Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
Apesar de os preços, por enquanto, se manterem elevados junto aos mercados da soja e do milho, é preciso destacar que a próxima safra de verão, que está sendo semeada, deverá resultar, na média, em rentabilidade menor aos produtores brasileiros. Isso ocorrerá devido ao efeito rebote do câmbio.
Ou seja, em um primeiro momento os preços dos produtos subiram fortemente, enquanto os custos realizados haviam sido bem menores. No segundo momento (safra nova), os preços estacionam (e até podem recuar), enquanto os custos de produção sobem significativamente (e continuarão subindo). Tudo porque tantos os produtos, quanto os insumos, possuem forte relação com o câmbio, em função de serem bens exportados e importados.
No caso da soja, em condições de produtividade normal, tomando-se o Rio Grande do Sul como exemplo, o preço médio no balcão, entre o final de setembro de 2020 e de 2021, subiu “apenas” 16,3%, passando de R$ 138,57 para R$ 161,11/saco. Já o custo de produção total da soja, segundo a Fecoagro, aumentou 48,3%, com o hectare passando de R$ 3.646,02 para R$ 5.408,23. Isso considerando uma produtividade média de 60 sacos/hectare.
É bom lembrar que, na safra passada, que foi recorde em volume, a produtividade média ficou em 57,2 sacos/hectare. Já no caso do milho, no mesmo período, a situação é melhor, porém, exige atenção, pois o preço médio de balcão em nosso Estado, nos 12 meses considerados, subiu 54,4%, passando de R$ 54,87 para R$ 84,71/saco. Por sua vez, o custo de produção total, calculado pela Fecoagro, está em R$ 7.653,15 por hectare, com um aumento nominal de 52,01% sobre a safra anterior.
A diferença é que a safra de milho passada foi frustrada em quase 50% no volume, fato que, se espera, não se repita neste ano, dando maior folga ao produtor. Ou seja, com os custos crescentes, e diante deste quadro de preços, mais ainda a estratégia de média de comercialização, a partir de um percentual de vendas antecipadas, nos parece importante para minimizar as perdas em rentabilidade. Lembrando que 2022 será ainda mais instável, devido as eleições nacionais e a pressão inflacionária.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).