O desenvolvimento de algumas doenças da soja depende das condições de clima e ambiente, estando condicionada a esses fatores, entre outros. A ocorrência de fenômenos atmosférico-oceânicos como La Niña ou El Niño podem beneficiar o desenvolvimento de algumas doenças dependendo da região de cultivo e exigências do patógeno.
Conforme destacado por Henning et al. (2014), doenças como o Oídio (Microsphaera difusa) e o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) tem seu desenvolvimento favorecido por condições de temperaturas amenas. Com relação a umidade relativa do ar, enquanto o oídio é favorecido por condições de baixa umidade relativa do ar, o mofo-branco tem seu desenvolvimento favorecido por condições de alta umidade relativa do ar.
Em virtude dos diferentes efeitos observados com a ocorrência de fenômenos como o La Niña (aumento de chuvas no Norte e Nordeste; secas no Sul e imprevisibilidade no Centro-Oeste), essas entre outras doenças fungicas podem ter seu desenvolvimento favorecido dependendo do local de cultivo da soja.
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Em vídeo o professor e pesquisador Marcelo Madalosso chama atenção para a ocorrência de doenças frente as condições climáticas para a próxima safra, destacando a influência do fenômeno La Niña, especialmente se tratando do desenvolvimento de oídio e mofo-branco. Áreas onde no inverno se realizou o cultivo de espécies hospedeiras do mofo-branco devem receber atenção especial, sendo indispensável o monitoramento das lavouras em sucessão, visando identificar o desenvolvimento do mofo-branco.
O mofo-branco apresenta uma particularidade que é a formação de estruturas reprodutivas altamente resistentes, denominadas escleródios. Os escleródios podem estar presentes em resíduos culturais de plantas hospedeiras do fungo, a exemplo do nabo-forrageiro ou até mesmo em sementes de soja oriundas de áreas com mofo-branco e mal beneficiadas (figura 1).
Figura 1. Escleródios de mofo-branco em sementes de soja.
Os escleródios de mofo-branco são a principal forma de entrada da doença na lavoura. Sob condições adequadas de umidade e temperatura eles germinam dando origem a mais um ciclo da doença, sendo assim, a atenção deve ser redobrada em áreas onde se identifica a presença de escleródios de mofo-branco. Conforme destacado por Meyer et al. (2018), para cada ponto percentual de aumento da incidência de mofo-branco ocorre uma redução média na produtividade da soja de 17,2 kg ha-1, já para oídio, segundo Igarashi et al. (2010), os danos podem representar perdas de produtividade de até 50% em soja.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do professor e pesquisador Marcelo Madalosso.
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Referências:
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/991687/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 29/09/2021.
IGARASHI, S. et al. DANOS CAUSADOS PELA INFECÇÃO DE OÍDIO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA SOJA. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.77, n.2, p.245-250, abr./jun., 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/aib/a/wVGKLGVN9mt3t47xWYhQGjc/?lang=pt# >, acesso em: 29/09/2021.
MEYER, M. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia sclerotiorum) EM SOJA, NA SAFRA 2017/18: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 140, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/181852/1/CT140-mofo-branco-OL.pdf >, acesso em: 29/09/2021.
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