Um adequado posicionamento de herbicidas, fungicidas e inseticidas é crucial para a manutenção do potencial produtivo da soja. Durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, uma série de pragas, doenças e plantas daninhas podem interferir negativamente no crescimento e desenvolvimento da soja, reduzindo sua capacidade produtiva, além de depreciar grãos e/ou sementes.
Nesse contexto, um bom programa fitossanitário é essencial para a obtenção de boas produtividades de soja e manutenção da qualidade da soja produzida. Embora distintas alternativas possam ser empregadas para o manejo fitossanitário da soja, em escala comercial, a aplicação de inseticidas, herbicidas e fungicidas químicos é a estratégia mais utilizada em lavouras de soja.
Dentre os principais meios utilizados para a aplicação desses defensivos agrícolas, destaca-se a aplicação terrestre com implementos autopropelidos ou conjuntos tratorizados (figura 1).
Figura 1. Conjunto de pulverização trator/pulverizador de arrasto.

Ainda que seja considerado um método de pulverização eficaz, a pulverização terrestre apresenta algumas desvantagens, dentre as quais, uma das principais é o amassamento das plantas em função do tráfego do trator, pulverizador ou autopropelido.
Dependendo do dano, plantas amassadas podem reduzir significativamente a produtividade e/ou até mesmo morrer, reduzindo um dos principais componentes de produtividade da soja, o número de plantas por área. Nesse sentido, o amassamento de plantas de soja afeta diretamente a produtividade da cultura.
Qual a perda de soja por amassamento?
A perda de soja devido ao amassamento varia conforme o tipo de máquina ou equipamento utilizado para pulverização, a tecnologia empregada e o número de aplicações.
Equipamentos com barras de maior comprimento tendem a reduzir o amassamento, pois exigem menos tráfego na lavoura e proporcionam maior rendimento operacional nas aplicações. Da mesma forma, pulverizadores equipados com GPS minimizam as perdas ao otimizar o aproveitamento da área tratada. Além disso, o número de aplicações impacta diretamente o amassamento das plantas, sendo que, normalmente, quanto menor o número de pulverizações, menor o amassamento.
Estudos indicam que as perdas por amassamento na cultura da soja, decorrentes da aplicação terrestre de defensivos agrícolas, variam entre 4% e 7%, considerando de três a cinco aplicações durante o ciclo da cultura (Costa, 2017). A exemplo, para uma produtividade média de 60 sc ha⁻¹ (3.600 kg ha⁻¹) e uma taxa de amassamento de 5%, a redução na produtividade pode chegar a 3 sc ha⁻¹ (180 kg ha⁻¹), representando um impacto significativo na rentabilidade da cultura.
Entre as principais estratégias para minimizar essas perdas, destacam-se a aplicação aérea de defensivos agrícolas, o uso de pulverizadores com barras mais longas, o tráfego controlado de máquinas e o planejamento adequado das aplicações. Vale destacar que, embora a pulverização aérea elimine o amassamento, seu custo geralmente é superior ao da aplicação terrestre, o que deve ser considerado na escolha do método.
Na aplicação terrestre, um bom planejamento, aliado ao posicionamento correto dos produtos pode reduzir a necessidade de reentradas na área, contribuindo para minimizar o amassamento. Além disso, as condições de umidade do solo devem ser observadas, pois solos úmidos dificultam as pulverizações e aumentam a formação de rastros pelas máquinas.
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Referências:
COSTA, C. C. CUSTOS E BENEFÍCIOS DO SUO DA PULVERIZAÇÃO AÉREA DE AGROTÓXICOS NA AGRÍCULTURA. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 39, 2017. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1085336/1/BoletimPD39Custoebeneficio….pdf >, acesso em: 28/03/2025.