No cenário atual, em que os reflexos das mudanças climáticas estão sendo sentidos diariamente pelas pessoas ao redor do mundo, o algodão é a opção mais sustentável disponível. Matéria-prima natural, de menor impacto ambiental e 100% biodegradável, ele tem perdido espaço no comércio global para as fibras sintéticas (mais baratas, mais poluidoras e menos duráveis). Durante a 28ª edição da Conferência de Mudanças Climáticas (COP) da Organização das Nações Unidas, que ocorre até 12 de dezembro em Dubai (EAU), o Brasil quer mostrar que essa história pode – e deve – ser mudada.

 

“O consumidor prefere o algodão, porque é mais confortável, mais fresco ao vestir e tem mais qualidade. O agricultor quer continuar produzindo, porque já aprendeu a cultivar de forma responsável, minimizando impactos e criando ativos ambientais que ajudam na gestão climática”, explica Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa).

 

Durante a COP28, o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte Monteiro, estará no painel “Diálogos de Produção Verde: Revelando Práticas Sustentáveis e Histórias de Sucesso em Carne Bovina e Algodão”. Será no dia 10/12 ao meio-dia (hora local). Há pelo menos três anos, a Abrapa tem levado para a COP cases de sustentabilidade e transparência da cotonicultura brasileira.

 

Neste ano, a presença terá função dupla. A primeira missão é mostrar como o modelo de produção de algodão brasileiro pode contribuir para o desafio das mudanças climáticas. Em segundo lugar, o objetivo é apresentar o sistema de rastreabilidade total dos fardos – que acompanha, com transparência, a jornada do produto desde as fazendas de origem até as indústrias, permitindo também o monitoramento dos benefícios ambientais do algodão.

 

“Entre as fibras têxteis de maior apelo comercial, o algodão é o que menos emite dióxido de carbono (CO²)”, pontua o diretor da Abrapa, citando dados de 2018 do International Cotton Advisory Committee (ICAC).

 

Ele lembra que, hoje, o País se destaca por ter mais de 80% de toda sua produção com certificação socioambiental. “Nas últimas décadas, o brasileiro desenvolveu um jeito próprio de cultivar. Aliamos eficiência, fazendo rotação de culturas e adotando a agricultura regenerativa, à responsabilidade. Quando a fazenda adere ao nosso protocolo de certificação socioambiental, ela se torna um ambiente seguro e digno para as pessoas trabalharem e também uma unidade de preservação ambiental, sem deixar de ser rentável”, afirma o diretor.

 

O protocolo citado por ele é o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), instituído em 2012 e que, hoje, abrange 82% de toda a produção nacional de algodão. A Scheffer, empresa agropecuária de Mato Grosso, possui fazendas certificadas pelo protocolo ABR. O sucesso de suas práticas regenerativas, totalmente rastreáveis, também será apresentado no painel da Abrapa pela diretora Comercial, Financeira e de Sustentabilidade da Scheffer, Fabiana Furlan.

 

“Toda nossa produção é monitorada da lavoura até o embarque, e os fardos que são exportados são rastreáveis por radiofrequência. Essa transparência é fundamental para que o mercado saiba que, no Brasil, o algodão é responsável e tem qualidade”, antecipa a executiva.

 

Dados do United States Departament of Agriculture (USDA) posicionam o Brasil como terceiro maior produtor e segundo maior exportador de pluma no mundo. Estimativas da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) indicam que, entre julho de 2023 e junho de 2024, as exportações somarão 2,4 milhões de toneladas – 60% a mais que no ciclo anterior.

 

A presença da Abrapa na COP28 atende a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Ao lado da Anea, Abrapa e Apex-Brasil desenvolvem o Cotton Brazil – marca que representa a cadeia produtiva do algodão no mundo. Além da Abrapa, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) participa do painel com cases sobre a produção de carne brasileira.

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