O controle de plantas daninhas em pós-emergência de culturas como a soja é uma tarefa cada vez mais difícil e complexa em virtude da resistência desenvolvimento por plantas daninhas a herbicidas. Ainda que a soja RR (Roundup Ready) apresente resistência ao glifosato, fazendo com que esse seja o herbicida não seletivo mais utilizado no controle de plantas daninhas em pós-emergência da cultura, a ocorrência de casos de resistência tem reduzido a eficácia de controle proporcionada pelo glifosato, tornando necessário recorrer a velhas ferramentas de manejo.
Uma delas é o emprego do herbicida clorimuron (clorimuron-etílico), herbicida inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS), que compõe diversas formulações para uso na cultura da soja, tanto em pré quanto em pós-emergência. O clorimuron, transloca-se por toda a plana, através do xilema e floema, inibindo a ação da enzima acetolactase, responsável pela síntese dos aminoácidos essenciais valina, leucina e isoleucina (Adapar, 2023).
Poucas horas após a aplicação do herbicida, crescimento da planta é inibido, mas os sintomas de injúria demoram alguns dias para aparecer. Inicialmente ocasiona o amarelecimento e morte da gema apical e posteriormente de toda a planta interferindo na divisão celular. Em algumas plantas ocorre o encurtamento dos entrenós, em outras o espessamento na base do caule. O sistema radicular tem seu desenvolvimento prejudicado e há um encurtamento das raízes secundárias. Ocorre estagnação no desenvolvimento e a morte das plantas daninhas sensíveis em um período entre 7 e 21 dias (Adapar, 2023).
Figura 1. Estrutura molecular e propriedades físico-químicas do clorimuron-etílico.

Segundo Rizzardi (2023), no solo clorimuron é rapidamente adsorvido quando na sua forma neutra em pH baixo. Essa adsorção é maior na matéria orgânica do que nas argilas do solo. Por ser considerado um herbicida seletivo, também é possível realizar a aplicação do clorimuron em pós-emergência da soja para o controle de plantas daninhas.
Para um controle eficiente das plantas daninhas nas aplicações de clorimuron durante o ciclo da soja, as plantas daninhas de folhas largas (dicotiledôneas) devem estar no início do seu desenvolvimento (até 2 a 6 folhas) e a soja com no mínimo 3 trifólios (Rizzardi, 2023).
Embora algumas populações de espécies de plantas daninhas apresentem resistência simples e em alguns casos até múltipla ao herbicida clorimuron no Brasil (quadro 1), uma grande variedade de plantas de folha larga (desde que não resistentes) são controladas por esses herbicidas, contemplando espécies como Buva (Conyza sp.), Caruru (Amaranthus sp.), Corda-de-viola (Ipomoea sp.), Trapoeraba (Commelina benghalensis), entre outras das principais espécies infestantes da soja.
Quadro 1. Casos de resistência de plantas daninhas ao clorimuron no Brasil.

Sobretudo, é necessário analisar a presença de populações resistentes a herbicidas, sendo fundamental para tanto, avaliar o histórico da propriedade.
A exemplo da Buva, ainda que as espécies C. bonariensis e C. canadenses não apresentem relato de resistência ao clorimuron no Brasil, a espécie C. sumatrensis apresente resistência simples (Heap, 2011) e múltipla (Heap, 2011; 2017) ao herbicida, sendo necessário atentar para o uso do clorimuron nessas condições. Vale lembrar que o grupo dos herbicidas Inibidores da ALS é o grupo que apresenta maior crescimento global de casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas a nível mundial.
Figura 2. Aumento cronológico de plantas daninhas resistentes globalmente.

Contudo, quando empregado em associação a outros herbicidas e/ou no manejo integrado de plantas daninhas, o clorimuron pode assumir o papel de importante ferramenta de manejo. Apesar disso, visando o controle mais eficiente das plantas daninhas por esse herbicidas, é necessário atenção especial ao momento de aplicação, sendo essencial realizar o controle ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas daninhas.
A dose do herbicida a ser utilizada irá depender da concentração do ingrediente ativo e recomendação do fabricante do produto, podendo haver variação em função da formulação do produto e também espécie a ser controlada. Confira abaixo algumas das principais espécies de plantas daninhas controladas pelo clorimuron – etílico.
Tabela 1. Principais espécies de plantas daninhas controladas polo herbicida clorimuron – etílico.

Veja mais: Yellow flashing – entendendo a relação entre o glifosato e o Manganês na soja
Referências:
ADAPAR. CLORIMUROM NORTOX, 2023. Disponível em: < https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-10/clorimuromnortox.pdf >, acesso em: 06/02/2023.
DU PONT. CLASSIC®. Disponível em: < https://www.corteva.com.br/content/dam/dpagco/corteva/la/br/pt/products/files/DF-bula-classic.pdf >, acesso em: 06/02/2023.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2023. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 06/02/2023.
RIZZARDI, M. A. MANEJO QUÍMICO: CLORIMURON-ETÍLICO. Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2023. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/clorimuron-etilico >, acesso em: 06/02/2023.