O objetivo do presente trabalho foi de avaliar a variabilidade espacial e temporal da matéria orgânica do solo, fósforo e Potássio de NEOSSOLOS, após a inserção da cultura da soja, primeiramente com preparo convencional e posteriormente com cultivo mínimo.

Autores:  Higor Machado de Freitas1; Julio César Wincher Soares2; Pedro Maurício Santos dos Santos1; Daniel Nunes Krum1; Jéssica Saint Boff1; Gabriel Rebelato Machado1; Kauã Ereno Fumaco1

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

INTRODUÇÃO

O estudo da variabilidade espaço-temporal das propriedades químicas dos solos é de suma importância para a gestão conservacionista da paisagem. Um manejo inadequado do solo resulta na sua degradação (Leite et al., 2010).

A fertilidade do solo está diretamente ligada ao conteúdo de nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das culturas, de forma que estes, estejam disponíveis em quantidades necessárias para a nutrição vegetal; e essa disponibilidade é influenciada por propriedades químicas, físicas, biológicas e aos fatores climáticos (Lopes & Guilherme, 2007).

O objetivo do presente trabalho foi de avaliar a variabilidade espacial e temporal da matéria orgânica do solo, fósforo e Potássio de NEOSSOLOS, após a inserção da cultura da soja, primeiramente com preparo convencional e posteriormente com cultivo mínimo.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Santiago, com coordenas centrais UTM 705.589 E e 6.769.112 S (SIRGAS2000, zona 21 S).

Foram coletadas amostras de NEOSSOLOS numa área de 1,17 ha, com 52 pontos de prospecção, de uma malha multitemporal, com intervalos regulares de 15 m, na profundidade de 0,0 – 0,2 m.

Nas amostras coletadas determinaram-se os teores de matéria orgânica do solo (MOS) e fósforo (P), pelo método colorimétrico, já o potássio (K) foi determinado em espectrofotômetro de chama, conforme Tedesco et al. (1995).

Para locação dos pontos foi empregado um receptor GNSS (Global navigation Satellite System) Leica modelo Viva GS15, com dupla frequência (L1/L2) e disponibilidade de Real Time Kinematic (RTK).

A variabilidade espacial das variáveis foi avaliada pela análise estatística descritiva e por técnicas de geoestatística, utilizando o Sistema de Informações Geográficas ArcGIS® 10.5.1. O grau de dependência espacial (IDE) foi classificado conforme Cambardella et al. (1994).

Posteriormente, os mapas das diferentes propriedades químicas do solo foram gerados utilizando o interpolador de krigagem ordinária do ArcGIS® 10.5.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados referentes às análises descritivas da MOS, P e K apresentam distribuição normal, conforme Kolmogorov-Smirnov, ao nível de 1% de significância (Tabela 1).

A análise da estatística descritiva, da área com plantio convencional, revela que os valores da MOS possuem média de 2,54 %, considerado baixo. O P apresentou média de 5,33 mg/dcm3, sendo classificado como muito baixo, já o K demonstrou média de 0,35 cmol/dcm3, valor considerado alto (Tabela 1).

Tabela 1 – Análise estatística descritivas da matéria orgânica, fósforo e potássio de NEOSSOLOS, após a inserção da cultura da soja, primeiramente com preparo convencional e posteriormente, cultivo mínimo.

Nesta mesma área, após a introdução do cultivo mínimo, a MOS apresentou média de 4,05%, valor próximo do ideal que é 5,00%, conforme Kiehl (1979). Os teores de MOS obtiveram uma elevação significativa do plantio convencional para o cultivo mínimo, devido ao manejo do solo e aos resíduos culturais.

O P obteve média de 5,43 mg/dm³, classificado como muito baixo. Ocorreu um leve incremento nos teores deste elemento, após a inserção da cultura, e pode estar atrelado a adubação pré-semeadura.

Já o K demonstrou média de 0,89 cmol/dm3, valor considerado muito alto (Tabela 1). O incremento nos teores deste elemento, após a inserção da cultura com cultivo mínimo, pode estar atrelado a adubação pré-semeadura.

Na análise geoestatística do plantio convencional, para a MOS o modelo que melhor se ajustou foi exponencial, com um alcance de 170,26 m, e efeito pepita de 49,49. A dependência espacial foi classificada como moderada, com GDE de 52,42 %. O P se ajustou ao modelo gaussiano, com alcance de 28,84 m e efeito pepita de 0,37, perfazendo a dependência espacial forte, com um GDE de 13,84%. Por fim, o K ajustou-se ao modelo exponencial, com alcance de 66,85 m, efeito pepita de 0,02, com dependência espacial fraca (GDE de 83,40 %) .


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A análise geoestatística para o cultivo mínimo revelou que, para a MOS o modelo que melhor se ajustou foi gaussiano, com um alcance de 36,75 m, e efeito pepita de 0,00. A dependência espacial foi classificada como forte (GDE de 0,00 %). O P se ajustou ao modelo Stable, com alcance de 27,50 m, e efeito pepita de 0,00, culminando na dependência espacial forte (GDE de 0,00 %). Por fim, o K ajustou-se ao modelo circular, com alcance de 66,85 m, efeito pepita de 0,00, com dependência espacial forte (GDE de 12,26 %) .

Conforme a figura 1, relacionando os mapas de distribuição espacial no plantio convencional e no cultivo mínimo, das diferentes propriedades químicas dos solos, observa-se na paisagem que, o P variou do sentido sudoeste para norte, já o K variou no sentido sudoeste para leste e a MOS por sua vez, apresentou maior perda no cultivo mínimo.

Figura 1 – Mapas de distribuição espacial da matéria orgânica, fósforo e potássio de NEOSSOLOS, após a inserção da cultura da soja, com preparo convencional e posteriormente, com cultivo mínimo.

CONCLUSÃO

Foi observada a variabilidade espaço-temporal das propriedades químicas de NEOSSOLOS, após a inserção da cultura da soja, com preparo convencional e cultivo mínimo.

A inserção da cultura da soja, com cultivo mínimo, contribuiu para a redução nos teores de potássio, matéria orgânica e fósforo, apresentando incremento aos NEOSSOLOS.

As variáveis químicas apresentaram relações espaciais em sua distribuição na paisagem. A densidade amostral mostrou-se de grande importância para a predição acurada das variáveis.

REFERÊNCIAS

CAMBARDELLA, C.A. et al. Field-scale variability of soil properties in central Iowa soils. Soil Sci. Soc. Am. J., v. 58, p.1501-1511, 1994.

LEITE, L. F. C. et al. Soil organic carbon and biological indicators in an Acrisol under tillage systems and organic management in north-eastern Brazil. Australian Journal of Soil Research, v. 48, p. 258-265, 2010.

LOPES, A.S.; GUILHERME L.R.G. Fertilidade do solo e produtividade agrícola. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007, 1017p. 

CQFS. Manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre, SBCS. 376p, 2016.

TEDESCO, M. J. et al. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995. 147p.

Informações dos autores:  

1Acadêmico do Curso de Agronomia (a), Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das missões (URI), Santiago/RS;

² Professor Dr., Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das missões (URI), Santtiago/RS. 

Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS

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