Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do milho em Chicago, apesar das oscilações durante a semana, praticamente fecharam estáveis esta quinta-feira (25). O primeiro mês cotado fechou o dia em US$ 5,46/bushel, exatamente o mesmo valor de uma semana atrás.

Os embarques por parte dos EUA, na semana encerrada em 18/03, foram elevados, atingindo a 1,96 milhão de toneladas, porém, ficaram dentro das expectativas do mercado. Em todo o ano comercial atual o país norte-americano já embarcou 32 milhões de toneladas de milho, 89% acima do exportado no mesmo período do ano passado. A China teria comprado mais 800.000 toneladas, somando 3,9 milhões de toneladas do cereal em março. Do total já comprometido de milho estadunidense, para a China, que é de 23,6 milhões de toneladas neste ano comercial, apenas 7,8 milhões foram embarcadas até o momento. Isso pode significar que não há urgência por milho no país asiático.

O quadro agora é de expectativa quanto a futura área a ser semeada nos EUA. A intenção de plantio sai neste próximo dia 31/03 e, como na soja, espera-se uma área maior em relação ao ano passado.

Na Argentina, a colheita do milho estaria em 8% da área, cujo total semeado chegou a 9,4 milhões de hectares. Na safra passada (ano comercial 2020/21, encerrado no final de fevereiro), a produção de milho atingiu a 58,5 milhões de toneladas. Para este novo ano comercial a expectativa é de uma safra entre 45 e 48 milhões de toneladas devido a problemas climáticos. Isso deve significar menos exportações do cereal por parte dos argentinos, exportações estas que atingiram a 36,5 milhões de toneladas no ano comercial passado (62,4% do total produzido).

Aqui no Brasil, os preços do milho se mantiveram relativamente estáveis, porém, bastante elevados quando comparados ao mesmo período do ano passado. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 77,77/saco, enquanto nas demais praças nacionais o produto oscilou entre R$ 70,00/saco em Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 92,00/saco em Itapetininga (SP). O CIF Campinas (SP) se manteve em R$ 96,00/saco. Já na B3 os contratos de milho na última quarta-feira giravam de R$ 94,23/saco para maio, até R$ 83,80 para setembro.



O plantio da safrinha nacional está quase finalizado (90% da área), com o total devendo bater no recorde de 14,2 milhões de hectares. Ao mesmo tempo a colheita do milho de verão chega ao final e nem por isso os preços diminuem. Na verdade, devido a problemas climáticos, particularmente no sul do país, a safra de verão será menor do que o esperado, sustentando os preços. Além disso, boa parte dos produtores estão segurando o produto, esperando preços ainda mais elevados já que a safrinha tende a entrar mais tarde no mercado, devido o atraso em seu plantio em grande parte das regiões produtoras.

Apesar de todos estes aspectos, analistas privados ainda apontam uma safra total final em 112,8 milhões de toneladas, enquanto organismos oficiais indicam algo entre 106 a 108 milhões de toneladas. Segundo Safras & Mercado, a área total com milho no Brasil, neste ano comercial, deverá crescer 6,2% sobre o ano anterior, para atingir a 20,75 milhões de hectares. Espera-se uma safrinha, agora, em 80,7 milhões de toneladas. Ora, se a safra de verão resultou em 21,6 milhões de toneladas, depois de contabilizadas as quebras climáticas, não há como o total nacional atingir a 112 milhões de toneladas. No máximo, a mesma chegaria a 103 milhões de toneladas, o que é pouco diante da demanda interna em crescimento e as exportações estimuladas pelo câmbio. Além disso, neste contexto, qualquer problema climático, no desenvolvimento da safrinha, deverá puxar os preços internos do milho ainda mais para cima a partir de agora.

Pelo lado da exportação, nos primeiros 15 dias úteis de março o Brasil registrou um volume de 292.954 toneladas de milho, ficando em apenas 35% do total exportado em fevereiro. Por enquanto, a média de embarques é 57% menor do que a média diária do mês passado e 9,1% menor do que a média diária de março 2020. O preço da tonelada exportada subiu para US$ 244,90, contra US$ 190,10 um ano antes.

Enfim, em termos regionais, no Mato Grosso a segunda safra de milho chegava a 98% da área a ser semeada, havendo atraso na mesma, fato que deve provocar perdas na produtividade média. (cf. Imea) Já no Paraná, conforme o Deral, 74% das lavouras de verão do Estado estavam colhidas em meados de março. Já a segunda safra de milho atingia a um plantio de 88% da área esperada. Enfim, em Goiás, mais de 70% da segunda safra já estaria semeada, com o preço médio do cereal batendo em torno de R$ 77,94/saco em meados de março. Mas também aqui há atrasos no plantio. Em Rio Verde, por exemplo, cerca de 40% das lavouras da safrinha deverão ficar fora da janela ideal de plantio.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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