As plantas daninhas em áreas de cultivo representam um dos principais problemas, resultando em grandes prejuízos de produção em diferentes culturas agrícolas. Entre as espécies de plantas daninhas que se destacam como mais problemáticas, devido ao elevado potencial competitivo, encontram-se àquelas pertencentes ao gênero Conyza.
O gênero possui aproximadamente 60 espécies distribuídas em quase todo o mundo, conforme apontam Inacio & Monquero (2013). As plantas deste gênero são conhecidas popularmente como buva, as quais apresentam elevada capacidade de adaptação, permitindo sua ocorrência em diversas condições edafoclimáticas. No brasil, as espécies que mais se destacam por seu caráter invasivo são a Conyza canadensis, Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis (HRAC-BR, 2024).
As plantas de buva (Conyza spp.) são anuais e apresentam um hábito de crescimento ereto, capazes de produzir uma grande quantidade de sementes, podendo atingir mais de 200 mil sementes por planta. No caso da C. sumatrensis, esse número pode chegar a 350 mil sementes produzidas durante o ciclo da planta (Albrecht & Albrecht, 2021). Além disso, Gazziero et al. (2015), destacam que as espécies do gênero Conyza são fotoblásticas positivas, o que significa que necessitam de luz para germinar.
O pico de germinação da buva pode variar de acordo com o regime hídrico e a temperatura do ambiente. Em alguns casos, esse pico é observado nos meses de julho e agosto, período em que se recomenda iniciar o controle, coincidindo frequentemente com a colheita das culturas de inverno. No entanto, é possível observar a germinação da buva em diversas épocas do ano, indicando sua capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas (Gazziero et al., 2020).
A identificação no campo das diferentes espécie do gênero Conyza é considerada muito difícil, devido à possibilidade de ocorrer cruzamentos entre as diferentes espécies, dificultando ainda mais esse processo. Gazziero et al. (2015) destacam que para a identificação das diferentes espécies, deve-se levar em consideração várias características em detalhes. A principal diferença entre as espécies é a inserção das inflorescências e as margens das folhas, embora outras caracteristicas morfológicos também possam ser considerados na identificação (HRAC-BR,2024).
Figura 1. Principais diferenças morfológicas entre as plantas do gênero Conyza.

A Conyza bonariensis, de acordo com Moreira & Bragança (2010), é caracterizada por um caule cilíndrico, muito enfolhado, de coloração verde e pouco ramificado, podendo surgir alguns ramos próximos ao ápice do caule principal. Suas folhas simples e desprovidas de pecíolos, são alternadas e helicoidais, apresentando um limbo longo lanceolado, com predomínio de margens inteiras. A inflorescência é terminal do tipo cacho de capítulos.
Os capítulos globosos e pedunculados, são cercados por brácteas verdes, que protegem as flores femininas localizadas nas margens, enquanto as flores hermafroditas ocupam o centro. Durante a maturação, as brácteas se rompem para liberar os frutos. O fruto do tipo aquênio, é coroado por um tufo de pelos sedosos. O autor destaca que a identificação dessa espécie pode ser realizada no campo pela observação de suas folhas longo-lanceoladas com margem inteira, pela posição da inflorescência nos ramos e pelos capítulos globosos.
Figura 2. Conyza bonariensis.

A Conyza canadensis, por outro lado, destaca-se por possuir um caule anguloso de coloração verde, desprovido de ramificações, densamente folhado e coberto por uma pilosidade velutina. A coloração do caule pode variar, exibindo uma pigmentação avermelhada que pode ser mais ou menos pronunciada. Suas folhas, simples e alternadas de disposição helicoidal, são longo-lanceoladas e não possuem pecíolo. As folhas localizadas na base da planta apresentam margens recortadas de forma irregular, enquanto as folhas nos eixos da inflorescência são lineares, lanceoladas e com margens inteiras.
A inflorescência é do tipo cacho de capítulos, com capítulos pedunculados cercados por brácteas esverdeadas dispostas em um arranjo apertado, as quais se abrem durante a maturação para liberar os frutos do tipo aquênio, caracterizados pela presença de uma coroa de pelos. As flores dos capítulos são branco-amareladas e de sexo separado, sendo as dispostas nas margens femininas e as centrais hermafroditas. A semelhança com C. bonariensis é perceptível, mas uma característica diferencial é observada nas folhas de C. canadensis, que são longo-lanceoladas com margens recortadas de forma irregular, enquanto em C. bonariensis, as folhas também são longo-lanceoladas, mas com margens inteiras. A propagação ocorre principalmente por meio de sementes (Moreira & Bragança, 2010).
Figura 3. Conyza canadensis.

A Conyza sumatrensis, por sua vez, apresenta forma piramidal, no entanto, a haste principal apresenta maior pilosidade comparado a C. canadenses (Gazziero et al., 2015). A buva destaca-se por sua elevada adaptabilidade, agressividade, ampla distribuição geográfica, o que, aliado à sua alta capacidade de propagação e diversidade genética, representa um desafio com relação ao seu controle. Além disso, a preocupação aumenta devido aos casos de resistências múltiplas à diversos mecanismos de ação de herbicidas (Albrecht & Albrecht, 2021).
Figura 4. Conyza sumatrensis.

A buva teve sua importância aumentada nos últimos anos, infestando lavouras de grandes culturas, como a soja e milho. A presença de apenas 2,7 plantas m-2 de C. bonariensis pode resultar em perdas de 50% na produtividade da soja, enquanto uma única planta m-2 de buva pode acarretar perdas que variam entre 12% e 14,6%. Na cultura do milho, a ausência de controle de espécies do gênero Conyza, pode resultar em perdas de até 92% na produtividade (HRAC-BR,2021).
Diante desse cenário, é importante o monitoramento regular das áreas de cultivo, identificando corretamente as espécies presentes, principalmente devido aos casos de resistências. O manejo de plantas daninhas deve ser uma prática contínua ao longo de todo o ano, preconizando estratégias que reduzam as sementes presentes no banco de sementes, bem como a implementação do manejo integrado.
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Referências:
ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P. MAPEAMENTO DA BUVA (Conyza spp.) COM RESISTÊNCIA A HERBICIDAS. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, HRAC- BR, informe técnico, v. 2, n. 6, 2021. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1z8bw67vkeWifv-QhU1aIUqSu-sQe0O7T/view >, acesso em: 02/02/2024.
GAZZIERO, D. L. P. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, ed. 2. Londrina – PR, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126196/1/manual-de-identificacao-de-plantas-daninhas.pdf >, acesso em: 02/02/2024.
GAZZIERO, D. L. P. et al. PLANTAS DANINHAS E SEU CONTROLE. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 11. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 02/02/2024.
HRAC-BR. Conyza spp. (BUVA): CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS DA PLANTA DANINHA. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, HRAC-BR, 2021. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/conyza-spp-buva-conhe%C3%A7a-as-caracter%C3%ADsticas-da-planta-daninha >, acesso em: 02/02/2024.
HRAC-BR. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE ESPÉCIES DE Conyza. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, HRAC-BR, 2024. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/principais-diferen%C3%A7as-entre-as-esp%C3%A9cies-de-conyza >, acesso em: 02/02/2024.
INACIO, E. M.; MONQUERO, P. A. CONTROLE QUÍMICO E CARACTERIZAÇÃO DA SUPERFÍCIE FOLIAR DE Conyza bonariensis e C. canadensis (ASTERACEAE). Revista Brasileira de Herbicidas, v. 12, n. 3, p. 220-231, 2013. Disponível em: < https://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/download/233/pdf_3 >, acesso em: 02/02/2024.
MOREIRA, H. J. C.; BRAGANÇA, H. B. N. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS INFESTANTES: CULTIVOS DE VERÃO. Campinas – SP, 2010. Disponível em: < https://www.fmcagricola.com.br/Home/BaixarMaterial/18 >, acesso em: 02/02/2024.
RIZARDI, M. A. PLANTAS DANINHAS: BUVA. Up. Herbologia, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://upherb.com.br/int/buva >, acesso em: 02/02/2024.
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