O milho desempenha importante papel na rotação de culturas com a soja, sendo também uma importante cultura comercial para o sistema de produção agrícola. Além de possibilitar o controle de pragas e plantas daninhas com a utilização de defensivos distintos aos utilizados em soja, o milho tem importante papel no sistema plantio direto, sendo uma das culturas mais importantes para a produção de palhada para a cobertura do solo.
Em virtude de suas exigências edafoclimáticas e das condições ambientais encontradas em território nacional, é possível que o milho seja cultivado nas modalidades de safra e/ou safrinha. Segundo dados da Conab (2021), na safra passada foram cultivados cerca de 19.823,9 mil hectares de milho, resultando em uma produtividade média de aproximadamente 4.371 kg.ha-1.
Além do planejamento do sistema de produção e das boas práticas agronômicas, para a obtenção de boas produtividades de milho e redução do risco de perda de produção é preciso realizar um adequado posicionamento de cultivares. Conforme destacado por Geomar Corassa, Gerente de Pesquisa da CCGL, os híbridos de milho podem ser classificados em ofensivos e defensivos.
Os híbridos ofensivos são compreendidos como aqueles de alto teto produtivo, mas que também apresentam alta exigência em fertilidade do solo, e não toleram períodos de estresse hídrico. Embora a exigência hídrica possa variar de acordo com a cultivar, segundo Meirelles et al. (2003), em fases de maior requerimento hídrico, o milho pode evapotranspirar até 12,9 mm.dia-1. Nessas situações, a deficiência hídrica pode resultar em significativa redução da produtividade do milho, especialmente se tratando de híbridos ofensivos. Logo, esses híbridos devem ser posicionados em melhores ambientes.
Já híbridos defensivos, apresentam maior estabilidade produtiva e normalmente maior tolerância a limitações hídricas. Logo, híbridos ofensivos devem ser posicionados em lavouras de alto nível tecnológico sob melhores condições de ambiente, enquanto híbridos defensivos, podem ser posicionados em lavouras de menor nível tecnológico, e em ambientes mais desfavoráveis.
Assim como a escolha e posicionamento da cultivar, a definição do período de semeadura é essencial para reduzir os riscos decorrentes da influência de fatores ambientais. Para isso, deve-se seguir as orientações do Zoneamento Agrícola de Risco Climática (ZARC) estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Clique aqui e confira as recomendações técnicas estabelecidas no ZARC.
A escolha e posicionamento de cultivares ainda pode ser vista como uma ferramenta de manejo para o controle de pragas e doenças do milho. Com o avanço do melhoramento genético é natural observar híbridos de milho com tolerância/resistência a certas pragas e doenças. Um exemplo é a tolerância de híbridos de milho aos enfezamentos, transmitidos pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis). Essas doenças podem causar drásticas redução da produtividade do milho, ou até mesmo comprometer a viabilidade da lavoura.
Veja mais: Cigarrinha-do-milho – entenda o que é enfezamento e seu controle
Conforme observado por Cota et al., existe variação entre a tolerância de híbridos aos enfezamentos (Figura 1). Sendo assim, além de posicionar os híbridos de acordo com as condições de clima, ambiente e nível tecnológico, deve-se dar atenção para a tolerância do híbrido a pragas e doenças, especialmente em áreas com histórico de ocorrência.
Figura 1. Relação de híbridos de milho ao complexo dos enfezamentos em Sete Lagoas, MG, safra 2018/2019.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do Gerente de Pesquisa da CCGL, Geomar Corassa.
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Referências:
CONAB. ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA: GRÃOS, SAFRA 2020/21. Companhia Nacional de Abastecimento, 11° Levantamento, 2021. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos >, acesso em: 13/08/2021.
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/arquivos/Cartilhacigarrinhaeenfezamentos_Embrapa.pdf >, acesso em: 13/08/2021.
MAPA. ZONEAMENTO AGRÍCOLA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2017. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/riscos-seguro/programa-nacional-de-zoneamento-agricola-de-risco-climatico/zoneamento-agricola >, acesso em: 13/08/2021.
MEIRELLES, M. L. et al. EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM PLANTIO DE MILHO NO CERRADO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 84, 2003. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2009/25078/1/bolpd_84.pdf >, acesso em: 13/08/2021.
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