Desde a implantação até a colheita, a cultura da soja pode sofrer ataques de diversas pragas. O conhecimento do impacto dos insetos na lavoura é essencial para que as ações preventivas e as técnicas de manejo sejam implementadas adequadamente. O monitoramento e reconhecimento das principais pragas, associados às ferramentas disponíveis para manejo integrado de insetos são aspectos fundamentais para a proteção da lavoura. ­


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Os corós, são insetos subterrâneos que na fase larval se alimentam de raízes, de sementes e de tecidos basais do caule das plantas. Esses insetos comumente apresentam ciclos anuais ou bianuais e têm se constituído como praga em diversas culturas como, soja, milho, trigo, pastagem e cana de açúcar. São espécies nativas, cuja importância econômica cresceu a partir dos anos 80.

Na cultura da soja, os danos ocorrem com maior intensidade a partir do mês de dezembro, onde as plantas atacadas se apresentam, primeiramente, amareladas e com desenvolvimento retardado decorrente do consumo do sistema radicular pelas larvas. Posteriormente, com a alimentação progressiva das raízes, as plantas podem morrer.

 Esses sintomas comumente ocorrem em reboleiras, mas podem chegar a causar até 100% de perdas na produtividade, ou então apresentarem, por ocasião da colheita, uma redução no tamanho e consequentemente no número de vagens e grãos.


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Saiba mais sobre a praga

Os primeiros relatos de corós atacando a soja se deram a partir de 1985 no Paraná, gerando grandes prejuízos na cultura (Hoffmann-Campo et al., 1989), e em meados da década de 90 foram também relatados no cerrado do Brasil Central (Oliveira et al., 1997).

Nem todas as espécies da família Melolonthidae são prejudiciais aos cultivos. Existem espécies decompositoras, que têm papel fundamental na realocação de alguns nutrientes e na aeração do solo (Oliveira & Hoffmann-Campo, 2003). Os gêneros comumente danosos à cultura da soja no Brasil são Phyllophaga, Plectis e Liogenys, sendo P. cuyabana, P. capillata, Plectis sp. e L. fusca as espécies frequentemente relatadas causando danos significativos à cultura da soja (Oliveira, 2007).


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A espécie P. cuyabana (Moser) foi a primeira a ser relatada causando danos à cultura da soja na região Centro-Oeste do Estado do Paraná. Na safra 1988/1989, larvas do coleóptero causaram perdas de até 100% em lavouras do município de Boa Esperança, PR.

As espécies apresentam desenvolvimento holometabólico (ovo, larva, pupa e adulto) e são facilmente reconhecidas e diferenciadas. Adultos (besouros) diferem no tamanho e na cor. As larvas (corós) diferem no tamanho e pelo mapa de pelos e espinhos do ráster (região ventral do último segmento abdominal).

Os adultos são de coloração castanho escuro, com comprimento entre 1,5 e 2,0 cm. Os ovos são colocados isolados, geralmente, na camada superficial (3 a 10 cm) e as larvas são do tipo escarabeiformes, atingindo até 3,5 cm.

A fase larval, a qual representa cerca de 80% do ciclo de vida dessa praga, apresenta no primeiro instar cerca de um cm de comprimento, com duração média de 26,9 dias. O segundo e terceiro instar duram 34,4 e 80,8 dias em média, respectivamente, e as larvas podem medir até 3,7 cm no terceiro instar, variando de acordo com a espécie (Oliveira, 2007).


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Figura 1: Adulto (acima) e larva (abaixo) de Phyllophaga cuyabana.

Fonte: Revista Cultivar.

Danos

Os danos de corós na soja são causados pelo consumo de raízes ou até mesmo dos nódulos de fixação biológica de nitrogênio, acarretando-se redução na capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, ingredientes essenciais para o seu desenvolvimento.

Essa intensidade de danos é maior em plantas jovens de soja, cultivadas em solo de baixa fertilidade com camadas adensadas e em condições de déficit hídrico.

As plantas atacadas por corós apresentam, inicialmente desenvolvimento retardado, seguido por amarelecimento, murcha e morte, podendo esses sintomas ocorrer em reboleiras distribuídas irregularmente nas lavouras.


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Em condições de alta infestação de corós no solo, pode ocorrer até 100% de perda da lavoura, especialmente quando a presença de larvas mais desenvolvidas coincide com a fase inicial de desenvolvimento das plantas.

Figura 2: a) adulto, b) larva, c) danos de corós em soja.

Fonte: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira.

Estudos apontam que elevadas perdas de produtividade estão relacionadas à densidade populacional da praga, estágio larval e a idade da planta. E os maiores prejuízos são observados quando ocorrem altas populações de corós, e quando há sincronismo da semeadura da soja com a ocorrência de larvas no segundo e/ou, terceiro instar, que são os estágios mais vorazes da praga (Oliveira, 2007).

Além disso, os efeitos dos danos no sistema radicular e a consequente interferência na produção de grãos podem ser intensificados sob condições de solos pobres, com camadas de compactação, ou sob condições de veranicos em épocas críticas.

A alimentação das larvas acaba ocasionando o enfraquecimento do sistema radicular e, consequentemente, tombamento e morte das plântulas. O número de plantas mortas por metro linear pode variar de acordo com a época de semeadura, com a população e com a quantidade de larvas na área.


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Geralmente, a morte de plantas acontece quando o ataque ocorre no início do desenvolvimento. Em muitos casos, as larvas já estão presentes na área antes da semeadura. Os adultos não chegam a causar prejuízos, pois ingerem pequenas quantidades de folhas.

As plântulas destruídas, muitas vezes são puxadas para dentro do solo ou secam e morrem pela falta de raízes, ou ainda originam plantas adultas pouco produtivas.

O nível de dano para esse inseto ocorre a partir de 5 larvas.m-2, onde deve-se realizar o controle.



Manejo e controle da praga

Para o manejo dos corós é fundamental que seja feito o monitoramento periódico das áreas, tanto no inverno como no verão, visando identificar o início e a evolução das infestações.

O controle biológico (entomopatógenos e agentes entomófagos) e condições ambientais desfavoráveis, como longos períodos sob excesso ou escassez de umidade do solo, são fatores que isolada ou conjuntamente podem reduzir substancialmente a população de corós.

Os agentes de controle biológico natural de larvas de corós são nematoides, bactérias, fungos (principalmente Metarhizium e Beauveria spp.) e parasitoides da ordem Diptera. O preparo do solo com implementos de disco é uma alternativa de controle cultural da larva. Com essa prática, ocorre o efeito mecânico do implemento sobre as larvas, que possuem corpo mole e são expostas à radiação solar e a inimigos naturais, especialmente a pássaros.


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O controle químico pode ser feito no tratamento de sementes. Experimentalmente, a pulverização de inseticidas no sulco de semeadura tem-se mostrado viável no controle da larva.

Táticas como rotação de cultura, plantio antecipado e uso de armadilhas luminosas são apontados como eficazes na redução dos danos provocados pela praga (Oliveira et al., 1997; Costa et al., 2009). Entretanto, a adoção do controle químico através do tratamento de sementes e/ou, aplicação no sulco de semeadura tem sido as táticas mais utilizadas pelos sojicultores.



Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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