Algumas plantas daninhas se destacam em algumas regiões de cultivo em função das condições ambientais e de adaptabilidade, fazendo com que expressem preocupante papel no sistema agrícola, especialmente em meio a culturas anuais como a soja. Uma dessas plantas daninhas é a Spermacoce verticillata, popularmente conhecida como vassourinha-de-botão.
Essa planta daninha tem demonstrado preocupante participação nos sistemas de cultivo agrícolas, especialmente no Centro-Oeste brasileiro. A vassourinha-de-botão, é considerada uma espécie nativa da América Tropical, que apresenta características como ciclo perene, além de reprodução por sementes e sistema radicular pivotante. Além disso, essa planta daninha é considerada muito rustica, capaz de tolerar solos ácidos e pobres (Fontes & Tonato, 2016).
Figura 1. Aspectos da inflorescência (A) e das folhas (B) de vassourinha-de-botão.
Assim como outras preocupantes plantas daninhas, a vassourinha de botão apresenta elevada habilidade competitiva, competindo com culturas como a soja por recursos como água, radiação solar e nutrientes do solo. Avaliando matocompetição de danos da vassourinha de botão na cultura da soja, Lourenço (2018) observou que a presença da vassourinha de botão infestando a soja, não só reduz sua fitomassa, como também a produtividade da cultura.
Conforme resultados obtidos pelo autor, cada planta de vassourinha-de-botão por m², pode ocasionar redução de 1,3 a 4,2 % na produtividade da cultura, sendo que, as perdas são ainda maiores à medida em que há aumento da densidade populacional dessa planta daninha. Supondo uma produtividade média de 3000 kg ha-1 e uma infestação de 1 planta m-2 de vassourinha-de-botão, ao longo do ciclo da soja, e considerando o mínimo de perda de 1,3%, as perdas de produtividade seriam de aproximadamente 40 kg ha-1, caso o devido manejo não seja realizado para o controle dessa planta daninha.
Figura 2. Produtividade da soja mantida em convivência com densidades de vassourinha-de-botão durante todo ciclo. Orizona, Goiás, 2017. y = -178,25x + 3767,5 R² = 0,8618.
Considerando o elevado impacto que a vassourinha-de-botão pode exercer sobre a produtividade da soja, é essencial garantir o controle eficiente e eficaz dessa planta daninha em meio a cultura da soja, possibilitando que, a cultura expresse seu potencial produtivo sem a interferência dessa planta daninha. Felizmente, atualmente não há relatos de casos de resistência da vassourinha de botão a herbicidas (Heap, 2023).
Contudo, sabe-se que há relatos da tolerância dessa planta daninha a herbicidas, em especial, ao glifosato (herbicida inibidor da EPSP’s). Analisando as resposta de diferentes populações de vassourinha-de-botão ao herbicida glifosato, Araújo et al. (2018) puderam constatar a tolerância de diferentes população de dessa planta daninha, ao herbicida glifosato, mais especificamente, a dose de 1500 g e.a. ha-1.
Embora diferentes alternativas de manejo possam ser adotadas para o controle da vassourinha-de-botão, práticas como a rotação de mecanismos de ação e a associação de herbicidas podem contribuir para o controle eficiente dessa planta daninha. Lourenço (2018) observou controle satisfatório da vassourinha de botão ao utilizar associações triplas como glyphosate + saflufenacil + imazethapyr; glyphosate + saflufenacil + carfrentazone; glyphosate + saflufenacil + flumioxazin; glyphosate + saflufenacil + 2,4-D e glyphosate + carfentrazone + flumioxazin.
Dentre os herbicidas com registro para o controle da vassourinha de botão, os principais princípios ativos são: Glufosinato de Amônio, Tiafenacil, Imazetapyr, Metribuzim + S-Metolacloro, Dibrometo de Diquate + Flumioxazina, Fomesafem + S-Metolacloro, Picloram-Trietanolamina + 2,4-D-Trietanolamina, Saflufenacil, Flumioxazina + Piroxassulfona, Diurom + Hexazinona, e o Glifosato. Vale lembrar que assim como a escolha do herbicida e dose, definir o ponto de controle é essencial para o manejo eficiente de plantas daninhas, sendo essas, normalmente controladas mais facilmente nos estádios iniciais do seu desenvolvimento.
Veja mais: Complexidade no manejo do Caruru (Amaranthus spp.)
Referências:
ARAUJO, L. S. et al. RESPOSTA DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE VASSOURINHA-BOTÃO (Spermacoce sp.) AO GLYPHOSATE. XXXI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2018. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/332448991_Resposta_de_diferentes_populacoes_de_vassourinha-botao_Spermacoce_sp_ao_glyphosate >, acesso em: 02/01/2024.
FONTES, J. R. A.; TONATO, F. ACÚMULO DE NUTRINETES POR VASSOURINHA DE BOTÃO (Spermacoce verticillata), PLANTA DANINHA DE PASTAGENS DA AMAZÔNIA. Embrapa, Circular Técnica, n. 54, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/143235/1/Circ-Tec-54-.pdf >, acesso em: 02/01/2023.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2023. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 02/01/2024.
LOURENÇO, M. F. C. MANEJO QUÍMICO DE VASSOURINHA-DE-BOTÃO (Spermacoce sp.) NA CULTURA DA SOJA. Dissertação de Mestrado, Instituto Federal Goiano Campus Urutaí, 2018. Disponível em: < https://sistemas.ifgoiano.edu.br/sgcursos/uploads/anexos_1/2019-02-06-11-32-38MARCOS%20FELIPE%20DE%20CASTRO%20LOUREN%C3%87O.pdf >, acesso em: 02/01/2024.
Fonte foto de capa: Moreira e Bragança (2010).
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