As cotações do trigo, em Chicago, se recuperaram um pouco no final da corrente semana. O fechamento da quinta-feira (22) ficou em US$ 5,83/bushel, contra US$ 5,67 uma semana antes.
Segundo o Fórum Outlook do USDA, a área a ser semeada com trigo, nos EUA, neste ano, deverá recuar 5,2%, ficando em 19,02 milhões de hectares. Por sua vez, os EUA, na semana encerrada em 15/02, embarcaram 380.774 toneladas de trigo, ficando um pouco acima do volume mínimo esperado pelo mercado. Assim, o total embarcado no atual ano comercial soma 12,1 milhões de toneladas, estando 18% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.
Por outro lado, a Rússia continua pressionando as cotações internacionais para baixo diante da possibilidade de colher uma safra recorde de trigo em 2024. O novo volume chega, agora, a 93,6 milhões de toneladas. (cf. SovEcon) Ao mesmo tempo, a demanda está enfraquecida, fato que leva os estoques russos de trigo, no início do corrente ano, a registrarem um volume de 36,5 milhões de toneladas, chegando a níveis recordes. Estimativas dão conta de que, entre novembro e janeiro, os russos exportaram 10,4 milhões de toneladas do cereal, contra 12,3 milhões em igual período do ano anterior.
E no Brasil, os preços do cereal estão estáveis. A média gaúcha fechou a semana em R$ 62,00/saco, enquanto no Paraná os preços se mantiveram entre R$ 65,00 e R$ 66,00/saco.
O mercado nacional continua lento, pois os moinhos estariam abastecidos no médio prazo. Desde a virada do ano o mercado brasileiro do trigo se apresenta enfraquecido, com compras apenas pontuais por parte dos moinhos, ou seja, “da mão para a boca” no jargão do mercado. A tendência, por enquanto, é de que isso continue até meados de abril, embora haja leve melhora dos preços em algumas regiões do país.
Segundo Safras & Mercado, no Paraná o FOB interior chegou a R$ 1.280,00 por tonelada do trigo tipo 01, durante a semana. Esses preços já se aproximam da paridade de importação em relação à Argentina, que está por volta de R$ 1.290,00 por tonelada. No Rio Grande do Sul, para o trigo com um mínimo de 77 de PH, os preços ficaram entre R$ 1.180,00 e R$ 1.200,00 a tonelada, ou seja, entre R$ 70,80 e R$ 72,00/saco no FOB.
No fundo, o que tem sustentado as cotações nos atuais valores são as exportações. A programação de embarques, pelos portos brasileiros, atingiu a 2,9 milhões de toneladas até meados de março/24. Esse montante corresponde a um aumento de 112.000 toneladas quando comparado aos números fechados entre agosto/22 e março/23. O principal porto de origem é o de Rio Grande, com 2,2 milhões de toneladas (77% do total), seguido pelo de Imbituba/SC com 415.000 toneladas (14%) e Paranaguá/Antonina/PR com 263.000 toneladas (9%).
Em janeiro, no total dos Estados do Sul, foram registradas 972.000 toneladas, e em fevereiro (até o final da primeira quinzena) o volume chegava a 848.000 toneladas, sendo que para março estava em 127.000 toneladas. (Cf. Notícias Agrícolas) Lembrando sempre que o maior volume de trigo exportado pelo Brasil é de baixa qualidade, a partir da frustrada safra do ano passado, em particular no Rio Grande do Sul, o que explica o alto volume exportado pelo Estado. Além disso, mesmo em safras normais, pela dificuldade de competitividade no mercado interno, o trigo gaúcho tem sido, em boa parte, destinado ao mercado externo nos últimos anos.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).