A rotação de culturas e diversificação de cultivos são cada vez mais visadas como ferramentas na busca pela sustentabilidade dos cultivos agrícolas. A utilização de plantas de cobertura com diferentes finalidades, proporcionam ao sistema produtivo benefícios econômicos, físicos, químicos e biológicos ao solo, além de em alguns casos desempenhar funções excepcionais no controle de pragas como é o caso da crotalaria.

Segundo a nematologista Rosangela Silva da Fundação MT, o cultivo da crotalária reduz em até 80% a incidência de nematoides se bem manejada. Independente da espécie de crotalaria, as plantas atuam como agentes antagonistas aos nematoides fitopatogênicos do solo, reduzindo a taxa de reprodução da praga.

Áreas infestadas com nematoides podem comprometer a produtividade da soja, causando danos irreversíveis a planta, prejudicando seu crescimento e desenvolvimento. Em alguns casos a sobrevivência da planta é comprometida, geralmente os sintomas são visualizados em reboleiras, as plantas apresentam amarelecimento, porte baixo, murchamento nas horas mais quentes do dia e podem apresentar lesões no sistema radicular dependendo da espécie de nematoide que ataca a planta.

Figura 1. Sintomas típicos de ocorrência de nematoide em lavoura de soja.

Fonte: TMG – Lavoura afetada com nematoide do cista na soja

Além de auxiliar no controle da praga, por se tratar de uma planta leguminosa anual, a cortalaria apresenta uma grande capacidade de realizar a simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio, promovendo assim a captura do nitrogênio atmosférico e o deixando em formas assimiláveis pelas plantas. A baixa relação C/N da leguminosa proporciona sua rápida decomposição, e a mineralização dos resíduos culturas da crotalária disponibiliza o nitrogênio presente na sua biomassa ao sistema de produção, deixando-o disponível para a próxima cultura. Sendo assim a crotalária torna-se uma interessante ferramenta para a adubação de sistema, aumento o aporte de nitrogênio para a cultura sucessora.

Segundo Barreiros et al. (2017), a crotalária por si só já possui a capacidade de realizar a simbiose com bactérias fixadora de nitrogênio, entretanto, quando inoculada com estirpes de Rhizobium, a planta pode acumular cerca de 34 kg.ha-1 de nitrogênio, demonstrando a importante contribuição da planta ao sistema de produção. Conforme destacado por Araujo et al. (2010), a crotalária realiza um balanço de nitrogênio positivo, ou seja, sua “produção” de nitrogênio é maior do que a exportação da cultura para os grãos, sendo assim, mesmo em casos de colheita dos grãos, a crotalária contribui para o sistema com cerca de 40 kg.ha-1 de nitrogênio, deixando-o disponível à cultura sucessora.

Veja também: Uso de crotalária como alternativa no controle de nematoides

Entretanto, alguns cuidados necessitam ser tomados no manejo da crotalaria, sendo um deles o controle de plantas daninhas para evitar a matocompetição e evitar que plantas daninhas se desenvolvam e aumentem sua população na área de cultivo, prejudicando não só a cultura da crotalária mas também a cultura sucessora.

Em vídeo no Canal Soja Radar da Tecnologia o pesquisador da Embrapa Sidnei Cavalieri demonstra alguns resultados de estudos referentes a tolerância de espécies de cortalaria ao uso de herbicidas. Sidnei destaca que atualmente não há herbicidas especificamente registrados para a cultura da crotalaria, entretanto com a crescente expansão do cultivo, visto a importância da cultura na rotação de culturas, tornou-se necessário avaliar a tolerância da crotalária a herbicidas, para uso no controle de plantas daninhas.



Dentre as espécies avaliadas, Sidnei destaca que uma das que apresenta maior tolerância ao uso de herbicidas é a Crotalária spectabilis.

Figura 2. Seletividade de herbicidas em Crotalária spectabilis.

Adaptado: Soja Radar da Tecnologia.

Figura 3. Seletividade de herbicidas em Crotalária ochroleuca.

Adaptado: Soja Radar da Tecnologia.

Sidnei destaca que para a Crotalária ochroleuca o único herbicida que causou maiores sintomas de intoxicação às plantas foi o Clomazone, entretanto sem causar redução do estande de plantas.

Figura 4. Seletividade de herbicidas em Crotalária ochroleuca.

Adaptado: Soja Radar da Tecnologia.

Cabe destacar que embora não haja registro de herbicidas para o controle de plantas daninhas para a crotalaria, os resultados da pesquisa realizada por Cavalieri et al. (2019) são fundamentais para dar suporte no controle de plantas daninhas na cultura da crotalaria, visto que a adoção de plantas de cobertura e rotação de culturas são cada vez mais aderidas ao sistema produtivo.

Confira o vídeo abaixo onde os pesquisadores da Embrapa Sidnei Cavalieri e Gessi Ceccon abordam o manejo de plantas daninhas na entressafra.


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Referências:

ARAUJO, E. S. et al. BALANÇO DE NITROGÊNIO EM ÁREA DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE CORTALÁRIA-JUNCEA NAS CONDIÇÕES DA BAIXADA FLUMINENSE. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 66, 2010.

BARREIROS, R. B. et al.  RESPOSTA DE CROTÁLARIA À ESTIRPES FIXADORAS DE NITROGÊNIO. XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba, 2017.

FUNDAÇÃO MT. CROTALÁRIA REDUZ EM ATÉ 80% POPULAÇÃO DE NEMATOIDES, AFIRMA NEMATOLOGISTA. Fundação MT, disponível em: <https://www.fundacaomt.com.br/noticia/crotalaria-reduz-em-ate-80-populacao-de-nematoides,-afirma-nematologista>, acesso em: 28/08/2020.

 

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