O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado há pouco, não chegou a ser uma surpresa ao mercado, ao reduzir a safra e os estoques norte-americanos para a temporada 2020/21. Mas foi bastante positivo aos preços. “Com a queda na área no último relatório de plantio dos EUA, já era esperado um ajuste”, destaca o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, durante a Live de SAFRAS desta sexta-feira no Instagram.

Outro ponto positivo apontado por Élcio Bento é que a China deve retomar um bom ritmo de compras na próxima temporada. Como o Brasil vai precisar exportar como nunca, pois vai gerar um excedente de 2,3 milhões de toneladas de algodão em pluma, qualquer retomada chinesa é vista com bons olhos. “Vale ressaltar que, apesar da dependência chinesa, o Brasil também tem conseguido exportar bons volumes para países periféricos”, lembra. Ao todo, o país exportou para 51 destinos na temporada. “Mas é claro que os principais seguem sendo a China, o Vietnã, a Indonésia e a Turquia”, exemplifica.

O câmbio elevado tem mantido a competitividade brasileira no cenário internacional, com a cotação do dólar acima de R$ 5,00. “Se estivéssemos com a moeda norte-americana a R$ 4,00, o preço doméstico teria que cair muito para seguir competitivo. “Tudo isto é importante para não elevarmos ainda mais nossos estoques, que já subiram de 300/400 mil para 700 mil toneladas”, salienta. O consumo interno do Brasil, em virtude da pandemia do novo coronavírus, caiu ao menor nível desde a temporada 1984/85.

Mas não é só o Brasil que precisa exportar muito. “Os Estados Unidos necessitam negociar mais de 3 milhões de toneladas no mercado externo”, ressalta, já que o consumo interno é de apenas 600 mil toneladas, inferior, inclusive, ao brasileiro.

Fonte: Agência SAFRAS

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