O projeto de ampliação da produtividade gaúcha, que passa pela otimização de culturas de inverno, reuniu lideranças do setor produtivo e da indústria de proteína animal no dia 01/04. Promovido pela Farsul e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o encontro contou com a apresentação de resultados das pesquisas da Embrapa Trigo e Embrapa Suínos e Aves sobre oportunidades do uso de cereais de inverno em substituição ao milho na alimentação animal.
O Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, demonstrou análises de equivalência nutricional dos cereais de inverno visando suprir a escassez de milho na alimentação animal. Segundo ele, com a utilização de trigo é possível substituir até 100% do milho na ração animal. No uso do triticale, também é possível substituir totalmente o milho na suinocultura e em até 85% na ração avícola. “Os números no balanço nutricional são apenas um indicativo, já que podem sofrer ajustes na indústria, variando em função da fase de desenvolvimento dos animais, da mesma forma que os resultados dos grãos podem variar a cada safra”, explica Lemainski.
Ele mostrou, ainda, resultados no uso de cereais de inverno na pecuária, destacando que a alimentação à base de forragens, como pasto e silagem, pode representar um custo quatro vezes menor do que o uso de rações e concentrados.
Repercussão entre produtores e mercado
Um dos coordenadores do projeto, o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ex-ministro Francisco Turra, se empolgou com os resultados da Embrapa Trigo e a repercussão do projeto. “Essa ideia ganhou uma proporção incrível, com a adesão de muita gente. Hoje, além da alternativa viável do trigo, triticale, aveia e cevada na metade Norte, temos o milho nas terras baixas, viabilizado pela Embrapa Clima Temperado. A participação da Embrapa é fundamental para hoje estarmos mais próximos,” comemorou Turra.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, ressaltou a importância dos resultados em um momento de alta complexidade para a produção de aves e suínos no RS e SC, em razão da forte alta especulativa nos custos da ração animal. “”Este é um momento delicado para o setor produtivo e para o País. A alta histórica dos custos de produção se somam aos custos de manter o abastecimento em meio à pandemia, impactando os preços dos produtos para o consumidor. Por isto, este trabalho de buscas por insumos alternativos para a cadeia produtiva de proteína animal é fundamental e estratégico para a produção de alimentos,” analisa.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou o protagonismo gaúcho ao liderar o projeto que une as metades Norte e Sul do Rio Grande do Sul, distintas do ponto de vista da produção agropecuária, mas também Santa Catarina, por meio da FAESC. A próxima reunião do movimento está marcada para o dia 09/04, com a apresentação das alternativas indicadas pela Embrapa Clima Temperado, especialmente para melhor uso do inverno na Metade Sul do RS. Na sequência, será definida uma data para a apresentação das tecnologias da Embrapa Pecuária Sul.
Fonte: Embrapa com assessoria de informação da ABPA