No município de Francisco Badaró-MG (no Vale do Jequitinhonha), o produtor rural Jorge Gonçalves não precisa mais comprar ração para o gado. Nas últimas duas safras, com a implantação de áreas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), ele tem produzido alimento suficiente para seu rebanho e até para ajudar vizinhos.
A propriedade de Jorge sedia uma das Unidades Demonstrativas (UDs) do projeto “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro”. O produtor conta como o trabalho teve início. “Esse projeto foi nascido em 2019, em Sete Lagoas, junto com a Embrapa, a Emater e a parceria com a prefeitura. Nós tivemos palestras lá na Embrapa e foi decidido colocar UDs nos municípios que aceitassem uma parceria para incentivar os produtores sobre como tratar do gado na época da seca com silagem de sorgo. Eu implantei aqui e estou satisfeito. Tive como manter o gado sem precisar comprar ração e ainda passei para os outros amigos meus que ficaram precisando”.
Na safra 2019/2020, além da produção de sorgo para silagem em sistema ILP, também foi feito o cultivo de milheto para ração em integração com capim Massai. Após a colheita do milheto, o produtor ficou com a pastagem formada e tem recebido orientações dos profissionais da Emater-MG para fazer o manejo adequado da área. “A gente vem com essa tecnologia e com a Emater dando assistência, visitando, passando como é que tem de usar, o ponto de pôr o gado e de tirar o gado da pastagem”, conta Jorge.
Na safra 2020/2021, foram implantados dois hectares de ILP com cultivares desenvolvidas pela Embrapa, sendo dois tipos de sorgo e dois de capim (sorgo BRS 658 e BRS Ponta Negra, capim BRS Quênia e BRS Piatã).
“Nessa área de dois hectares, estima-se que vamos colher em torno de 100 toneladas de silagem. Isso faz com que o produtor não precise sofrer com a alimentação do rebanho no período seco do ano”, afirma Ismael Mansur Furtado, que é coordenador técnico regional de pecuária da Emater-MG.
Paulo Deniz Oliveira, extensionista local da Emater-MG, faz o acompanhamento da propriedade e conta que ocorreu uma mudança na realidade do produtor. Além disso, o projeto busca expandir os benefícios para toda a região. “O principal propósito desse trabalho é socializar o conhecimento de tecnologias inovadoras. É um jeito diferente de fazer. Aqui, com a recuperação de pastagem, estamos trazendo uma tecnologia mais aperfeiçoada e a intenção é levar essa tecnologia ao conhecimento de todos os produtores ou, pelo menos, da maioria dos produtores aqui do semiárido”.
Parcerias
O projeto “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro” é coordenado pela Embrapa Milho e Sorgo e conta com uma rede de parcerias, que envolve Emater-MG, Anater, Senar, Sebrae, Epamig, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, sindicatos rurais e os consórcios de municípios das três regiões atendidas: Ameje (Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Jequitinhonha), Comar (Consórcio Público Intermunicipal Multifinalitário do Alto Rio Pardo) e Nova Ambaj (Nova Associação dos Municípios da Microrregião do Baixo Jequitinhonha).
Fonte: Embrapa