As cotações do milho em Chicago tiveram uma semana de alta, com o bushel do cereal, para o primeiro mês cotado (agora sendo julho) fechando o dia 16/05 (quinta feira ) em US$ 3,79, contra US$ 3,44 na semana anterior.

O milho praticamente não é atingido pelo litígio comercial entre China e EUA e tampouco pela crise da peste suína africana já que a China é grande produtora  e mantém enormes estoques do cereal.

Diante disso, pesa essencialmente sobre seus preços externos o comportamento do plantio nos EUA e as informações procedentes do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgadas no dia 10/05.

No primeiro caso, o atraso no plantio continua importante, sendo que até o dia 12/05 o mesmo atingia apenas 30% da área projetada, contra 66% na média histórica para esta
época do ano. Lembramos que a janela ideal de plantio do milho nos EUA se fecha em 31/05. Neste contexto, já há especulações de que a área com o cereal, nos EUA, venha a ficar abaixo dos 36,4 milhões de hectares, sendo transferida para a soja, cuja janela de plantio vai até o dia 15/06.

Quanto ao relatório de oferta e demanda, o mesmo indicou uma produção estadunidense em 381,8 milhões de toneladas, com estoques finais em 2019/20 ao redor de 63,1 milhões. Em ambos os casos bem acima do que será 2018/19. Com isso, o preço médio ao produtor de milho dos EUA, em 2019/20, deverá girar ao redor de US$ 3,30/bushel, contra US$ 3,50 no atual ano comercial e US$ 3,36 em 2017/18. Em termos mundiais, a produção global ficará em 1,13 bilhão de toneladas, com os estoques finais chegando a 314,7 milhões de toneladas. Estes estoques serão 3,4% menores do que os registrados no final do corrente ano comercial. A produção do Brasil alcançará 101 milhões de toneladas e a da Argentina 49 milhões. Espera-se que o Brasil exporte 34 milhões de toneladas em 2019/20.

Por outro lado, as vendas líquidas de milho por parte dos EUA, para o ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de setembro, somaram 287.600 toneladas na semana encerrada em 02/05. Tal volume ficou 60% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2019/20 o volume foi de 6.900 toneladas. No somatório dos dois anos o volume final ficou muito abaixo do que o mercado esperava.

Para complicar o quadro, o Vietnã anuncia que a peste suína africana também está atingindo o seu rebanho suinícola, com o país já tendo abatido 1,2 milhão de cabeças e a doença estaria sem controle.

Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB de milho fechou a semana na média de US$ 162,00 e US$ 104,50 respectivamente. E no Brasil, os preços continuaram recuando. O balcão gaúcho rompeu o piso dos R$ 30,00/saco, fechando a semana em R$ 29,91/saco. Já os lotes giraram entre R$ 32,00 e R$ 32,50/saco. Nas demais praças, os lotes ficaram entre R$ 22,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 34,00 em Itanhandu (MG), passando por R$ 33,50/saco em Videira (SC).

As notícias são baixistas, não havendo pressão para mudanças do quadro na medida em que a colheita da safrinha se aproxima. Ao mesmo tempo, os consumidores continuam comprando milho no Sudeste para repor estoques, sem grandes dificuldades. De forma geral, os únicos fatores de alta são o clima nos EUA, com a possibilidade de redução de área semeada naquele país, e a manutenção da desvalorização do Real, as quais estimulam as exportações brasileiras.

Santos e Paranaguá trabalharam com valores entre R$ 35,50 e R$ 36,00/saco, sendo que a cadência de exportação do milho brasileiro é o ponto mais importante daqui em diante. A partir da entrada da safrinha, em junho, a competição do consumo interno com o exportador gerará o ponto de equilíbrio para os preços no Brasil. Mas um suporte aos preços virá se nossas exportações realmente forem importantes no segundo semestre. (cf. Safras & Mercado).

Neste sentido, o anúncio de um avanço descontrolado da peste suína africana no Vietnã acaba sendo um banho de água fria ao mercado nacional do milho. Isso porque este país asiático é o principal importador do milho brasileiro. Diante disso, a semana termina com o mercado lento, sem nenhum interesse em assumir riscos, na expectativa da entrada da safrinha e do comportamento cambial na medida em que o Real voltou a se aproximar dos R$ 4,00 por dólar no final desta semana. Dito isso, por enquanto o viés continua sendo de baixa para os preços internos do milho.

Enfim, a colheita da safra de verão no Centro-Sul brasileiro, até o dia 10/05, atingia a 87% da área, contra 92% no ano anterior. Por sua vez, até meados de maio a comercialização da safrinha de milho atingia a 30%, contra 23% no ano anterior nesta época.

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CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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