Durante o ciclo de desenvolvimento da soja, uma enorme variedade de doenças pode incidir sobre a cultura, reduzindo seu potencial produtivo ou até mesmo comprometendo a produtividade e qualidade dos grãos ou sementes em casos mais severos. Embora tenha-se convencionado que o manejo de doenças tenha maior importância após o fechamento das entrelinhas de cultivo, em virtude do desenvolvimento de melhores condições de umidade e temperatura para o surgimento de doenças, especialmente fungicas, é fundamental atentar para o manejo de doenças em soja, desde o início do desenvolvimento da cultura.
Segundo Godoy et al. (2019), alguns fungos como o causador da mancha-alvo (Corynespora cassiicola), podem permanecer vivos em resíduos culturais ou até mesmo em sementes de soja infectadas. Nessa situação, o fungo causador da doença pode estar presenta na área de cultivo desde a semeadura da soja, esperando condições adequadas para seu desenvolvimento e infecção das plantas.
Figura 1. Mancha-alvo em soja.

Além dessa, outras doenças como doenças de solo podem incidir sobre a cultura da soja no início do seu desenvolvimento. Segundo Henning et al. (2014), uma das principais é o tombamento e morte em reboleira de Rhizoctonia (Rhizoctonia solani), cujo principal sintoma é o estrangulamento da haste a nível do solo, em plântulas, causando sua morte.
Como principal consequência, tem-se a redução do estande de plantas, embora a soja apresente conhecida capacidade compensativa, em níveis mais elevados, a redução do estande de plantas pode resultar em drásticas perdas de produtividade. Para doenças como a Rhizoctonia, uma das principais estratégias de manejo é o tratamento de sementes com fungicidas.
Figura 2. tombamento e morte causado por Rhizoctonia (Rhizoctonia solani).

Tendo em vista que algumas doenças já podem estar inseridas no sistema de produção, e/ou podem ser inseridas no momento de semeadura, é essencial cuidados com a sanidade da soja logo nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura. Em vídeo, Caroline Wesp Guterres, Pesquisadora da CCGL, destaca que o período inicial do desenvolvimento da soja é fundamental para a determinação do primeiro componente de produtividade da cultura, “a população de plantas”.
Caroline explica que há diferenças entre as cultivares, sendo que algumas apresentam certa tolerância ou resistência a determinadas doenças. Essas características das cultivares devem ser levadas em consideração na determinação do manejo fitossanitário da cultura.
A pesquisadora destaca que em virtude da presença de patógenos na área de cultivo, o manejo fitossanitário deve ser iniciado antes mesmo do fechamento das entrelinhas de cultivo. Além disso, Guterres explica que mesmo em condições de elevado déficit hídrico, a primeira aplicação de fungicidas, utilizando produtos adequados, é essencial para a obtenção de boas produtividade de soja, podendo resultar num aumento de produtividade variando entre 4 a 12 sc.ha-1 dependendo do fungicida utilizado.
Além disso, Segundo Godoy et al. (2018), para doenças como a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi), uma das principais estratégias de manejo é a utilização de fungicidas preventivamente, corroborando as afirmações da pesquisadora Caroline Wesp Guterres, de que deve-se atentar para o manejo fitossanitário da soja ainda no início do desenvolvimento da cultura.
Veja também: Fungicidas em períodos de déficit hídrico – aplicar ou não?
Confira o vídeo com as dicas da Pesquisadora Caroline Wesp Guterres.
Inscreva-se agora no canal “Rede Técnica Cooperativa – RTC” clicando aqui!!!
Referências:
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2018/19: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 148, 2019.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA MANCHA-ALVO, Corynespora cassiicola, NA CULTURA DA SOJA, NA SAFRA 2018/19: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 149, 2019.
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS EM SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5. 2014.