Os principais biomas do Brasil têm sido atingidos por amplas queimadas estabelecendo um novo recorde com 68 mil focos de incêndio em agosto passado, sendo a pior marca desde 2010, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
Cana-de-açúcar
Um levantamento feito pela Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), entre 24 de agosto e 04 de setembro, sobre dos impactos dos incêndios que atingiram as propriedades rurais no estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil aponta a ocorrência de mais de 2,3 mil focos de queimadas desta cultura.
Como resultado, mais de 100 mil hectares queimados em áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana, representando um prejuízo estimado de cerca de R$ 800 milhões, tanto pelos efeitos dos incêndios na cana em pé e nas soqueiras, como na qualidade ruim da matéria-prima. “Isso, obviamente, causou impactos na produtividade desses produtores e também nos custos”, enfatizou José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana.
Vale ressaltar que o número de hectares queimados não contabiliza Áreas de Preservação Permanente (APP), reserva legal e pastagens.
Rebrota
Ainda de acordo com José Guilherme Nogueira, devido às perdas, a cana só vai conseguir rebrotar quando as chuvas chegarem e tiver água no solo. “Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de uma maneira mais tranquila”.
MAPA
No final de agosto deste ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou que está formatando uma linha de crédito específica para o replantio de cana-de-açúcar, por meio do remanejamento de recursos do Plano Safra.
O Brasil é maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e lidera as exportações globais no segmento sucroalcooleiro. Somente neste ano, as exportações de açúcar de cana em bruto registram mais de U$ 8,69 bilhões, o que representou um recorde histórico para o setor.
“Certamente teremos a necessidade de replantio e o crédito será um bom alento para os produtores de cana, que gastam, em média, R$ 13,5 mil para a eliminação da soqueira, da rebrota ruim e para a realização do plantio”, explica. “E, muitas vezes, os produtores não conseguem pagar isso em um ano, mas sim em duas ou três safras. Por isso, a linha de crédito irá ajudar”, completou José Guilherme Nogueira.
Governo de SP
O governo de São Paulo decretou, nesta semana, Estado de Emergência com 50 municípios, embora 317 seja o total de cidades atingidas com foco de incêndio naquele estado, que já registrou 480 mil hectares de áreas afetadas em 8.049 propriedades, gerando um prejuízo que deve ultrapassar R$ 2 bilhões, sendo o setor sucroenergético o mais afetado, mas atingindo também grãos e pecuária.
Fator Triplo 30
Sobre os riscos de novos incêndios, o secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, alertou para o fator triplo 30: temperaturas acima dos 30ºC, ventos acima de 30 km por hora e umidade relativa do ar abaixo de 30%. Ele adiantou que nos dias 13 e 14 deste mês os riscos de incêndio aumentarão, porque haverá ventos intensos.