O mercado brasileiro de arroz em casca segue pressionado, com novas retrações nos preços. Na média do Rio Grande do Sul — principal estado produtor —, o indicador para o produto com 58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista fechou o dia 17 em R$ 66,09 por saca de 50 quilos, queda de 13,1% em relação ao mesmo período do mês anterior. Quando comparado a junho de 2024, a desvalorização atingia expressivos 41,4%.
Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Élcio Bento, o setor vive um dos momentos mais críticos dos últimos anos, marcado por desequilíbrio estrutural, margens apertadas e baixa liquidez. “A demanda interna estagnada e a concorrência com o arroz mais barato, proveniente de países do Mercosul e dos Estados Unidos, impedem a recuperação dos preços, mesmo com a retenção de oferta por parte dos produtores — o que agrava a perda de competitividade e a crise de confiança no mercado”, explica.
Diante desse cenário, crescem as expectativas de uma intervenção governamental. “Informações de bastidores indicam que o governo federal estuda anunciar, ainda antes do lançamento oficial do Plano Safra, a compra pública de cerca de 500 mil toneladas de arroz”, relata Bento. A medida, articulada como resposta à pressão crescente dos produtores, incluiria valores de aquisição em torno de 20% acima do preço mínimo oficial — atualmente entre R$ 62 e R$ 63 por saca.
Isso resultaria em preços na faixa de R$ 75 a R$ 76 no Sul do país, e até R$ 90/saca (60 kg) em regiões fora do eixo tradicional de produção. “A operação, prevista para ocorrer em julho, combinaria a realização de leilões de opção de compra pelo governo, seguidos por leilões de troca, com entrega do produto nos mercados do Norte e Nordeste”, enumera o consultor.
A armazenagem, o beneficiamento e a logística ficariam sob responsabilidade dos engenhos locais, que desempenhariam um papel estratégico na operacionalização da medida. “Contudo, dois desafios importantes ainda dificultam o avanço da proposta: a limitação da capacidade de armazenagem — já saturada em muitos polos — e a escassez de recursos orçamentários para custear a operação”, finaliza o analista.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News