Com a adoção do cultivo do milho safrinha, principalmente nas regiões mais quentes, alguns cuidados precisam ser tomados especialmente no que diz respeito ao controle de pragas e doenças. Em especial, uma praga a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) preocupa os agricultores por ser o principal vetor do Enfezamento do milho. Segundo o Pesquisador da Embrapa Walter Meirelles, “o enfezamento é uma doença sistêmica causada por um microrganismo muito semelhante ao uma bactéria, conhecidos vulgarmente como Molicutes” e pode acarretar baixa produtividade do milho. Há basicamente duas formas de Enfezamento, o Enfezamento Pálido e o Enfezamento Vermelho. Conforme citado por DE OLIVEIRA et al. (2003), o enfezamento pálido é causado por um espiroplasma (Spiroplasma kunkelli Whitcomb) e o enfezamento vermelho, por um fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma). Os dois são pertencentes à classe Mollicutes e transmitidos de forma persistente pela cigarrinha Dalbulus maidis.

Segundo WAQUIL (2004), em um primeiro momento, a planta infectada com Enfezamento Pálido apresenta como sintomas largas listras descoloridas, amaleradas e/ou verdes-limão na base das folhas infectadas. Após, todas as folhas emitidas pela planta apresentam os mesmos sintomas, podendo as folhas mais velhas apresentarem coloração amarelada ou tons avermelhados.

Dependendo do estágio de desenvolvimento em que a planto foi infectada, pode apresentar encurtamento dos entrenós (figura 1), deformação de “bonecas” e espigas, ou até mesmo a total ausência da inflorescência feminina. Contudo, WAQUIL (2004) destaca que os sintomas podem variar de acordo com o estádio do desenvolvimento em que a planta foi infectada e sua resistência, podendo nem se manifestarem em alguns casos.

Figura 1. Enfezamento pálido do milho.

Fonte: DE OLIVEIRA & SABATO (2018).

Já no que diz respeito aos sintomas do Enfezamento vermelho, segundo WAQUIL (2004) em um primeiro momento as folhas mais velhas tornam-se avermelhadas, após todas as folhas da planta passam a apresentar coloração avermelhada. Também pode ocorrer o encurtamento dos entrenós, perfilhamento, interferências no desenvolvimento das espigas e enchimento de grãos, além disso, em alguns casos ocorre a germinação prematura dos grãos na espiga.

Figura 2. Enfezamento vermelho do milho.

Fonte: DE OLIVEIRA et al. (2009).

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é o principal vetor da doença, e segundo Walter Meirelles as condições ambientais do cultivo do milho safrinha (altas temperaturas) favorece o desenvolvimento e reprodução da praga.

Figura 3. Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).

Adaptado: DE OLIVEIRA & SABATO (2018).

Com isso, o controle da doença se resume basicamente em controlar a cigarrinha, sendo que dessa forma não havendo o principal vetor, as chances de ocorrência do Enfezamento são mínimas.



Segundo DE OLIVEIRA et al. (2003), o manejo da doença consiste basicamente no uso de cultivares de milho resistentes, na adoção de rotação de cultura e interrupção de cultivos de milho sucessivos, na destruição de plantas voluntárias (milho tiguera), além da adequação da época de semeadura. Alternativas de controle como o tratamento de sementes também apontam resultados positivos, DE OLIVEIRA et al. (2007) encontraram resultados que demonstram que o tratamento de sementes de milho reduzem a população inicial da cigarrinha-do-milho, em especial quando esta se alimenta das plântulas até o nono dia após a emergência, contudo somente o tratamento de sementes não garante a redução da incidência do Enfezamento.

Em vídeo, o Pesquisador Walter Meirelles explica os toda a dinâmica de infecção da doença, bem como seus sintomas, as práticas de manejo mais adequadas, o controle da cigarrinha e muito mais.

Confira o vídeo abaixo intitulado  “Palestra online: Milho – Cigarrinha e Enfezamentos”, divulgado pelo canal da EMBRAPA – Radar da Tecnologia


Inscreva-se no canal: Embrapa – Radar da Tecnologia Soja clicando aqui!!!


Referências:

DE OLIVEIRA, C. M. CONTROLE QUÍMICO DA CIGARRINHA-DO-MILHO E INCIDÊNCIA DOS ENFEZAMENTOS CAUSADOS POR MOLICUTES. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.42, n.3, p.297-303, mar. 2007.

DE OLIVEIRA, C. M; SABATO, E. O. ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE DALBULUS MAIDIS, PARA CONTROLE DE ENFEZAMENTOS E VIROSE NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Capítulo em livro técnico (Infoteca-e), n.25, p. 749-780, 2018.

DE OLIVEIRA, E. et al. ENFEZAMENTOS, VIROSES E INSETOS VETORES EM MILHO – IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Embrapa, Circular Técnica, n.26, 2009.

DE OLIVEIRA, E. et al. Incidência de viroses e enfezamentos e estimativa de perdas causadas por molicutes em milho no Paraná. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 38, n. 1, p. 19-25, jan. 2003.

WAQUIL, J. M. CIGARRINHA-DO-MILHO: VETOR DE MOLICUTES E VÍRUS. Embrapa, Circular Técnica, n.41, 2004.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.