O mercado brasileiro de soja teve em 2019 um ano atribulado, marcado por uma série de fatores que mexeram com as opções de comercialização. Mas o balanço para o produtor foi positivo, com boa rentabilidade.
“O ano foi novamente de desafios para o mercado, mas, assim como em 2018, foi um período de boa rentabilidade para o produtor e de margens um pouco apertadas para os consumidores dos subprodutos da oleaginosa”, explica o analista de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Roque.
A safra colhida neste ano terminou com problemas em alguns estados produtores do país. Apesar do plantio ter evoluído em ritmo recorde, a irregularidade das chuvas ao final de 2018 e início de 2019 em partes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste trouxe problemas importantes para as lavouras de algumas microrregiões, principalmente nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Estes estados tiveram perdas importantes em suas produções. Tal fato impediu a colheita de uma nova safra recorde no Brasil. SAFRAS estimou a produção brasileira em 119,3 milhões de toneladas em 2018/19.
Apesar de uma produção menor do que o esperado, o mercado apresentou ótimas condições de negociação para a ponta vendedora em 2019. A manutenção da guerra comercial entre EUA e China, com a falta de acordo ao longo do ano, assegurou uma demanda por exportação forte nesta temporada. Segundo SAFRAS, as exportações brasileiras deverão fechar 2019 em 72,5 milhões de toneladas.
Além disso, incertezas com relação à economia global aliadas a um ritmo ainda lento de recuperação na economia brasileira levou o câmbio a trabalhar acima do patamar de R$ 4,00 no segundo semestre do ano.
A menor disponibilidade de soja no país, somada a uma forte demanda interna e externa e a um dólar firme, culminou em preços em elevação para a soja brasileira. “Novamente vimos negociações acima do patamar de R$ 90 por saca nos portos do país. Os produtores aproveitaram também para antecipar vendas de grandes volumes da nova safra. Encerramos o ano com aproximadamente 40% da safra 2019/20 já negociada, percentual acima da média normal (em torno de 35%)”, aponta o consultor.
Nos subprodutos, a ponta compradora teve certa dificuldade com a elevação no preço dos insumos neste ano. “Apesar disso, a demanda crescente por exportação de carnes e o aumento na mistura do biodiesel foram pontos positivos que compensaram, em parte, o aumento nos custos”, completa o analista.
Perspectiva
Nesta sexta, a Agência SAFRAS está divulgando o balanço de 2019 para as principais commodities brasileiras. No próximo dia 3, será a vez da Perspectiva 2019, que será divulgada às 12hs e trará os principais pontos que merecerão atenção dos participantes do mercado para 2020.
Fonte: Agência SAFRAS