Assim como nas demais culturas agrícolas, na soja o manejo de pragas é fundamental pare evitar perdas de produtividade de qualidade dos grãos. Dependendo da finalidade do cultivo, esses cuidados necessitam ser redobrados, a exemplo da produção de sementes.
Dentre as pragas de maior expressão econômica na cultura da soja os percevejos destacam-se. A praga não compromete a produtividade da soja quando incide sobre o período vegetativo da cultura, entretanto pode ser vetor de doenças virais. Embora as perdas de produtividade no período vegetativo não sejam significativas, segundo Juliano Farias, Professor da URI – Santo Ângelo, o monitoramento das áreas de cultivo nesse período é fundamental para o posicionamento de práticas de manejo no período reprodutivo.
Segundo Juliano, embora o percevejo barriga-barriga verde apresente participação significativa nos cultivos de soja, em especial a espécie Dichelops furcatus no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e a espécie Dichelops melacanthus do Paraná ao norte brasileiro, o destaque vai para o percevejo-marrom Euschistus heros que domina o cenário nacional da produção agrícola.
Figura 1. Percevejo-marrom Euschistus heros.

Foto: Alessandro Tadeu.
Segundo Panizzi; Bueno; Silva (2012), a duração média em dias do percevejo-marrom de ovo a adulto é de aproximadamente 28,4 dias a uma temperatura média de 25°C, fato que possibilita a rápida multiplicação da praga no campo.
Figura 2. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-marrom.

Os danos ocasionados na soja podem ser de ordem quantitativa e qualitativa, dependendo da intensidade do ataque e estádio do desenvolvimento da soja. Juliano destaque que quanto mais cedo ocorre o ataque dos percevejos no período reprodutivo da soja, maiores são os danos quantitativos, já quanto mais tarde o ataque dos percevejos no período reprodutivo da soja, maiores os danos qualitativos, sendo fundamental atenção a esses principalmente se tratando da produção de sementes.
Figura 3. Danos ocasionados por percevejo em sementes de soja. A – Sementes sem danos visíveis; B – Sementes com puncturas, mas sem deformação; C – Sementes com punctura e com deformação; D – Sementes totalmente deformadas.

Farias destaca que R3 – R4 são os períodos onde o ataque dos percevejos pode acarretar maiores danos quantitativos e consequentemente maiores perdas de produtividade, já os maiores danos qualitativos são ocasionados quando a soja é atacada pela praga em R6. Juliano enfatiza que as perdas de produtividade de soja decorrentes do ataque do percevejo-marrom em densidades populacionais de um percevejo por metro quadrado podem chegar a 1,5 sc.ha-1.
Dentre as praticas de manejo recomendadas para o controle da praga destacam-se o monitoramento da área de cultivo, esse que deve ter início ainda no período vegetativo da cultura; o controle de plantas daninhas nos períodos safra e entressafra da soja, eliminando plantas hospedeiras dos percevejos; a escolha do produto adequado para o controle da praga e cuidados com a tecnologia de aplicação dos defensivos.
Além disso, práticas como a rotação de culturas e a utilização de cultivares tolerantes podem ser alternativas sustentáveis para minimizar os danos ocasionados pela praga. Em áreas que privilegiam o sistema soja – milho safrinha, é fundamental atenção ao manejo de percevejos também nos estádios finais do desenvolvimento da soja, visando diminuir a pressão de pragas no início do desenvolvimento do milho.
Veja também: Embrapa lança Tecnologia Block de tolerância a percevejos na soja
Confira abaixo o vídeo com as dicas do Professor Juliano Faria
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Referências:
BELORETE, L.C. et al. DANOS CAUSADOS POR PERCEVEJOS (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) EM CINCO CULTIVARES DE SOJA (glycine max (L.) MERRILL, 1917) NO MUNICÍPIO DE ARAÇATUBA, SP. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.70, n.2, p.169-175, abr./jun., 2003.
PANIZZI, A. R.; BUENO, A. F.; SILVA, F. A. C. SOJA: MANEJO INTEGRADO DE INSETOS E OUTROS 336 ARTRÓPODES-PRAGA. INSETOS QUE ATACAM VAGENS. Embrapa Soja, 2012.