O nabo-forrageiro (Raphanus sativus) é uma espécie de planta de cobertura com seu cultivo já consolidado no estado do Rio Grande do Sul, especialmente precedendo a cultura do trigo. Conforme destacado por Doneda et al., o nabo-forrageiro pode produzir até 8,3 Mg.ha-1 de matéria seca em condições adequadas para seu desenvolvimento. Aliado a isso, a grande capacidade em cobrir a superfície do solo promovendo boa  cobertura a ele conforme observado por Wolschick et al. (2016) faz do nabo forrageiro uma interessante planta para inserção no sistema plantio direto.

Conforme destacado por Tiago Hörbe, Pesquisador da CCGL, outra característica importante do nabo-forrageiro está relacionada ao seu sistema radicular. Tiago enfatiza em virtude do vigoroso sistema radicular do nabo-forrageiro, quando cultivado em condições adequadas de população de plantas, essa espécie pode contribuir para melhoria da qualidade do solo, possibilitando inclusive maior taxa de infiltração de água no solo e a melhoria de atributos físicos e biológicos dele.

Figura 1. Sistema radicular de plantas de nabo-forrageiro utilizado como planta de cobertura.

Fonte: Rede Técnica Cooperativa – RTC

Outro benefício importante relacionado ao cultivo do nabo-forrageiro é ciclagem de nutrientes do solo. Conforme observado por Wolschick et al. (2016), o nabo-forrageiro esta entre as plantas de cobertura com maior capacidade em ciclar macronutrientes do solo, nutrientes esses os quais estarão disponíveis para a cultura sucessora após a decomposição dos resíduos culturais do nabo-forrageiro. Dentre os principais nutrientes ciclados pelo nabo-forrageiro podemos destacar o Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Fósforo (P), Potássio (K) e o Nitrogênio (N).

Tabela 1. Acúmulo (kg ha-1) de nutrientes na parte aérea e nas raízes de diferentes plantas de cobertura.

Adaptado: Wolschick et al. (2016)

 Entretanto, “nem tudo são flores”, embora o nabo-forrageiro possua uma grande capacidade em cobrir a superfície do solo com seu dossel, em algumas situações espécies de plantas daninhas podem se desenvolver sob o dossel da cultura a exemplo do azevém (Lolium multiflorumI). Por se tratar de uma espécies de planta daninha pertencente a mesma família do trigo e por apresentar grande similaridade com ele, sua presença no estabelecimento da lavoura de trigo é altamente indesejado, uma vez que o controle em meio a cultura pode ser extremamente difícil.



Conforme destacado pelo Pesquisador da CCGL Mário Bianchi, para evitar o desenvolvimento do azevém no cultivo do nabo-forrageiro precedendo a cultura o trigo, o ideal é realizar a implantação do nabo-forrageiro em ambiente livre de plantas daninhas, em especial do azevém ou demais gramíneas. Caso ocorra o desenvolvimento do azevém durante o ciclo do nabo, o pesquisador aconselha a dessecação antecipada do nabo-forrageiro para controle do azevém, impedindo assim que essa daninha permaneça na área de cultivo do trigo durante o estabelecimento da lavoura.

Sendo assim, deve-se atentar para o monitoramento de plantas daninhas na cultura do nabo, especialmente quando ela irá preceder culturas como o trigo, dando atenção especial para daninhas da mesma família como o azevém.

Confira o vídeo abaixo com as dicas dos pesquisadores da CCGL Tiago Hörbe e Mário Bianchi.


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Referências:

DONEDA, A. et al. FITOMASSA E DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE PLANTAS DE COBERTURA PURAS E CONSORCIADAS. R. Bras. Ci. Solo, 36:1714-1723. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/QPF8jdNnNzVkgCw6xJfbMvw/?lang=pt&format=pdf >, acesso em: 22/06/2021.

WOLSCHICK, N. H. et al. COBERTURA DO SOLO, PRODUÇÃO DE BIOMASSA E ACÚMULO DE NUTRIENTES POR PLANTAS DE COBERTURA. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.2, p.134-143, 2016. Disponível em: < https://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/download/223811711522016134/pdf_32/25737 >, acesso em: 22/06/2021.

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