Como já comentamos por aqui, o agricultor brasileiro vive em constante suspense. Em cada época de definição de plantio, surgem as dúvidas do que e quanto plantar, diante dos problemas enfrentados na safra anterior. Mercado, clima, recursos, custos, tudo influi na hora das definições de plantio. Há um conceito generalizado de que o agricultor que vive do campo, não tem outra alternativa senão plantar. É verdade, mas dependendo da conjuntura do momento e dos resultados que obteve na safra anterior, pode ampliar ou reduzir suas áreas e produtos, para correr menos riscos.

Para o próximo plantio de verão, alguns problemas a mais deverão ser levado em conta. Custos elevados dos fertilizantes e demais insumos; perdas registradas com a estiagem e o receio que ela se repita, e ainda insuficiência e elevação dos custos de recursos para os financiamentos agrícolas. Os preços dos fertilizantes, dificilmente retornarão aos valores de safras anteriores até a época de plantio, já que precisam ser adquiridos bem antes, e quedas bruscas como na subida de preços, historicamente não acontecem.

Analistas de mercados dizem que para o agricultor, mesmo nos patamares atuais de custos de produção, os resultados da safra, ainda são compensadores. Isso porque os grãos também estão valorizados, portanto, embora não se obtenha os mesmos lucros da última safra, ainda são rentáveis. Essa afirmativa pode ser verdadeira para os grãos que são commodities agrícolas, ou seja, têm seus preços dolarizados. Mas em SC temos outros produtos importantes de consumo interno que não seguem essa premissa. Podemos citar o caso do arroz, feijão, frutas, pastagens para produção de leite, entre outros da área de hortaliças, que também demandam fertilizantes. Os custos de produção sobem e o mercado interno dos produtos não acompanham, e até regridem. Como ficará o resultado para o agricultor? Será que ele vai plantar mais, sem expectativa de rentabilidade?

Outro fator que deve influenciar no próximo plantio será a oferta de financiamentos com juros equalizados. O Plano Safra em vigor, apesar dos R$ 251 bilhões anunciados, foi insuficiente. Faltou recursos com juros compatíveis a atividade. Foram suspensas as liberações ainda no desenrolar da safra. E para o próximo plantio, vai ter recurso? E a que preço, já que os juros nesse ano estão maiores? Além disso, para o próximo plantio a necessidade será maior, pois os valores para implantar as lavouras mais que dobraram. Uma equação complicada e que caberá ao governo federal descascar esse abacaxi.

Também precisa ser revisto o valor que se considera para fins de enquadramento dos financiamentos dos pequenos agricultores no Pronaf, para poder usufruir de juros mais suportáveis.  A receita bruta do pequeno agricultor certamente será maior, afinal os custos de produção serão outros. Portanto, precisa ser pelo menos dobrado o valor máximo das receitas para poder obter a DAP. O governo vai atender isso? Se não fizer, alijará a grande maioria dos agricultores familiares desse benefício tradicional, que tem assegurado a permanência dos pequenos agricultores no campo, que em SC são mais de 90 por cento. As providências para definir o próximo plantio de verão deve ser a partir de agora.

Entidades representativas do setor, sindicatos, cooperativas, federações e organizações da classe já devem estar se mobilizando e juntos devem atrair os políticos para que na aprovação do novo Plano Safra, dedique atenção para esse e outros problemas que a próxima safra deverá enfrentar. E os agricultores devem ficar atentos para cobrar dos seus representantes.  Afinal este ano é eleitoral e será uma boa oportunidade para reprovarmos quem não estiver do nosso lado. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

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