A colheita avançou de 11% para 24% da área cultivada, acompanhando o término do ciclo fenológico das lavouras. A produtividade média está estimada em 2.240 kg/ha, com ampla variabilidade. Nas áreas a Oeste, foram registradas perdas que inviabilizam economicamente a colheita. Já em partes do Planalto e nos Campos de Cima da Serra, as produtividades estão próximas ao potencial das cultivares, ultrapassando 4 mil kg/ha, em cultivos beneficiados por precipitações regulares. Nas zonas críticas, observa-se aumento expressivo de demandas por cobertura do Proagro.
No Estado, o cenário predominante é de intenso amarelecimento das folhas, associado ao amadurecimento e senescência, indicando a conclusão do ciclo e a maturação em 43% das áreas, semeadas até a primeira quinzena de dezembro. Entretanto, em parte das lavouras, está sendo necessário realizar a dessecação pré-colheita para uniformizá-las, pois as condições climáticas, predominantemente secas e a ocorrência de chuvas irregulares, provocaram rebrotes, resultando em plantas com legumes verdes e secos simultaneamente. Essa desuniformidade pode dificultar a colheita e impactar negativamente a qualidade do produto, além de provocar descontos na comercialização. Outro fator que interfere na colheita são os grãos com umidade próxima a 13%; em algumas áreas, os níveis chegam até 7%, caracterizando extrema secura. Essa condição não apenas reduz os rendimentos, como também aumenta significativamente os danos mecânicos durante o processo de trilha.
A escassez pluviométrica em março poderá comprometer o potencial produtivo das lavouras em fase de floração e enchimento de grãos (35%), agravando a expectativa de redução nos rendimentos médios, já considerados baixos.
Em termos fitossanitários, na maioria das áreas, concluíram-se os tratamentos, embora alguns produtores insistam em aplicar fungicidas nos talhões de maior potencial produtivo, mesmo sob condições de baixa umidade relativa do ar, desfavoráveis à incidência de patógenos.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, o quadro das lavouras voltou a se agravar devido às chuvas escassas em março. As estimativas de perdas seguem crescentes, impactando também os cultivos de implantação mais tardia. Em Maçambará, 15% foram colhidos, com rendimentos extremamente baixos, alcançando no máximo 720 kg/ha. Em Manoel Viana, a colheita atingiu 10%, e as produtividades variam entre 500 kg/ha e 1.200 kg/ha. A estimativa de perdas foi elevada para 60%, principalmente nas lavouras implantadas em dezembro e janeiro. Em São Borja, o cenário é semelhante, com perdas estimadas em 55%. Em algumas áreas, o potencial produtivo está tão baixo que a colheita se torna economicamente inviável.
Na Campanha, as chuvas registradas em 22/03 apresentaram volumes variados. Porém, de forma geral, os acumulados foram insuficientes para aliviar o estresse hídrico das plantas em fase de formação de vagens e em início do enchimento de grãos, especialmente nas áreas implantadas a partir da segunda quinzena de dezembro.
Em Bagé, Aceguá e Hulha Negra, os cultivos que anteriormente demonstravam bom potencial produtivo apresentam redução de produtividade; estima-se decréscimo de até 300 kg/ha a cada semana, se não chover. Nas áreas semeadas até a primeira quinzena de dezembro, observa-se avanço acelerado da senescência. No entanto, em regiões com maior retenção de umidade, há plantas verdes, cujo peso de grãos das últimas vagens emitidas pode aumentar, caso ocorram precipitações nos próximos dias. Em Caçapava do Sul, 5% foram colhidos, mas as produtividades estão significativamente impactadas pela estiagem, variando de 420 kg/ha a 1.200 kg/ha.
Na de Caxias do Sul, a colheita avançou rapidamente, chegando a aproximadamente 15%. Contudo, muitos produtores estão enfrentando dificuldades para efetuar a operação devido à baixa umidade dos grãos (até 13%), resultando em menor peso e prejuízos econômicos. Nos Campos de Cima da Serra, apesar de pouco afetadas pela estiagem, as lavouras mais tardias, em fase de enchimento de grãos, começam a apresentar perdas, pois as chuvas de março foram insuficientes para suprir as demandas hídricas das plantas, comprometendo o potencial produtivo.
Na de Erechim, aproximadamente 50% das lavouras foram colhidas, e cerca de 40% estão em maturação. A produtividade média está próxima a 2.500 kg/ha, mas a insuficiência de chuvas em março ainda pode interferir negativamente os resultados. Os produtores, em expectativa de valorização dos preços, optam por reter a comercialização da produção colhida, mantendo-a armazenada em cerealistas e cooperativas.
Na de Federico Westphalen, 45% das lavouras estão em maturação, muitas de forma antecipada. Proporcionalmente, a colheita prosseguiu em ritmo célere e supera 30% colhidos. As estimativas indicam produtividade média de 2.750 kg/ha.
Na de Ijuí, a colheita avançou para 25% da área cultivada. Os rendimentos estão muito variáveis em função dos diferentes impactos da estiagem. No Noroeste Colonial, particularmente em Ijuí e arredores, e no Alto Jacuí (Ibirubá, Quinze de Novembro e Saldanha Marinho), as perdas são bem expressivas. Na Região Celeiro, a situação continua heterogênea: algumas lavouras mantêm as boas expectativas iniciais; em outras, registram-se perdas significativas.
Na de Passo Fundo, 15% das lavouras estão em formação de vagens e enchimento de grãos; 50% em maturação; e 35% colhidos. A produtividade estimada é de 2.552 kg/ha.
Na de Pelotas, 67% das áreas estão em enchimento de grãos, 10% em floração, 20% maduros e 3% colhidos. As chuvas esparsas e irregulares, registradas em 22/03 (máximo de 15 mm), contribuíram para manter a turgescência e a coloração verde nas lavouras em enchimento de grãos e floração.
Na de Santa Maria, a ausência de chuvas no último período agravou as perdas. Em municípios com grandes áreas cultivadas, como Capão do Cipó, Júlio de Castilhos, Restinga Seca, Santa Maria, Santiago, São Francisco de Assis, Toropi, Tupanciretã e Unistalda, as perdas de rendimento variam entre 40% e 75%. A colheita avançou para 20% da área semeada. Em Cachoeira do Sul, 6% foram colhidos, com produtividades entre 480 e 2.700 kg/ha. Em Tupanciretã, a colheita atingiu 20%; em São Francisco de Assis, 33%; e em Silveira Martins, Ivorá e Cacequi, 40%. A produtividade regional estimada é de aproximadamente 1.800 kg/ha.
Na de Santa Rosa, 1% das lavouras está em desenvolvimento vegetativo; 6% em floração; 39% em enchimento de grãos; 44% em maturação; e 10% colhidos. A produtividade estimada está próxima a 1.500 kg/ha, variando de 800 a 3.800 kg/ha, devido à irregularidade das chuvas e às diferentes épocas de plantio.

Paulo Sartori da Emater/RS-Ascar.
Embora as lavouras plantadas mais tardiamente tenham recebido boas precipitações, a falta de chuvas no período pode comprometer o potencial produtivo. Em áreas irrigadas, especialmente após a cultura do milho, a diminuição da disponibilidade de água nas barragens tem levado ao racionamento de irrigação para garantir produtividades razoáveis. Em Caibaté, nas primeiras áreas colhidas, a produtividade varia de 2.100 a 2.400 kg/ha em sequeiro e 4.200 a 4.800 kg/ha em áreas irrigadas.
Na de Soledade, 15% da área foi colhida. A maior parte das lavouras encontra-se em maturação fisiológica, e as demais estão em final de enchimento de grãos. Devido à escassez de chuvas, o processo de maturação foi antecipado, e a estatura das plantas ficou abaixo do normal. A colheita deverá ser concentrada entre o final de março e as primeiras semanas de abril.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 0,31%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 128,00 para R$ 127,60.
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Fonte: Emater RS