O manejo fitossanitário na cultura da soja é essencial para reduzir as perdas produtivas e qualitativas em função da ocorrência de doenças que possam prejudicar o crescimento e desenvolvimento vegetal, causando além de redução da produtividade, perda da qualidade dos grãos ou sementes produzidas. Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus já foram identificadas no Brasil (Grigolli & Grigolli, 2019).

Tendo em vista a gama de doenças que podem acometer a soja, o adequado tratamento de sementes, assim como o posicionamento de fungicidas é essencial para a boa sanidade da lavoura. Contudo, algumas estratégias contemplando características do sistema de produção podem contribuir para a redução da pressão de inóculo de doenças sobre a soja.

Isso por que uma grande parte dos fungos causadores de doenças em soja são considerados necrotrófico. Os fungos necrotróficos apresentam uma fase parasitária sobre a planta hospedeira e outra saprofítica sobre seus restos culturais, sendo chamados de parasitas facultativos. Vários fungos em soja têm esta característica, tais como: Cercospora sojina (mancha olho-de-rã), Cercospora kikuchii (cercosporiose), Septoria glycines (mancha-parda), Colletotrichum truncatum (antracnose), Corynespora cassiicola (mancha-alvo), Sclerotinia sclerotiorum (mofo-branco), Phomopsis sojae (queima da haste e da vagem) e outros. Estes fungos sobrevivem em sementes e restos culturais, portanto, sua fonte de inóculo está na própria lavoura a ser cultivada (Forcelini, 2010), principalmente nos resíduos culturais e no solo.

Contudo, três fatores básicos são necessários, o hospedeiro, o patógeno e o ambiente, onde a interação entre ambos, dentro das condições adequadas, propicia o desenvolvimento da doença. Como visto que uma grande variedade de patógenos pode sobreviver no solo e nos resíduos culturas, um dos principais veículos de infecção é a chuva.

O impacto da gota da chuva no solo, pode resultar em respingos de água/solo sobre as folhas do terço inferior da planta. Esses respingos podem atuar como veículo para a transmissão de inóculos de fungos, contribuindo para o desenvolvimento de doenças nas folhas do “baixeiro” (terço inferior) da planta.

Figura 1. Á esquerda, área de trigo com palhada; à direita, área de trigo sem palhada. Detalhe da presença de manchas foliares causadas por fungos necrotróficos.

Esse fenômeno tem sua ação potencializada em lavouras com pouca cobertura do solo e/ou solo exposto, possibilitando maior movimentação de solo pela gota da chuva. Logo, como um dos principais objetivos da palhada é reduzir o impacto da gota da chuva, a boa cobertura do solo com palhada residual pode ser uma importante estratégia de manejo para reduzir a pressão de inóculo fúngico sobre a soja.

Figura 2. À esquerda área de soja sem palhada; à direita, área de soja com palhada. Influência da cobertura do solo sobre a sanidade da cultura.

Fotos: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas

Sobretudo, a presença da palhada na superfície do solo não reduz a necessidade da aplicação de fungicidas no manejo fitossanitário, especialmente de forma preventiva a ocorrência de doenças, contudo, contribui para o aumento da eficiência do manejo fitossanitário, em especial quando realizada adequadamente a rotação de culturas no sistema de produção.

Confira abaixo as dicas do Professor e Pesquisador Marcelo Madalosso.


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Referências:

FORCELINI, C. A. DOENÇAS EM SOJA: ENTENDENDO AS DIFERENÇAS ENTRE BIOTRÓFICOS E NECROTRÓFICOS. Revista Plantio Direto, n. 7, 2010. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/120/3.pdf >, acesso em: 28/11/2022.

GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2018/2019, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 28/11/2022.

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