O texto de hoje é sobre o capim-amargoso (Digitaria insularis).
Capim-amargoso: saiba sobre sua biologia e como você pode controlar esta espécie.
Você já viu em outros informativos aqui no site o prejuízo que o capim-amargoso pode ocasionar na soja.
Segundo Gazziero et al. (2019), 6 plantas de capim-amargoso por metro quadrado, podem reduzir cerca de 40% a produtividade da soja.
A redução na produtividade e o aumento dos custos de controle são ainda maiores em áreas em que são encontradas plantas daninhas resistentes à herbicidas.


Uma das grandes problemáticas sobre esta planta daninha, é que em 2008 foram encontrados biótipos de capim-amargoso resistente ao glifosato em lavouras de soja e milho no Estado do Paraná.
Já, em 2016, foram encontrados biótipos resistentes aos herbicidas fenoxaprop e ao haloxyfop, ambos Inibidores da ACCase, os conhecidos graminicidas.
Vamos agora conhecer um pouco sobre a biologia desta espécie.
O capim-amargoso apresenta crescimento inicial lento até os 45 dias, após este período até os 105 dias torna-se acelerado e, após os 105 dias as folhas começam a morrer.
É uma gramínea de ciclo perene, podendo durar mais de dois anos. Possui como forma de reprodução sementes e rizomas e, durante o seu desenvolvimento forma touceiras.

Por ser uma planta de metabolismo C4, em condições de baixas temperaturas e/ou sombreamento podem ter desvantagem em relação às outras plantas que tenham o desenvolvimento mais rápido.
Assim, segundo Machado et al. (2006), o ideal é que o controle seja realizado até os 35 dias após a emergência, pois neste momento os rizomas ainda não foram formados.
A emissão das inflorescências ocorre em torno de 63 a 70 dias após a emergência.

O capim-amargoso produz uma grande quantidade de sementes, que são facilmente disseminadas pelo vento.
Os rizomas possibilitam que as plantas de capim-amargoso se recuperem da ação dos herbicidas e de corte mecânico proporcionados, por exemplo pela roçada.
O capim-amargoso foi uma das plantas daninhas que foram beneficiadas pela adoção do sistema de plantio direto. Isso porque, antes as sementes desta espécie eram enterradas, o que dificultava a sua germinação e emergência.
Como controlar?
Atualmente, os método químico é o mais utilizado. Entretanto, excelentes resultados são observados quando utilizado o manejo integrado de plantas daninhas, principalmente na associação dos métodos mecânico e químico.
Segundo Soares e Ramiro López-Ovejero (2012), são mais de 12 ingredientes ativos, com pelo menos 7 mecanismos de ação diferentes. Além disso, outros fatores a serem observados são: a época de aplicação e o estádio fenológico do capim-amargoso.
Dentre os herbicidas registrados estão:
- Herbicidas sistêmicos pertencentes aos Inibidores da ACCase (graminicidas): cletodim, setoxydim, haloxyfop, fluazifop, cletodim + fenoxafrop, tepraloxydim;
- Herbicida sistêmico pertencente aos Inibidores da EPSPs: glifosato;
- Herbicidas de contato: paraquat, diuron + paraquat e glufosinato;
- Herbicidas aplicados em pré-emergência, com ação residual: alachlor e s-metolachlor.
O ideal é que as plantas de capim-amargoso sejam controladas no início do desenvolvimento, com no máximo 4 perfilhos, sendo o ideal até 2 perfilhos.
Para isso, a dessecação deve ser realizada antes da floração, durante a fase vegetativa, quando a planta está com 15 a 20 cm de altura.

Conclusão
O capim-amargoso está entre as principais plantas daninhas que causam prejuízos na cultura das soja. Seu controle é dificultado devido a elevada produção de sementes e rizomas, que conferem à planta alta capacidade de rebrota e alta taxa de dispersão. O ideal é que o controle seja realizado no início de desenvolvimento da planta daninha.
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Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios.