, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/181805/1/COT-235-2018-FINAL.pdf >, acesso em: 29/07/2022.
WERNER, C. J. TRATAMENTOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DE SEMENTES DE SOJA PARA O CONTROLE DE Phytophthora sojae. Universidade Federal de Santa Maria, Dissertação de Mestrado, 2020. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/handle/1/21095 >, acesso em: 29/07/2022.
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