Dependendo da época do ano e da região de cultivo, várias espécies de pulgões podem ocorrer nas culturas de inverno como trigo, aveia, centeio, cevada, triticale e outras gramíneas. As espécies mais comuns são o pulgão verde dos cereais (Schizaphis graminum), o pulgão do colmo do trigo ou pulgão da aveia (Rhopalosiphum padi), o pulgão da folha do trigo (Metopolophium dirhodum) e o pulgão da espiga do trigo (Sitobion avenae) (Pereira et al., 2012). Os pulgões são insetos pequenos que medem 1,5 a 3,0 mm, de corpo mole e piriforme, e apresentam coloração geralmente verde, com diferentes tonalidades dependendo da espécie.
Figura 1. Pulgões que atacam o trigo e demais culturas de inverno: a) pulgão verde dos cereais; b) pulgão do colmo do trigo ou pulgão da aveia; c) pulgão da folha do trigo; d) pulgão da espiga do trigo; e) pulgão preto; f) pulgão do milho.

Na cultura do trigo, tanto pulgões jovens (ninfas) como adultos sugam as plantas, causando danos desde a emergência até o momento em que os grãos estejam completamente formados (grão em massa). Estas perdas no rendimento de grãos podem ser ocasionadas diretamente (sucção da seiva) e/ou indiretamente, uma vez que os pulgões são vetores do Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC), agente causal de uma virose que reduz o potencial de produção do trigo. Além disso, as espécies S. graminum e R. padi produzem um dano adicional, causado pela toxidez da saliva, provocando clorose, secamento de folhas e até morte de plântulas (Salvadori et al., 2006).
Figura 2. Pulgões na cultura do trigo.

A fauna de afídeos conhecidos pelo mundo já atingiu um total de 5000 espécies descritas, distribuídas em 510 gêneros (Blackman e Eastop, 2016). Os pulgões desenvolvem-se e multiplicam-se rapidamente, especialmente sob temperaturas amenas entre 18 a 25°C e em períodos de pouca chuva. O ciclo de vida desta praga é muito curto, sendo capaz de completar uma geração a cada semana e originar até 10 ninfas/fêmea/dia (Salvadori et al., 2006).
O crescimento rápido e exponencial desta praga se deve ao modo de reprodução. Segundo Ilharco (1992), estes insetos pode se reproduzir de duas formas: sexuadamente ou através de partenogênese telítoca, ou seja, fêmeas colocam ovos que originam somente fêmeas sem a necessidade de machos para a cópula. Dessa forma, uma fêmea sozinha é capaz de originar uma nova colônia e, como se reproduzem muito rapidamente, podem formar numerosas colônias em um curto espaço de tempo.
O desenvolvimento dos pulgões passa por quatro ecdises (mudas) em um período aproximado de 10 dias, e sua reprodução por partenogênese telítoca gera aproximadamente 80 indivíduos por fêmea (Gallo et al., 2002). Todas as espécies conhecidas são ciclicamente partenogenéticas, isto é, sazonalmente alternam entre uma ou várias gerações em que os ovos não fertilizados se desenvolvem em fêmeas, e uma geração sexual em que ovócitos devem ser fertilizados por um espermatozoide para gerar tanto fêmeas quanto machos.
Os pulgões iniciam seu ataque em reboleiras, a partir da colonização inicial feita por formas aladas do inseto e posterior dispersão na área. A importância do controle de pulgões logo no início do desenvolvimento das plantas baseia-se na necessidade de garantir o bom desenvolvimento da cultura e, principalmente, evitar a transmissão de viroses. Além do mais, diante do exposto sobre a alta capacidade de reprodução desta praga, é importante que o manejo de controle seja realizado no início da infestação, o qual deve ser avaliado por inspeções semanais da lavoura, amostrando-se aleatoriamente locais na bordadura e no interior das áreas.
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referências:
BERÇOT, Filipe Faria; DE BRZEZINSKI PRESTES, Maria Elice. o Enigma do pulgão. Histórias das ciências, epistemologia, gênero e arte: ensaios para a formação de professores, p. 11, 2017.
BLACKMAN, R. L.; EASTOP, V. F. Aphids on the world’s plants: An online identification e information guide. 2016.
FERREIRA, Italo Juan Lima. Controle do pulgão verde com extrato foliar de nim. 2019.
GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: Ed. Agronômica Ceres, 2002. 920p.
ILHARCO, Fernando Albano. Equilíbrio biológico de afídeos. 1992.
PEREIRA, PRV da S. et al. Pragas iniciais que comprometem até o fim. Embrapa Trigo-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2012.
SALVADORI, José R.; PEREIRA, PRV da S.; VOSS, Márcio. Controle biológico de pragas do trigo. Embrapa Trigo-Capítulo em livro científico (ALICE), 2006.